quarta-feira, 24 de junho de 2015

O BOM COMBATE


Os apóstolos Pedro e Paulo tiveram o mesmo propósito de vida e chegaram e um mesmo fim, isto é, o martírio, por causa de Jesus Cristo. Pedro, natural de Betsaida na Palestina, morreu pregado numa cruz de cabeça para baixo, e Paulo, de Tarso na Turquia, foi decapitado. Esses dois fatos aconteceram na cidade de Roma, onde estão sepultados em basílicas diferentes.
Os dois apóstolos são considerados colunas ou alicerces vivos do edifício espiritual da Igreja. Cristo disse a Pedro: Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (Mt 16,18). Paulo de Tarso foi o grande missionário e comunicador da Palavra de Deus: “Homens de Israel e vós que temeis a Deus, escutai!” (At 13,16). Eles representam a instituição Igreja e sua missão no mundo.
Em vista disto, todo bispo diocesano tem a obrigação de ir a Roma, normalmente de cinco em cinco anos, para rezar uma missa na sepultura de Pedro, e outra, na de Paulo, pedindo pela sua diocese. É como estar buscando água na fonte, renovando os compromissos da Igreja diocesana a ele confiada.
Em culturas e tempos diferentes, o projeto de Deus tem que ser assumido com novo dinamismo, como opção de vida, superando o comodismo. O verdadeiro conhecimento e a prática da vida de Jesus passam pelo testemunho dos apóstolos. Só compreendemos quem é Jesus, compreendendo o real sentido de sua mensagem.
Com todas as fragilidades de uma instituição, a Igreja continua o bom combate enfrentando os ventos contrários ao bem comum e à dignidade da pessoa humana. Por isso, além do empenho a favor da família, o papa Francisco está preocupado com o meio ambiente, oferecendo uma reflexão contida na Encíclica Laudato Si, sobre o cuidado com a casa comum.
“Louvado seja, meu Senhor” é um grito contra a violência que está no coração das pessoas, violentando a natureza, fazendo-a gemer como que em dores de parto (Rm 8,22). Existe um clamor contra o mal e os abusos destruidores da casa, que é de todos nós.

Por: Dom Paulo Mendes Peixoto

Textos da CNBB



sábado, 20 de junho de 2015

MOMENTO COM A PALAVRA 21.06.15



+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 4,35-41
35Naquele dia, ao cair da tarde,
Jesus disse a seus discípulos:
'Vamos para a outra margem!'
36Eles despediram a multidão e levaram Jesus consigo,
assim como estava na barca.
Havia ainda outras barcas com ele.
37Começou a soprar uma ventania muito forte
e as ondas se lançavam dentro da barca,
de modo que a barca já começava a se encher.
38Jesus estava na parte de trás,
dormindo sobre um travesseiro.
Os discípulos o acordaram e disseram:
'Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?'
39Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar:
'Silêncio! Cala-te!'
O ventou cessou e houve uma grande calmaria.
40Então Jesus perguntou aos discípulos:
'Por que sois tão medrosos?
Ainda não tendes fé?'
41Eles sentiram um grande medo
e diziam uns aos outros:
'Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?'
Palavra da Salvação.
O evangelista São Marcos irá trabalhar em todo o seu evangelho com uma pergunta fundamental: “Quem é Jesus”? O grande objetivo da comunidade de Marcos, pelo qual esse evangelho foi escrito, é conhecer quem é Jesus. Na obra literária desse evangelho, especialmente nos primeiros capítulos, essa pergunta sempre vem a tona, até o momento em que Pedro na região de Cesaréia de Filipe responde que “Jesus és o Messias” (Mc 8,29). Quem é esse Jesus que a comunidade deseja se relacionar? É, sem dúvidas alguém que tem um poder extraordinário, a ponto de acalmar o mar, é alguém que tem o poder de transformar vidas, como afirma o Apóstolo Paulo na segunda leitura de hoje “portanto, se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo” (2Cor 5,17).
Realmente é uma passagem do evangelho muito cheia de elementos significativos para a reflexão hodierna. A imagem do mar com tudo o que ele representa no contexto bíblico, embora sujeito ao domínio de Deus, permanece como uma realidade cheia de mistérios e perigos, como sua profunda simbologia de vida e de morte. Neste mar Jesus deseja navegar com os seus discípulos e aqui não podemos deixar de citar o significado que apresenta na Bíblia a barca. Ou seja, é consenso em muitos estudiosos que a barca nos evangelhos pode ser comparada com a imagem da Igreja peregrina nos tempos e na história.

