sábado, 24 de janeiro de 2015

O LIVRO DO PROFETA OSEIAS


Autor: Oséias 1:1 identifica o autor do livro como sendo o profeta Oséias. Essa obra é uma narrativa pessoal de Oséias sobre suas mensagens proféticas para os filhos de Deus e para o mundo. Oséias é o único profeta de Israel que deixou um conjunto de profecias registradas durante os últimos anos de sua vida.

Quando foi escrito: Oséias, filho de Beeri, profetizou por um bom tempo, de 785 a 725 AC. O Livro de Oséias foi provavelmente escrito entre 755 e 725 AC.
Propósito: Oséias escreveu este livro para lembrar aos israelitas - e a nós – de que o nosso é um Deus amoroso, cuja lealdade ao povo de Sua aliança é constante. Embora Israel tenha continuado a recorrer a falsos deuses, o amor inabalável de Deus é retratado no marido sofredor da esposa infiel. A mensagem de Oséias é também uma de advertência àqueles que dariam as costas ao amor de Deus. Através da representação simbólica do casamento de Oséias e Gomer, o amor de Deus pela nação idólatra de Israel é exibido em uma rica metáfora com temas de pecado, juízo e amor perdoador.

Versículos-chave: Oséias 1:2: "Quando, pela primeira vez, falou o SENHOR por intermédio de Oséias, então, o SENHOR lhe disse: Vai, toma uma mulher de prostituições e terás filhos de prostituição, porque a terra se prostituiu, desviando-se do SENHOR."


Oséias 2:23: “Semearei Israel para mim na terra e compadecer-me-ei da Desfavorecida; e a Não-Meu-Povo direi: Tu és o meu povo! Ele dirá: Tu és o meu Deus!”
Oséias 6:6: “Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos.”

Oséias 14:2-4: “Tende convosco palavras de arrependimento e convertei-vos ao SENHOR; dizei-lhe: Perdoa toda iniquidade, aceita o que é bom e, em vez de novilhos, os sacrifícios dos nossos lábios. A Assíria já não nos salvará, não iremos montados em cavalos e não mais diremos à obra das nossas mãos: tu és o nosso Deus; por ti o órfão alcançará misericórdia. Curarei a sua infidelidade, eu de mim mesmo os amarei, porque a minha ira se apartou deles.”

Resumo: O Livro de Oséias pode ser dividido em duas partes: (1) Oséias 1:1 - 3:5 é uma descrição de uma mulher adúltera e um marido fiel, simbólico da infidelidade de Israel a Deus através da idolatria, e (2) Oséias 3:6-14:9 contém a condenação de Israel, especialmente Samaria pela adoração de ídolos, e sua eventual restauração.


A primeira seção do livro contém três poemas distintos que ilustram como os filhos de Deus continuavam se apegando à idolatria. Deus manda Oséias se casar com Gomer, mas depois de dar-lhe três filhos, ela o abandona pelos seus amantes. A ênfase simbólica pode ser vista claramente no primeiro capítulo quando Oséias compara as ações de Israel com o abandono de um casamento em busca de uma vida como prostituta. A segunda seção contém a repreensão dos israelitas por parte de Oséias, seguida pelas promessas e misericórdias de Deus.
O Livro de Oséias é uma narração profética do amor incansável de Deus pelos Seus filhos. Desde o início dos tempos, a criação ingrata e indigna de Deus tem aceito o Seu amor, graça e misericórdia, enquanto ainda não podendo abster-se de sua maldade.

A última parte de Oséias mostra como o amor de Deus mais uma vez restaura os Seus filhos à medida que Ele se esquece de seus erros quando se aproximam de Deus com um coração arrependido. A mensagem profética de Oséias prediz a vinda do Messias de Israel 700 anos no futuro. Oséias é citado frequentemente no Novo Testamento.

