domingo, 31 de agosto de 2014

22º DOMINGO COMUM

Evangelho - Mt 16,21-27








Se alguém quer me seguir
renuncie-se a si mesmo.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 16,21-27
Naquele tempo:
21Jesus começou a mostrar a seus discípulos
que devia ir à Jerusalém
e sofrer muito da parte dos anciãos,
dos sumos sacerdotes e dos mestres da Lei,
e que devia ser morto e ressuscitar no terceiro dia.
22Então Pedro tomou Jesus à parte
e começou a repreendê-lo, dizendo:
'Deus não permita tal coisa, Senhor!
Que isto nunca te aconteça!'
23Jesus, porém, voltou-se para Pedro, e disse:
'Vai para longe, Satanás!
Tu és para mim uma pedra de tropeço,
porque não pensas as coisas de Deus
mas sim as coisas dos homens!'
24Então Jesus disse aos discípulos:
'Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo,
tome a sua cruz e me siga.
25Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la;
e quem perder a sua vida por causa de mim,
vai encontrá-la.
26De fato, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro
mas perder a sua vida?
O que poderá alguém dar em troca de sua vida?
27Porque o Filho do Homem
virá na glória do seu Pai, com os seus anjos,
e então retribuirá a cada um de acordo com a sua
conduta.
Palavra da Salvação.

REFLEXÃO:
O trecho do evangelho de hoje se encaixa na sequência do evangelho do domingo passado. Vale a pena recordar um pouco o que aconteceu. Jesus foi com os seus discípulos a uma região chamada Cesaréia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos, na opinião do povo, quem era o Filho do Homem. As respostas são desencontradas e não têm condições de dizer quem é o Filho de Deus. Jesus repete a pergunta para os seus discípulos e Pedro afirma que Jesus é o “Cristo o Filho do Deus vivo”.
A resposta dada por Pedro impressionou muito a Jesus ao ponto de o mestre responder que só o Pai poderia ter revelado tal coisa a Pedro. Na sequência Jesus confia a Pedro o governo da Igreja “tudo o que ligares na terra será ligado no céu”...
É, pois, sobre a profissão de fé de Pedro que Jesus lhe confere a autoridade de ser o líder, de confirmar na fé os irmãos. Confessar na vida que Jesus é o salvador e proclamar na nossa vocação essa verdade é a grande rocha firme que se fundamenta nossa fé, é a grande rocha onde se fundamenta a Igreja.
Logo em seguida, ao falar de sua paixão, o mestre é repreendido por Pedro. O discípulo não aceita a paixão de seu mestre porque não compreende o valor fecundo que ela tem. O exemplo de Jesus define as condições para ser discípulo, aqui aparece o verdadeiro sentido da vida “não há preço humano que a pode assegurá-la” (Sl 49,8-10). De modo que a atitude de negar a si mesmo é a maior vitória que o discípulo pode exercer sobre o egoísmo.
O evangelho de hoje está fazendo um belo convite à doação, a renúncia de algumas coisas nossas para que o reino de Deus aconteça. Tomar a nossa cruz e seguir ao mestre.




sábado, 30 de agosto de 2014

MOMENTO DE REFLEXÃO

Das Homilias sobre Mateus, de São João Crisóstomo, 
bispo
(Hom. 50,3-4: PG 58,508-509)
(Séc. IV)


Enquanto adornas o templo, não desprezes 
o irmão que sofre
Queres honrar o corpo de Cristo? Não o desprezes quando nu; não o honres aqui com vestes de seda e abandones fora no frio e na nudez o aflito. Pois aquele que disse: Isto é o meu corpo (Mt 26,26) e confirmou com o ato a palavra, é o mesmo que falou: Tu me viste faminto e não me alimentaste (cf. Mt 25,35); e: O que não fizeste a um destes mais pequeninos, não o fizeste a mim (cf. Mt 25,45). Este não tem necessidade de vestes, mas de corações puros, aquele, porém, precisa de grande cuidado.
Aprendamos, portanto, a raciocinar e a reverenciar a Cristo como lhe agrada. A honra mais agradável a quem se deseja honrar é aquela que ele prefere, não aquela que julgamos melhor. Pedro, por exemplo, julgava honrá-lo, não permitindo lavar-lhe os pés; mas o que queria não vinha a ser honra, mas exatamente o contrário. Assim, honra-o tu com a honra prescrita em lei, distribuindo tua fortuna com os pobres. Deus não precisa de vasos de ouro, mas de almas de ouro.
Digo isto, não para proibir que haja dádivas, mas que com elas e antes delas se dêem esmolas. Porque ele aceita aquelas, porém, muito mais estas. Daquelas só quem oferece tem lucro; destas, também aquele que recebe. Lá o dom parece ser ocasião de ostentação; aqui só pode ser compaixão e benignidade.
Que proveito haveria, se a mesa de Cristo está coberta de taças de ouro e ele próprio morre de fome? Sacia primeiro o faminto e, depois, do que sobrar, adorna sua mesa. Fazes um cálice de ouro e não dás um copo de água? Que necessidade há de cobrir a mesa com véus tecidos de ouro, se não lhe concederes nem mesmo a coberta necessária? Que lucro haverá? Dize-me: se vês alguém que precisa de alimento e, deixando-o lá, vais rodear a mesa, de ouro, será que te agradecerá ou, ao contrário, se indignará? Que acontecerá se ao vê-lo coberto de andrajos e morto de frio, deixando de dar as vestes, mandas levantar colunas douradas, declarando fazê-lo em sua honra? Não se julgaria isto objeto de zombaria e extrema afronta?
Pensa também isto a respeito de Cristo, quando errante e peregrino vagueia sem teto. Não o recebes como hóspede, mas ornas o pavimento, as paredes e os capitéis das colunas, prendes com cadeias de prata as lâmpadas, e a ele, preso em grilhões no cárcere, nem sequer te atreves a vê-lo. Torno a dizer que não proíbo tais adornos, mas que com eles haja também cuidado pelos outros. Ou melhor, exorto a que se faça isto em primeiro lugar. Daquilo, se alguém não o faz, jamais é acusado; isto porém, se alguém o negligencia, provoca-lhe a geena e fogo inextinguível, suplício com os demônios. Por conseguinte, enquanto adornas a casa, não desprezes o irmão aflito, pois ele é mais precioso que o templo.