No evangelho de hoje Jesus parece que deseja sentir qual será a reação de seus discípulos ao enfrentarem as tempestades da vida. Ensinando-nos uma grande lição na liturgia de hoje. Jesus não deseja nada a mais do que suscitar a fé nos seus discípulos. Por duas vezes no final do relato aparece a expressão “medo”, a saber, aquilo que se opõe a atitude de fé nos evangelhos, “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” (...) “Eles sentiram um grande medo”. Caríssimos irmãos e irmãs o grande pedido do evangelho de hoje é confiar na presença de Jesus na nossa “embarcação”, percebendo que as dificuldades sempre aparecem, no entanto, podemos contar com a presença do Mestre na nossa embarcação.
   

quarta-feira, 17 de junho de 2015

MOMENTO COM A PALAVRA 17.06.15


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 6,1-6.16-18
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
1'Ficai atentos
para não praticar a vossa justiça na frente dos homens,
só para serdes vistos por eles.
Caso contrário, não recebereis a recompensa
do vosso Pai que está nos céus.
2Por isso, quando deres esmola,
não toques a trombeta diante de ti,
como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas,
para serem elogiados pelos homens.
Em verdade vos digo:
eles já receberam a sua recompensa.
3Ao contrário, quando deres esmola,
que a tua mão esquerda nóo saiba
o que faz a tua mão direita,
4de modo que, a tua esmola fique oculta.
E o teu Pai, que vê o que está oculto,
te dará a recompensa.
5Quando orardes,
não sejais como os hipócritas,
que gostam de rezar em pé,
nas sinagogas e nas esquinas das praças,
para serem vistos pelos homens.
Em verdade vos digo:
eles já receberam a sua recompensa.
6Ao contrário, quando tu orares,
entra no teu quarto, fecha a porta,
e reza ao teu Pai que está oculto.
E o teu Pai, que vê o que está escondido,
te dará a recompensa.
16Quando jejuardes,
não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas.
Eles desfiguram o rosto,
para que os homens vejam que estão jejuando.
Em verdade vos digo:
Eles já receberam a sua recompensa.
17Tu, porém, quando jejuares,
perfuma a cabeça e lava o rosto,
18para que os homens não vejam
que tu estás jejuando,
mas somente teu Pai, que está oculto.
E o teu Pai, que vê o que está escondido,
te dará a recompensa.
Palavra da Salvação.


O verdadeiro espírito de conversão quaresmal é aquele de quem não busca simplesmente dar uma satisfação de sua vida a outras pessoas para conseguir a sua aprovação e passar assim por um bom religioso, mas sim aquele que encontra a sua motivação no relacionamento com Deus e busca superar as suas imaturidades, suas fraquezas, sua maldade e seu pecado para ter uma vida mais digna da vocação à santidade que é conferida a todas as pessoas com a graça batismal, e busca fazer o bem porque é capaz de ver nas outras pessoas um templo vivo do Altíssimo e servem ao próprio Deus na pessoa do irmão ou da irmã que se encontram feridos na sua dignidade.

terça-feira, 16 de junho de 2015

MOMENTO COM A PALAVRA 16.06.15


 
MOEMNTO COM A PALAVRA DE DEUS

TERÇA-FEIRA 16.06.15

Mt 5,43-48


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 43“Vós ouvistes o que foi dito: “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo” 44Eu, porém, vos digo: “Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem” 45Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre os justos e injustos.
46Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? 47E se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? 48Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”.

O trecho do evangelho de hoje se encaixa dentro do sermão da montanha. Este discurso único nas Sagradas Escrituras colocado apenas no Evangelho de São Mateus. O contexto que envolve esse sermão diz respeito a uma multidão que cercava e desejava ouvir Jesus, o mestre, por sua vez, senta e começa o seu ensinamento.