Prenúncios: Oséias 2:23 é a maravilhosa mensagem profética de Deus para incluir os gentios [não-judeus] como Seus filhos, assim como registrado também em Romanos 9:25 e 1 Pedro 2:10. Os gentios não são originalmente "o povo de Deus", mas através da Sua misericórdia e graça, Ele providenciou Jesus Cristo, e pela fé n’Ele somos enxertados na árvore do Seu povo (Romanos 11:11-18). Esta é uma verdade surpreendente sobre a Igreja, uma que é chamada de "mistério" porque, antes de Cristo, apenas os judeus eram considerados o povo de Deus. Quando Cristo veio, os judeus foram temporariamente deixados de lado "até que haja entrado a plenitude dos gentios" (Romanos 11:25).
Aplicação Prática: O livro de Oséias nos assegura do amor incondicional de Deus por Seu povo. No entanto, ele também é um retrato de como Deus é desonrado e irritado pelas ações de Seus filhos. Como pode uma criança que recebe uma abundância de amor, misericórdia e graça tratar um Pai com tanto desrespeito? No entanto, temos feito isso há séculos. Ao considerarmos como os israelitas voltaram as costas para Deus, não precisamos olhar mais longe do que o espelho à nossa frente para ver um reflexo desses mesmos israelitas.

Apenas ao lembrar-nos de quanto Deus tem feito por cada um nós é que seremos capazes de evitar a rejeição do Único que pode nos dar a vida eterna na Glória, em vez do inferno que merecemos. É essencial que aprendamos a respeitar o nosso Criador. Oséias tem nos mostrado que quando cometemos um erro, se temos um coração triste e uma promessa de arrependimento, Deus vai – novamente - demostrar o seu amor eterno por nós (1 João 1:9).


sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

APONTAMENTOS DE AULA - TÓPICOS DA HISTÓRIA DE ISRAEL

Animação Bíblica da Pastoral – Diocese de Goiás
Literatura sapiencial – 23.01.15

Professos: Celso Carpenedo
Em primeiro momento a tentativa de situar um Pouco a história de Israel para logo em seguida Tentar contextualizar melhor a literatura Sapiencial.
  • ·         Formação do povo de Deus;
  • ·         Monarquia e profetismo;
  • ·         Exílio e pós exílio;

Lembrando um pouco a história de Israel dentro desses aspectos:
Formação do povo de Deus – As primeiras tribos que formam o território de Israel. Ganha destaque o chamado de Abrão dentro desse processo histórico.
Diferente do que, muitas vezes, imaginamos, o povo de Israel se formou com a junção de vários grupos provindos de diferentes locais. Essa parece ser a teoria mais aceita hoje sobre a formação de Israel. Muitos estudiosos da Bíblia apresentam quatro grupos principais que formaram o “povo de Deus ou povo de Israel”: nativo, abraâmico, mosaico e sinaítico. Consideramos esses como sendo os principais, mas não excluem a possibilidade de outros de menor importância. Assim Israel se formou como povo pelos camponeses que viviam em Canaã e pelos grupos que vieram de outras localidades vizinhas.
GRUPO NATIVO: formado por grupos de pastores e agricultores que já residiam nas terras de Canaã. Com o surgimento das cidades-estados, começam a viver em situação de escravidão; por isso, fogem para as montanhas, escapando dos impostos e de perseguições. Mais tarde, integram-se a outros grupos vindos de diversos locais.
GRUPO ABRAÂMICO: é o grupo ligado aos patriarcas ou pais bíblicos, principalmente Abraão, do qual deriva o nome. Em geral, são pastores seminômades, que mudavam frequentemente de lugar, em busca de pastagens para seu rebanho miúdo, ovelhas e cabras. Ele poderia ser incluído no grupo nativo, mas devido à sua importância e a grande mobilidade é considerado um grupo.
GRUPO MOSAICO: é o grupo liderado por Moisés, do qual deriva o nome. Talvez seja o grupo mais expressivo que formou o povo de Israel. É o grupo que fugiu da escravidão do Egito, liderado por Moisés e Josué. Não eram nômades nem seminômades, mas eram trabalhadores escravizados pelo faraó, rei do Egito.
GRUPO SINAÍTICO: formado por beduínos, pertencentes às tribos que viviam no deserto. Provavelmente vieram do sul do mar Morto, região de Madiã, e se estabeleceram nas regiões montanhosas de Canaã. Diferente do abraâmico, pois era formado por extrapalestinenses. Alguns estudiosos o incluem junto ao mosaico.
A primeira organização tribal necessita de uma melhor estruturação do da vida social: Período Monárquico e período profético – Os profetas como guardiões da aliança. Só pode haver profetismo dentro de uma sociedade organizada.
Resumidamente teríamos as seguintes etapas:
Saída do Egito e travessia do deserto (meados do século XIII) – Os grupos que se estabeleceram no Egito, com o passar do tempo, foram obrigados pelos faraós aos trabalhos forçados. Neste momento de opressão surge um personagem fundamental, Moisés, a quem Deus confia a missão de libertar seu povo.
Assentamento na Palestina – final do séc. XIII – Depois da travessia do deserto (onde o acontecimento capital é a aliança do Sinai), chega-se à estepe de Moab, diante da terra prometida. Após a morte de Moisés, Josué assume o comando, cruza o Jordão, conquista Jericó e aos poucos vai-se apoderando da Palestina.
A época dos juízes (1200 – 1020) – três características marcam esse período. Primeiro, a  falta de coesão política (cada tribo se organiza independentemente). Segundo, uma profunda mudança na forma de vida (o povo se torna mais sedentário). Terceiro, a contínua ameaça dos povos vizinhos, sobretudo dos filisteus.
A monarquia unida (1020 – 931) – Alguns pensavam que a monarquia era um atentado a Deus, único rei de Israel, e se opõem decididamente a ela. Apesar das oposições, Saul foi eleito rei e livra o povo da ameaça dos filisteus, pelo menos provisoriamente. No final do seu reinado, porém, foi derrotado pelos filisteus na batalha de Gelboé. 
A Saul sucede Davi. Primeiro ele foi escolhido rei do sul. Só depois de sete anos as tribos do norte pedem-lhe que reine também sobre elas. Foi ele quem conquistou e constituiu Jerusalém como capital do seu reino. Também ele terminou de conquistar as cidades cananéias e as anexou ao seu reino. Realizou uma política expansionista, submetendo os povos vizinhos.