MEDITAÇÃO COM A PALAVRA DE DEUS 30.08.14

Evangelho - Mt 25,14-30






Como foste fiel na administração de tão
pouco, vem participar de minha alegria.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 25,14-30
Naquele tempo,
Jesus contou esta parábola a seus discípulos:
14Um homem ia viajar para o estrangeiro.
Chamou seus empregados e lhes entregou seus bens.
15A um deu cinco talentos,
a outro deu dois e ao terceiro, um;
a cada qual de acordo com a sua capacidade.
Em seguida viajou.
16O empregado que havia recebido cinco talentos
saiu logo,
trabalhou com eles, e lucrou outros cinco.
17Do mesmo modo, o que havia recebido dois
lucrou outros dois.
18Mas aquele que havia recebido um só,
saiu, cavou um buraco na terra,
e escondeu o dinheiro do seu patrão
.
19Depois de muito tempo, o patrão voltou
e foi acertar contas com os empregados.
20O empregado que havia recebido cinco talentos
entregou-lhe mais cinco, dizendo:
`Senhor, tu me entregaste cinco talentos.
Aqui estão mais cinco que lucrei'.
21O patrão lhe disse: `Muito bem, servo bom e fiel!
como foste fiel na administração de tão pouco,
eu te confiarei muito mais.
Vem participar da minha alegria!'
22Chegou também o que havia recebido dois talentos,
e disse:
`Senhor, tu me entregaste dois talentos.
Aqui estão mais dois que lucrei'.
23O patrão lhe disse: `Muito bem, servo bom e fiel!
Como foste fiel na administração de tão pouco,
eu te confiarei muito mais.
Vem participar da minha alegria!'
24Por fim, chegou aquele que havia recebido um talento,
e disse: `Senhor, sei que és um homem severo,
pois colhes onde não plantaste
e ceifas onde não semeaste.
25Por isso fiquei com medo
e escondi o teu talento no chão
.
Aqui tens o que te pertence'.
26O patrão lhe respondeu: `Servo mau e preguiçoso!
Tu sabias que eu colho onde não plantei
e que ceifo onde não semeei?
27Então devias ter depositado meu dinheiro no banco,
para que, ao voltar,
eu recebesse com juros o que me pertence.'
28Em seguida, o patrão ordenou:
`Tirai dele o talento e dai-o àquele que tem dez!
29Porque a todo aquele que tem
será dado mais, e terá em abundância,
mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado.
30Quanto a este servo inútil,
jogai-o lá fora, na escuridão.
Ali haverá choro e ranger de dentes!'
Palavra da Salvação.

(Contextualizando) – Mateus nos transporta ao mundo da economia, que também vale para explicar o mistério do reinado de Deus. A simples expectativa e vigilância se convertem e culminam aqui em responsabilidade para a ação no mundo. A responsabilidade é proporcional ao “talento” recebido para o serviço. Prêmio e castigo pela administração se orientam para o juízo definitivo.  
Jesus começa a fazer uma catequese com os seus discípulos a respeito dos dons (talentos) que Deus deposita em nossa vida, em nossa vocação. A história é de um patrão que vai sair para o estrangeiro e dá alguns talentos aos seus empregados. A divisão é de 5 talentos, 2 talentos e 1 talento.
O que podemos observar é que quanto menor o talento dado aqui maior o mérito de quem consegue trabalhar com ele. Vejamos que a expressão se repete várias vezes: “Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais”. Os empregados vão produzindo de acordo com o seu esforço pessoal. Esta atitude será elogiada pelo patrão quando ele chegar para acertar as contas.
Outro fato que nos chama atenção é o fato de não ser marcada a hora de retorno do patrão. O certo é que este patrão chegará em uma hora inesperada, e cobrará a cada um o esforço na administração dos dons (talentos) confiados pelo patrão. Em contraposição ao elogio dado aos dois primeiros empregados aparece a dura repreensão ao empregado que recebeu 1 talento. O patrão o chama de servo inútil e o desqualifica no seu desempenho.
A parábola convida a um cuidado na administração dos bens que Deus confia aos discípulos(as) bem como uma vigilância que deve ser peculiar à missão do discípulo missionário.
Um dia maravilhoso a todos.