A primeira parte desse extraordinário sermão se concentra nas famosas bem-aventuranças, como um programa de vida para os seguidores de Jesus. Logo em seguida, na continuidade do sermão, aprece o belo ensinamento sobre ser sal e luz. E por fim, Jesus entra no tema da lei como prerrogativa do Antigo Testamento. Esse trecho começa afirmando que Jesus não veio “abolir a lei, mas dar-lhe o seu pleno cumprimento”. Ora, depois dessas palavra introdutórias de Jesus, aparece o que poderíamos chamar de ‘elevação moral da prática concreta do discípulo seguidor de Jesus’, colocado no evangelho de hoje.

 No trecho do santo evangelho de hoje, Jesus está proferindo um discurso, no mínimo provocativo aos seus seguidores, discípulos e multidão. Talvez o grande desejo do Mestre seja uma elevação moral na vida de seus seguidores a partir daquilo que já fora colocado no Antigo Testamento. O texto é realmente provocativo, no versículo 47 aparece a expressão “O que fazeis de extraordinário”, é como se Jesus estivesse indagando, “se vocês vivem na mesmice, no marasmo, cultivando toda espécie de ódio, especialmente pelas ofensas, O QUE ESTÃO FAZENDO DE EXTRAÓRDINÁRIO”? O cristianismo pregado por Jesus é o cristianismo do extraordinário, é a religião que deve nos arrancar de nós mesmos, de nossas misérias e tentar algo novo, diferente, ousado. Tão diferente, tão ousado como amar os inimigos e rezar pelos nossos perseguidores.

O convite de Jesus é profundo e desafiador “Amai os vossos inimigos e rezai pelos que vos perseguem”. No evangelho de hoje, Jesus está te convidando, está nos convidando a substituir valores. Muito mais profundo do que a mentalidade da época que imagina amar ou perdoar como o restabelecimento de antigas relações de afeto, a Palavra de Deus pede algo mais profundo, a saber, retirar o sentimento de ódio dentro do teu coração e substitui-lo por amor, haja vista, o maior prejudicado com esse mau cultivo do ódio, ser você mesmo. Tirar a semente do ódio que prejudica somente a ti, substituindo por amor, benéfico primeiramente a ti.

A Palavra de Deus no dia de hoje tenta nos acalmar dizendo em outras palavras “não aflija teu coração, a ação contra os maus depende só de Deus e não de ti” pois esse “faz o sol nascer sobre maus e bons”. A tua atitude humana não pode ser mais de julgamento e sim uma atitude orante.

É o maravilhoso efeito psicológico desse evangelho, se pôr na atitude de rezar pelos teus perseguidores, e nessa atitude tu te alivias de tantas cargas desnecessárias. Se você ainda tem dúvidas de como isso é benéfico, faça o teste hoje mesmo, se você ainda sente dificuldades e não sabe como começar, que tal no dia de hoje na tua oração citar nomes em concreto e repetir a máxima expressão desse ensinamento colocada pelo próprio mestre no alto da cruz “Pai perdoa-lhes eles não sabem o que fazem”.

Um bom dia a todos. Fiquem na Paz de Deus

Pe. Felipe.   