A sucessão de Davi é marcada por uma série de intrigas e derramamento de sangue entre seus próprios filhos. Sucede-lhe Salomão que reina quarenta anos (971 – 931). Este reinado é um dos momentos mais gloriosos da história de Israel. Salomão deixou de lado as guerras e realizou grandes construções. Mas, com o passar do tempo, ele obrigou o povo aos trabalhos pesados e colocou muitos impostos sobre o povo. Com isso, houve uma certa insatisfação, sobretudo nas tribos do norte, as quais não aceitam o filho de Salomão (Roboão) como rei. Acontece o fim da monarquia unida.

Os dois reinos (931 – 586)
 – Com o fim da monarquia unida, passam a existir dois reinos: o do norte (Israel) e o do sul (Judá). O do norte desaparece da história em 722, quando Salmanasar V, da Assíria, o conquista. Em seus 209 anos de existência, Israel teve nove dinastias e 19 reis, dos quais sete foram assassinados e um suicidou. Judá, que conseguiu sobreviver até 586, em 345 anos de existência teve somente uma dinastia (a de Davi) e 21 monarcas.
O exílio (586 – 538) – Em 597 acontece a primeira deportação para a Babilônia, a qual conquista definitivamente Jerusalém em 586 e deporta numerosos judeus para a Mesopotâmia. Começa, então, o período mais triste, só comparável à opressão do Egito.
O período persa (538 – 333) – O pesadelo do desterro termina no ano 538, quando Ciro, rei da Pérsia, conquista a Babilônia e promulga um decreto libertando todos os cativos e permitindo-lhes a volta à Palestina. O povo continua sem liberdade política, dominado pelos novos senhores do mundo antigo, os persas.