Pe. Felipe Ribeiro 

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

CONVITE – ESCOLA SÃO LUCAS DE ANIMAÇÃO BÍBLICA DA PASTORAL







CONVITE – ESCOLA SÃO LUCAS DE ANIMAÇÃO BÍBLICA DA PASTORAL
“Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz” (Hb 4,12). A belíssima expressão da carta aos hebreus nos ajuda a perceber com nitidez a importância da Palavra de Deus na vivência e nossa fé cristã. Uma Palavra viva que cria e recria bom ânimo na caminha do discípulo(a) de hoje, uma Palavra que nos dá o verdadeiro critério para a caminhada missionária. Sem o auxilio da Palavra de Deus a nossa vocação perde vigor e acaba definhando perante os desafios da missão.
Dentro da linha de inspiração da Igreja no Brasil estamos vivendo a Escola São Lucas de Animação Bíblica da Pastoral. Uma tentativa de animar os discípulos missionários na caminhada hodierna. Deixemo-nos animar e inspirar pela Palavra de Deus. Venha conosco viver a experiência do Estudo Bíblico em nossa comunidade paroquial.
Hoje estaremos continuando nosso estudo sobre o evangelho de São João. Às 19h na comunidade Nossa Senhora de Fátima em Betânia. Sejam bem-vindos ao encontro com a Palavra de Deus que é capaz de nos dar vivacidade e eficácia na missão.
Pe. Felipe Ribeiro



MARTÍRIO DE SÃO JOÃO BATISTA

29 de Agosto - Martírio de São João Batista
 

A festa da natividade de são João Batista ocorre no dia 24 de junho. Ela faz parte da tradição dos cristãos como esta que celebramos hoje, do martírio de são João Batista. No calendário litúrgico da Igreja, esta comemoração iniciou na França, no século V, sendo introduzida em Roma no século seguinte. A origem da comemoração foi a construção de uma igreja em Sebaste, na Samaria, sobre o local indicado como o do túmulo de são João Batista. João era primo de Jesus e foi quem melhor soube levar ao povo a palavra do Mestre. Jesus dedicou-lhe uma grande simpatia e respeito, como está escrito no evangelho de são Lucas: "Na verdade vos digo, dentre os nascidos de mulher, nenhum foi maior que João Batista". João Batista foi o precursor do Messias. Foi ele que batizou Jesus no rio Jordão e preparou-lhe o caminho para a pregação entre o povo. Não teve medo e denunciou o adultério do rei Herodes Antipas, que vivia na imoralidade com sua cunhada Herodíades.

            A ousadia do profeta despertou a ira do rei, que imediatamente mandou prendê-lo. João Batista permaneceu na prisão de Maqueronte, na margem oriental do mar Morto, por três meses. Até que, durante uma festa no palácio daquela cidade, a filha de Herodíades, Salomé, instigada pela ardilosa e perversa mãe, dançou para o rei e seus convidados. A bela moça era uma exímia dançarina e tinha a exuberância da juventude, o que proporcionou a todos um estonteante espetáculo.

            No final, ainda entusiasmado, o rei Herodes disse que ela poderia pedir o que quisesse como pagamento, porque nada lhe seria negado. Por conselho da mãe, ela pediu a cabeça de João Batista numa bandeja. Assim, a palavra do rei foi mantida. Algum tempo depois, o carrasco trazia a cabeça do profeta em um prato, entregando-a para Salomé e para sua maldosa mãe. O martírio por decapitação de são João Batista, que nos chegou narrado através do evangelho de são Marcos, ocorreu no dia 29 de agosto, um ano antes da Paixão de Jesus. 

LEITURA ORANTE DA PALAVRA DE DEUS 29.08.14 (MARTÍRIO DE SÃO JOÃO BATISTA)

Evangelho - Mc 6,17-29
Quero que me dês agora, num prato,
a cabeça de João Batista.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 6,17-29

Naquele tempo, 17Herodes tinha mandado prender João, e colocá-lo acorrentado na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, mulher do seu irmão Filipe, com quem se tinha casado. 18João dizia a Herodes: "Não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão". 19Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, mas não podia. 20Com efeito, Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava. 21Finalmente, chegou o dia oportuno. Era o aniversário de Herodes, e ele fez um grande banquete para os grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galiléia. 22A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e seus convidados. Então o rei disse à moça: "Pede-me o que quiseres e eu to darei". 23E lhe jurou dizendo: "Eu te darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino". 24Ela saiu e perguntou à mãe: "O que vou pedir?" A mãe respondeu:
"A cabeça de João Batista". 25E, voltando depressa para junto do rei, pediu: "Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista". 26O rei ficou muito triste, mas não pôde recusar. Ele tinha feito o juramento diante dos convidados. 27Imediatamente, o rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, degolou-o na prisão, 28trouxe a cabeça num prato e a deu à moça. Ela a entregou à sua mãe. 29Ao saberem disso, os discípulos de João foram lá, levaram o cadáver e o sepultaram.
Palavra da Salvação.