quinta-feira, 4 de junho de 2015

SOLENIDADE DO SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO


A Eucaristia
O segundo sacramento principal depois do Batismo é a Eucaristia. Como reunião em nome de Jesus a ser celebrada sempre nova e sinal realizador de sua vinda sempre nova, ela constituiu o centro da vida sacramental da vida da Igreja e, simultaneamente, a representação simbólica mais clara do mistério cristão.
Em nenhuma manifestação da vida eclesiástica as mudanças ocorridas na Igreja nos últimos decênios foram mais perceptíveis que a Eucaristia. As mudanças na forma litúrgica (a mesa da Ceia passou a substituir o altar, ao invés de estarem com rosto voltado para o altar, os frequentadores da missa passaram a reunir-se em torno da mesa, a estranha linguagem litúrgica foi substituída pela língua do povo, em lugar da adoração da hóstia consagrada, a partilha do pão, etc.) e a nova nomenclatura (em vez de sacrifício da missa, Eucaristia; em vez de pré-missa, liturgia da Palavra; em lugar de fórmula da transubstanciação, o relato da instituição, em lugar do celebrante, o presidente da celebração, etc.)
Vamos buscar um pouco nessa reflexão os fundamentos bíblicos da Eucaristia. Comer e beber, atividades naturais do ser humano, conservam e fortalecem a vida e são, ao mesmo tempo , o contato primário com o mundo. Na alimentação necessária para a vida do ser humano se conscientiza de que a fonte da vida não reside nele mesmo e que receber é condição fundamental da existência. Além da mera função alimentícia de comer e beber, a maioria dos povos desenvolveu uma cultura em torno do cear: por meio de comer e beber em conjunto se representa e estabelece a comunhão. A estrutura básica do receber sugere mais outro conteúdo do cear: agradecimento ao criador como origem da vida e da comunhão da mesa. Dessa maneira a ceia também se torna sinal da comunhão com Deus.
Também no Antigo Testamento a ceia é sinal realizador de comunhão. Como por exemplo: tratados de paz e alianças são selados com comer e beber conjunto (Gn 14,18; 26,30).
Na aliança feita no Sinai (à qual aludem os relatos da instituição eucarística: Mc 14,24; Mt 26,28) o sacrifício está em primeiro plano: Moisés toma a metade do sangue dos bezerros sacrificados e asperge sobre o altar dos sacrifícios; depois lê o documento da aliança, e o povo concorda com os termos do documento; em seguida Moisés asperge a outra metade do sangue sobre o povo, dizendo: “este é o sangue da aliança que o Senhor [...] fez convosco” (Ex 24,8). Desse modo, nesse efetivação da aliança o sacrifício se associa com a ceia. Ambas as coisas unem com Deus: o sangue do sacrifício aspergido sobre o altar e o povo e a ceia dos anciãos, que por essa ocasião puderam ver a Deus.
Nas narrativas bíblicas a respeito da ceia sempre estão conjugados esse elementos: ceia, sacrifício e memória. “Em toda época, cada um tem o dever de considerar-se como se ele mesmo tivesse saído do Egito. [...] Por isso temos o dever de agradecer, enaltecer e louvar [...] aquele que realizou em nós (!) e em nossos pais todas essas maravilhas. Ele nos (!) tirou da escravidão e nos conduziu para a liberdade, do sofrimento para a alegria, do luto para a festa [...]” (Pes 10.5). O memorial do pesah, porem, não significa apenas atualização do passado, mas também uma esperança fundamentada nas experiências libertadores da história.
Dando um salto na nossa pequena reflexão nos encontramos com a ceia na pregação de Jesus. Com efeito, a comunhão da mesa é um ato simbólico de Jesus mais vezes referido nos evangelhos. Ele é entendido por amigos e inimigos. Para uns é um ato convidativo, para outros é motivo de escândalo e inimizade por causa dos comensais com os quais Jesus se envolve. “Ele se envolve com os pecadores e até come com eles” (Lc 15,2). Todas essas recriminações são pano de fundo para uma declaração pragmática “Eu não vim para chamar os justos, mas pecadores” (Mc 2,17). Jesus ao cear com os pecadores busca solidarização e reconciliação, além do mais, disposição para assumir riscos.
Na última ceia, com todo o ato da ceia em si, Jesus se entrega nas mãos dos discípulos, e isso no sentido duplo do doar-se e entregar-se. O pão que Jesus distribui no início da ceia, a exemplo de todo chefe de família judaica, e o cálice que ofereceu são, por assim dizer, sinal no sinal, símbolos reais concentrados da autodoação e autoentrega: “Tomai, isto é o meu corpo. [...] Isto é meu sangue” (Mc 14,22). “Corpo” e “Sangue” não significam elementos, e, sim todo o ser humano vivente, sendo que “corpo” lembra especialmente o eu concreto, e “sangue”, sobretudo a vida, o sangue derramada, porém a entrega da vida.  


Pe. Felipe