O período helenista (333 – 63) – Este período vai desde a conquista da Palestina por Alexandre Magno até a conquista de Jerusalém por Pompeu. Depois da morte de Alexandre, seu império foi dividido em quatro partes. As que interessam aos judeus são Egito (governado pelos Lágidas) e Síria (dominada pelos Selêucidas). A Palestina foi dominada pelos Lágidas no século III e pelos Selêucidas no século II. Nessa época aconteceu a revolta dos Macabeus.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

APONTAMENTOS DE AULA - METODOLOGIA E HERMENÊUTICA BÍBLICA - FRANCISCO OROFINO


PÓS-GRADUAÇÃO EM ANIMAÇÃO BÍBLICA DA PASTORAL – CIDADE DE GOIÁS – DIOCESE DE GOIÁS
Metodologia e hermenêutica bíblica – Francisco Orofino – 20.01.15
apontamentos de aula 

Existem muitas formas de interpretação da Palavra de Deus da mesma forma que há uma numerosidade escolas bíblicas. Para nossa reflexão vale a pena citar uma pedagogia bíblica bem conhecida, a saber, o CEBI que visa uma educação popular bíblica. 
de imediato uma pergunta salta aos nossos olhos: O que significa ser católico? As interpretações que você faz, são objetivas ou subjetivas?             
Eu sou o primeiro referencial do ponto de vista de referencial interpretativo (existem escolas bíblicas que tentam eliminar o subjetivo dentro da reflexão).
Impedir como o seu eu patológico se feche no seu ego. Falar o que eu quero afirmando ser palavra de Deus – isso é o máximo de patologia.
O que está determinando a sua interpretação?  As coisas são como ela são ou como eu quero que elas sejam. Leituras fundamentalistas são muletas, haja vista nesse processo o que está prevalecendo é o seu EU PATOLÓGICO.
O social – somos frutos de uma cultura. Aqui você pode pedir ajuda da economia, pegar noções de antropologia, especialmente uma antropologia cultural Para alguns setores europeus o Brasil faz apenas uma leitura sociológica. A interpretação bíblica não depende de sua cabeça, mas dos seus pés onde você pisa. A teologia que sustenta nossa interpretação deve ser a interpretação da encarnação.  
O grande objetivo desse curso é trabalhar a hermenêutica numa perspectiva eclesial. Trabalhar o processo hermenêutico que se instalou na Igreja Católica, pós Vaticano II, e anterior a esse período. O que vemos hoje é tensão de postura hermenêutica entre as tradições postas em Trento e as tradições renovadas no Vaticano II. Exemplo: A missa – muitas posturas de tensão relacionadas à missa. A missa como sacrifício é de Trento, e o principal agente é o padre. A missa vista do ponto de vista do Vaticano II é refeição. O principal agente agora é a assembléia. Hoje existe uma tensão entre Trento e Vaticano II. 
O Vaticano II vai pedir que a Igreja local comece a construir seu próprio rosto. Isso acaba com a face europeia que domina todo o mundo. Essa empreitada se torna mais viável na América Latina.
O grande eixo do Vaticano II é a descolonização. Aqui entra a linha de interpretação da Bíblia. De fato, Pra valer a descolonização entrou na pauta da Igreja (uma Igreja com o rosto local). 
O segundo eixo é descentralização – existe outra grande tensão entre centralização e descentralização (O grande jogo de tentativa de centralização foi o esvaziamento do sínodo dos bispos). A nossa leitura bíblica deve reforçar o processo de descentralização. 
O terceiro eixo do Vaticano II fala da desclericalização – Para o papa Francisco a desclericalização se fará por três caminhos: comunidades eclesiais de base; círculos bíblicos e ministérios leigos. O primeiro passo para a concretização desse processo foi a quebra do monopólio teológico. Tudo isso só foi possível com a quebra do monopólio da Bíblia (a Bíblia na mão do laicato). Esse processo em si é anterior ao Vaticano II, uma preparação que vem desde os anos 50, especialmente na América Latina. 
O que significa teologicamente colocar a Bíblia na mão do leigo? Significa colocar a fonte primeira da teologia na mão do laicato. Não basta só colocar a Bíblia na mão do laicato se você não oferece método. Daí a segunda parte da desclericalização deve ser método de leitura. De modo que os dois grande pedidos do Vaticano II foi: 
·         Quebra do monopólio teológico;
      Criar métodos de leitura;