O que diz o texto?
(Contextualizando) – Com grande maestria literária, Marcos nos conta o martírio de João Batista. Começa descrevendo a situação na corte: A relação ilegítima de Herodes (como vemos no Antigo Testamento o relato de Levítico. Cf. Lv.18,16), a ascendência de João, sua admoestação franca (como a do profeta Natã a Davi, 2Sm 12), o rancor passional de Herodíades. Bons ingredientes para um drama. No fundo, Marcos segue as técnicas narrativas bíblicas: reprime suas emoções, como se narrasse a frio, deixa que os fatos comovam o leitor. Muitos escritores e músicos exploram o potencial dramático desse relato.
-O relato do assassinato de João Batista. O fato ocorre numa festa por ocasião da comemoração do aniversário de Herodes.
-João se encontra encarcerado. Aqui se deixa claro que existe uma força, talvez política, que o mantém no cárcere, haja vista o próprio rei ter uma afeição por João (gostava de ouvi-lo). Um processo semelhante ao que ocorrerá em seguida no julgamento de Jesus (as autoridades desejam soltá-lo).
-Nesse meio havia uma mulher com características ambiciosas que vai aos poucos manipulando o fim trágico do profeta.
-No dia oportuno, em clima de promiscuidade (danças, bebedeiras, sentimentos libidinosos aflorados) João é degolado como aquele que estava se opondo ao modelo de uma vida desregrada.
-Mesmo no cárcere João estava cumprindo sua missão, como nos afirma o prefácio da oração eucarística no seu dia “preparar um povo bem disposto para o Senhor”.
O que o texto diz para mim?
-Se não estivermos atentos, constantemente somos afligidos por todos os lados por pensamentos negativos, de pensamentos maldosos, e por que não dizer, de pensamentos que acabam nos afastando da nossa opção fundamental.
-E nesse interim é muito conveniente começarmos afastando toda voz contrária a este ‘sopro de liberdade falsa’ na minha vocação, na minha vida.
-Vamos eliminando os bons amigos que tentam nos alertar, vamos eliminando os pais, enfim, vamos eliminando os enviados de Deus na nossa vida.
O exemplo de João Batista acaba por se repetir na minha vida.
O que o Texto me faz dizer a Deus?
“Te agradeço, Senhor por esta Palavra hoje no meu dia. Quero me deixar iluminar por esta tua Palavra, e no dia de hoje perceber a minha opção fundamental, perceber os bons propósitos que tenho que reafirmar na minha vida. Que eu consiga, Senhor, com a tua graça, agregar valores e pessoas que me ajudem no meu crescimento”... (Continue sua oração).
Qual o meu compromisso?

-Hoje por meio dessa liturgia desejo reafirmar os meus bons propósitos.

 

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A luz do amor, própria da fé.

A luz do amor, própria da fé.

Por isso urge recuperar o caráter da luz que é próprio da fé, pois, quando a sua chama se apaga, todas as outras luzes também por perder o seu vigor. De fato, a luz da fé possui um caráter singular, sendo capaz de iluminar toda a existência do homem. Ora, para que a luz seja tão poderosa, não pode brotar de nós mesmos; tem de vir de uma fonte mais originária, deve provir, em última análise, de Deus. A fé nasce no encontro com o Deus vivo, que nos chama e revela seu amor: um amor que nos precede e sobre o qual podemos nos apoiar para construir solidamente a vida. Transformados por este amor, recebemos olhos novos e experimentamos que há nele uma grande promessa de plenitude nos abre a visão do futuro. A fé, que recebemos de Deus como dom sobrenatural, aparece-nos como luz para a estrada, orientando os nossos passos no tempo. Por um lado, provém do passado: é a luz de uma memória basilar – a da vida de Jesus -, onde o seu amor se manifestou plenamente confiável, capaz de vencer a morte. Mas, por outro lado e ao mesmo tempo, dado que Cristo ressuscitou e nos chama de além da morte, a fé é luz que vem do futuro, que abre diante de nós horizontes grandes e nos leva a ultrapassar o nosso “eu” isolado abrindo-o à amplitude da comunhão. Desse modo, compreendemos que a fé não mora na escuridão, mas é uma luz para as nossas trevas.
A luz do amor, própria da fé, pode iluminar as perguntas do nosso tempo acerca da verdade, muitas vezes, hoje, a verdade é reduzida à autenticidade subjetiva do indivíduo, válida apenas para a vida do individuo. Uma verdade comum nos dá medo, porque a identificamos com a imposição intransigente dos totalitarismos; mas, se ela é verdade de amor, se é a verdade que se mostra no encontro pessoal com o Outro e com os outros, então fica livre da reclusão do individuo e pode fazer parte do bem comum. Sendo a verdade de um amor, não é verdade que se impõe pela violência, não é verdade que esmaga o individuo. Nascendo do amor pode chegar ao coração, ao centro pessoal de cada homem. Daqui resulta claramente que a fé não é intransigente, mas cresce na convivência que respeita o outro. A pessoa de fé não é arrogante; pelo contrário, a verdade o torna humilde, sabendo que, mais do que possui-la, é ela que nos abraça e possui. Longe de nos endurecer, a segurança da fé nos põe a caminho e torna possível o testemunho e o diálogo com todos.

[Papa Francisco. A Igreja da Misericórdia].

LEITURA ORANTE DA PALAVRA DE DEUS


Mt24,42-51

Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: 42“Ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o Senhor! 43Compreendei bem isso: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. 44Por isso, também vós ficai preparados! Porque na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá.
45Qual é o empregado fiel e prudente, que o senhor colocou como responsável pelos demais empregados, para lhes dar alimento na hora certa? 46Feliz o empregado, cujo senhor o encontrar agindo assim, quando voltar. 47Em verdade vos digo, ele lhe confiará a administração de todos os seus bens. 48Mas, se o empregado mau pensar: “Meu Senhor está demorando”, 49e começar a bater nos companheiros, a comer e a beber com os bêbados; 50então o senhor desse empregado virá no dia em que ele não espera, e na hora que ele não sabe. 51Ele o partirá ao meio e lhe imporá a sorte dos hipócritas. Ali haverá choro e ranger de dentes”.


■ O que o texto diz? 
-Jesus dá uma instrução aos apóstolos sobre a vinda do Senhor.
Ilumina seu ensinamento com um exemplo: "se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada".
-Convida seus discípulos a estarem preparados para a volta do Filho do Homem.
-Logo em seguida Jesus coloca o exemplo do empregado fiel, prudente que se preparou na sua administração para a volta do patrão. Tudo isso em contraposição ao empregado mal que na sua administração foi violento, fanfarrão, irresponsável. 
-E o julgamento estará estabelecido para os administradores. Vão ter que prestar contas direitinho da sua administração.  


■ O que o texto diz para mim? 
-Todos nós somos administradores dos bens, dos recursos que Deus nos dá.  Afinal de contas, não somos em si mesmos a fonte de todo bem que carregamos na vida. De modo que isso nos faz naturalmente administradores de bens e valores que Deus vai nos concedendo.
-No estado de vida que toca a mim esse evangelho hoje me convida a rever o processo de administração que estou fazendo na minha vida, especialmente na minha relação com as pessoas.
-Qual atitude estou assumindo hoje na minha administração? Em qual perfil hoje eu me encaixo analisando a imagem desses dois administradores?
-Muito boa essa análise que me propicia a meditação dessa leitura hoje. E a Palavra de Deus não deve nos envergonhar, mas me ajudar a crescer. E hoje eu desejo crescer ao ouvir e meditar esse evangelho. 


■ O que o texto me faz dizer a Deus? 
“-No princípio desta manhã Senhor, em sintonia com tua Palavra, dai-me a graça de um bom exame de consciência,  a fim de que eu veja minha conduta, a fim de que eu reflita como estou administrando os bens que depositas em minha vida, especialmente na relação com os outros”... (continue sua oração)




■ Qual o meu compromisso? 
Revisão de vida. É isso que a Palavra me suscita hoje.
VIDA DE SANTO AGOSTINHO

Aurelius Augustinus, mais conhecido como SANTO AGOSTINHO nasce  em TAGASTE DE NUMÍDIA, província romana ao norte da África em 13 de novembro de 354; primogênito do pagão Patrício e da fervorosa cristã Mônica. Criança alegre, buliçosa, entusiasta do jogo, travessa e amante da amizade, não gosta muito de estudar porque os mestres usam métodos agressivos e não são sinceros. Ante os adultos se revela como "um menino de grandes esperanças", com inteligência clara e coração inquieto.  Africano pela lei do solo, romano pela cultura e língua, e cristão por educação. AGOSTINHO, jovem, de temperamento impulsivo e veemente, se entrega com afinco ao estudo e aprende toda a ciência do seu tempo. Chega a ser brilhante professor de retórica em Cartago, Roma e Milão.

            Sedento de Verdade e Felicidade em sua busca afanosa vive longos anos com ânimo disperso. Vazio de Deus e agarrado pelo pecado, a vontade "sequestrada", errante e peregrina, "enganado e enganador".

            Mas, seu coração, sempre aberto à verdade, chega ao encontro da graça pelo caminho da interioridade, apoiado pelas orações de sua mãe, que na infância lhe havia marcado com o sinal da cruz.

Coração Sempre Jovem. Estando em Milão, no seu horto; uma voz infantil o anima - "TOMA E LÊ" - a ler as Escrituras, ficando de repente iluminada a sua inteligência com uma luz de segurança e satisfazendo o seu coração - CORAÇÃO HUMANO - coração grande de jovem; era o outono do ano 386.

            Deixando a docência, retira-se a CASSICÍACO, recinto de paz e silêncio e põe em prática o Evangelho em profunda amizade compartilhada: vida de quietude, animada somente pela paixão à Verdade. Assim se prepara para ser batizado na Primavera de 387 por Santo Ambrósio.

Inspirador da Vida Religiosa .De novo em Tagaste - a mãe morre no porto de Roma - vende suas posses e projeta seu programa de vida comum: probreza, oração e trabalho. Por seus dotes naturais e títulos de graça, cresce em torno dele um grupo de amizade e funda para a história o Monacato Agostiniano.  No ano 391 é proclamado sacerdote pelo povo, e cinco anos mais tarde, os cristãos de Hipona o apresentam para o Episcopado. Consagrado BISPO DE HIPONA - título de serviço e não de honra - converte a sua residência em casa de oração e tribunal de causas. Inspirador da vida religiosa, pastor de almas, administrador de justiça, defensor da Fé e da Verdade. Prega e escreve de forma infatigável e condensa o pensamento do seu tempo. O Primeiro Homem Moderno

            Em 429 os vândalos, guiados por Genserico atravessam o Estreito de Gibraltar e atacam o norte africano. AGOSTINHO "cercado com o seu povo" sente amargura e luto, alenta o ânimo de seus fiéis e os convida à defesa. No terceiro mês do assédio, aos 76 anos de vida, em 28 de agosto de 430, começa a viver na Cidade de Deus uma vida mais nobre.
Ó eterna verdade e verdadeira caridade e cara eternidade!

Dos livros das Confissões, de Santo Agostinho, bispo

Instigado a voltar a mim mesmo, entrei em meu íntimo, sob tua guia e o consegui, porque tu te fizeste meu auxílio (cf. Sl 29,11). Entrei e com certo olhar da alma, acima do olhar comum da alma, acima de minha mente, vi a luz imutável. Não era como a luz terrena e evidente para todo ser humano. Diria muito pouco se afirmasse que era apenas uma luz muito, muito mais brilhante do que a comum, ou tão intensa que penetrava todas as coisas. Não era assim, mas outra coisa, inteiramente diferente de tudo isto. Também não estava acima de minha mente como óleo sobre a água nem como o céu sobre a terra, mas mais alta, porque ela me fez, e eu, mais baixo, porque feito por ela. Quem conhece a verdade, conhece esta luz.

  Ó eterna verdade e verdadeira caridade e cara eternidade! Tu és o meu Deus, por ti suspiro dia e noite. Desde que te conheci, tu me elevaste para ver que quem eu via, era, e eu, que via, ainda não era. E reverberaste sobre a mesquinhez de minha pessoa, irradiando sobre mim com toda a força. E eu tremia de amor e de horror. Vi-me longe de ti, no país da dessemelhança, como que ouvindo tua voz lá do alto: “Eu sou o alimento dos grandes. Cresce e me comerás. Não me mudarás em ti como o alimento de teu corpo, mas tu te mudarás em mim”.

 E eu procurava o meio de obter forças, para tornar-me idôneo a te degustar e não o encontrava até que abracei o mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus (1Tm 2,5), que é Deus acima de tudo, bendito pelos séculos (Rm 9,5). Ele me chamava e dizia: Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6). E o alimento que eu não era capaz de tomar se uniu à minha carne, pois o Verbo se fez carne (Jo 1,14), para dar à nossa infância o leite de tua sabedoria, pela qual tudo criaste.

 Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu, fora. E aí te procurava e lançava-me nada belo ante a beleza que tu criaste. Estavas comigo e eu não contigo. Seguravam-me longe de ti as coisas que não existiriam, se não existissem em ti. Chamaste, clamaste e rompeste minha surdez, brilhaste, resplandeceste e afugentaste minha cegueira. Exalaste perfume e respirei. Agora anelo por ti. Provei-te, e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

"NUNCA SEREI POBRE DE MÉRITOS, ENQUANTO ELE FOR RICO DE MISERICÓRDIA"... [MOMENTO DE ESPIRITUALIDADE]

A misericórdia de Deus: como é bela essa realidade da fé para a nossa vida! Como é grande e profundo o amor de Deus por nós! É um amor que não falha, que sempre segura a nossa mão, nos sustenta, levanta e guia.
            No Evangelho de João, o apóstolo Tomé experimenta precisamente a misericórdia de Deus, que tem um rosto concreto: O de Jesus, de Jesus ressuscitado. Tomé não confia nos demais apóstolos, quando lhe dizem: “Vimos o Senhor”; para ele não é o suficiente a promessa de Jesus que havia anunciado: Ao terceiro dia ressuscitarei. Tomé quer ver, quer colocar a sua mão no sinal dos cravos e no peito. E qual é a reação de Jesus? A paciência: Jesus não abandona Tomé relutante na sua incredulidade; dá-lhe uma semana de tempo, não fecha a porta, espera. E Tomé acaba por reconhecer a sua própria pobreza, a sua pouca fé. “Meu Senhor e meu Deus”: com essa invocação simples, mas cheia de fé, responde à paciência de Jesus. Deixa-se envolver pela misericórdia divina, vê-a a sua frente, nas feridas das mãos e dos pés, no peito aberto, e readquire a confiança: é um homem novo, já não incrédulo, mas crente.
            Recordemos também o caso de Pedro: por três vezes renega Jesus, precisamente quando Lhe devia estar mais unido; e, quando chega ao fundo, encontra o olhar de Jesus que, com paciência e sem palavras, lhe diz: “Pedro, não tenhas medo de tua fraqueza, confia em mim”. E Pedro compreende, sente o olhar amoroso de Jesus e chora... Como é belo esse olhar de Jesus! Quanta ternura! Irmãos e irmãs, não percamos jamais a confiança na paciente misericórdia de Deus!
            Pensemos nos dois discípulos de Emaús: o rosto triste, passos vazios, sem esperança. Mas Jesus não os abandona: percorre juntamente com eles a estrada. E não só; com paciência, explica as escrituras que assim se referiam e para na casa deles, partilhando a refeição. Este é o estilo de Deus: Não é impaciente como nós, que muitas vezes queremos tudo e imediatamente, mesmo quando se trata de pessoas. Deus é paciente conosco, porque nos ama; e quem ama compreende, espera, dá confiança, não abandona, não derruba as pontes, sabe perdoar. Recordemos na nossa vida de cristãos: Deus sempre espera por nós, mesmo quando nos afastamos! Ele nunca está longe e, se voltarmos para Ele, está pronto para nos abraçar.
            Causa-se sempre grande impressão a releitura da parábola do pai misericordioso; impressiona-me pela grande esperança que sempre me dá. Pensai naquele filho mais novo, que estava na casa do pai, era amado; e, todavia deseja a sua parte na herança; abandona a casa, gasta tudo, chega ao nível mais baixo, mais distante do pai; e, quando tocou o fundo, sente saudades do calor da casa paterna e regressa. E o Pai? Teria ele esquecido o filho? Não, nunca! Está lá, avista-o longe, corre ao seu encontro e abraça-o com ternura - a ternura de Deus -, sem uma palavra de censura: voltou! Isso é a alegria do Pai; naquele abraço ao filho, está toda a sua alegria: voltou! Deus sempre espera por nós, não se cansa. Jesus mostra-nos essa paciência misericordiosa de Deus, para sempre reencontrarmos confiança, esperança! Um grande teólogo alemão, Romano Guardini, dizia que Deus responde à nossa fraqueza com a paciência e isso é motivo de nossa confiança, de nossa esperança. É uma espécie de diálogo entre a nossa fraqueza e a paciência de Deus – um diálogo que, se entrarmos nele, nos dá esperança.
            Gostaria de sublinhar outro elemento: a paciência de Deus deve encontrar em nós a coragem de regressar a Ele, qualquer que seja o erro, qualquer que seja o pecado em nossa vida. Jesus convida Tomé a colocar a mão em suas chagas das mãos e dos pés e na ferida do peito. Nós também podemos entrar nas chagas de Jesus, podemos tocá-lo realmente; isso acontece toda vez que recebemos, com fé, os sacramentos. São Bernardo diz numa bela homilia: “Por essas feridas [de Jesus], posso saborear o mel dos rochedos e o azeite da rocha duríssima, isto é, posso saborear e ver como o Senhor é bom”. É justamente nas chagas de Jesus que vivemos seguros, nelas se manifesta o amor imenso do seu coração. Tomé o compreendera. São Bernardo pergunta: Mas, com que poderei contar? Com os meus méritos? “Todo o meu mérito está na misericórdia do Senhor. Nunca serei pobre de méritos, enquanto Ele for rico de misericórdia: se são abundantes as misericórdias do Senhor, também são muitos os seus méritos”. É importante a coragem de me entregar à misericórdia de Jesus, confiar na sua paciência, refugiar-me sempre nas feridas do Seu amor. São Bernardo chega a afirmar: “E se tenho consciência de muitos pecados? ‘onde abundou o pecado, superabundou a graça’”. Talvez algum de nós possa pensar: o meu pecado é tão grande, o meu afastamento de Deus é como o do filho mais novo da parábola, e minha incredulidade é como a de Tomé; não tenho coragem para voltar, para pensar que Deus possa me acolher e esteja à espera precisamente de mim. Mas é precisamente por ti que Deus espera! Só te pede a coragem de irdes ter com Ele. Quantas vezes, no meu ministério pastoral, ouvi repetir: “Padre tenho muitos pecados”; e o convite que sempre fazia era este: “Não temas, vai ter com Ele, que está a tua espera: ele resolverá tudo”. Ouvimos tantas propostas do mundo ao nosso redor; mas nos deixamos conquistar pela proposta de Deus: a proposta Dele é uma carícia de amor. Para Deus, não somos numerosos, somos importantes, somos o que Ele tem de mais importante; apesar de pecadores, somos aquilo que lhe é mais caro.
[A Igreja da misericórdia. Papa Francisco].

           
 

UM LUZ NA VIDA DO DISCÍPULO(A) DE HOJE

A Paróquia Nossa Senhora das Dores vem realizado um momento de formação bíblica com suas lideranças. No intuito de fomentar cada vez mais a relação com a Palavra de Deus buscando trazer esse contato para o dia a dia de nossas pastorais, na vivência do nosso discipulado. “Uma pastoral bíblica, ou melhor, uma pastoral constantemente animada pela Bíblia, sendo esta uma exigência que hoje se propõe a toda comunidade eclesial” [Lineamenta 21 - Sínodo da Palavra em 2008].
            A Escola São Lucas de Animação Bíblica da Pastoral, é como definimos nosso grupo de estudo, acontece nas 1ª e 3ª sextas-feira de cada mês (ou em outra data previamente combinada), às 19h na comunidade Nossa Senhora de Fátima em Betânia. O curso é aberto para todos que desejem fazer essa bela experiência de contato com a Sagrada Escritura. Além do momento de estudo, sempre procuramos reafirmar o processo com a ‘Leitura Orante da Palavra de Deus’, momento este que favorece a ligação do texto Bíblico com a vida do discípulo de hoje.

            Nesta sexta-feira dia 29, às 19h, estaremos dando continuidade com o estudo e meditação do evangelho de São João. Esperamos de coração aberto a quem por lá marcar presença. 

UM POUCO DO ESTUDO QUE JÁ FIZEMOS SOBRE O EVANGELHO DE MATEUS

CINCO DISCURSOS DA OBRA DE SÃO MATEUS
Esse texto é um resumo breve de uma seção que estudamos na Escola São Lucas de Animação Bíblica da Pastoral. Um pequeno resumo dos cinco grandes discursos da obra de São Mateus. Espero que possa ajudar despertando a curiosidade de estudo nessa área tão rica para o alimento da nossa fé, a saber, os evangelhos sinóticos.
Estudando um pouco e evangelho de São Mateus em seu conjunto percebemos com clareza que a trama narrativa desenvolve antes de tudo – como no evangelho de Marcos – o aspecto cristológico, mas também outro eclesiológico e histórico-salvíficos. Os discursos vão interpretando essa trama com intenções atualizante e fundamentalmente eclesial. É, pois, sobre a leitura da Igreja que gostaria de convidar a fazer essa leitura do evangelho de São Mateus.
No transcorrer de todo o relato de Mateus percebe-se um grande afã doutrinal. Quer instruir sua comunidade sobre os diversos aspectos do Reino dos Céus. Inclusive nas seções narrativas em comum com Marcos, Mateus é mais esquemático e conciso, buscando normalmente explicar ensinamentos doutrinais.
O interesse doutrinal revela-se, sobretudo, nos cinco grandes discursos que balizam toda a obra e demonstram sua grande capacidade para compor a síntese por meio da combinação das fontes. Ao final de cada um dos discursos, encontra-se a mesma fase estereotipada, o que é boa prova de sua identidade e importância: “e sucedeu quando terminou Jesus estas palavras...” Esta frase, além da função de conclusão do discurso, tem uma função de transição à narração a seguir.
Isso é de suma importância: os discursos não são corpos estranhos que rompem o relato, mas enxertam-se nele, conectam as seções narrativas e proporcionam o sentido da ação. Cada discurso contém sua própria unidade literária e temática; apresentam diversos aspectos do Reino dos Céus e há uma progressão entre eles. Como podemos ver no quadro abaixo:
OS CINCO GRANDES SERMÕES DE MATEUS:
1)    O SERMÃO DA MONTANHA – Jesus proclama o Reino dos céus e suas exigências.
2)    O DISCURSO MISSIONÁRIO – A extensão do Reino dos céus.
3)    O DISCURSO EM PARÁBOLAS – A natureza do Reino dos céus.
4)    O DISCURSO ECLESIOLÓGICO – A comunidade que aceita o Reino dos céus.
5)    O DISCURSO ESCATOLÓGICO – Preparados para a vinda do Reino dos céus.
a)    Mateus 5,1-7,29 O Sermão da montanha: Jesus proclama o Reino dos céus e suas exigências
Do ponto de vista sincrônico, o plano do Sermão da Montanha é o seguinte:
- Introdução (4,23-5,2)
I. exórdio: as bem-aventuranças do Reino dos céus (5,3-12) e a missão dos discípulos (5,13-16).
II. a justiça do Reino dos céus (5,17-7,12).
·         A lei cumprida pela justiça mais perfeita de Jesus (5,17-48).
·         A justiça feita em segredo (6,1-18).
·         O compromisso total exigido pela justiça do Reino (6,19-7,12).
III. Final: colocar em prática a palavra (7,13-27).
Na introdução, afirma-se que Jesus se dirige aos discípulos, com passo de fundo uma grande multidão e num contexto de especial solenidade (5,1). Jesus proclama as exigências vitais do Reino dos céus. Uma palavra, característica do vocabulário de Mateus, repete-se nos momentos chave, “justiça” (5,6. 10.20; 6,1.33): trata-se da perfeição moral que corresponde ao discípulos de Jesus. As bem-aventuranças que encabeçam o discurso, e que são originalmente a proclamação da alegria da chegada do Reino, foram interpretadas por Mateus como chave moral. Preocupam-no a perseguição (5,11-12), a manutenção da radicalidade cristã quando o ferver decai (5,21-48; 6,19-7,12), a missão (5,13-16), a coerência prática (7,13-27) e as relações com o judaísmo (6,1-18; 5,17-48).
b)   Mateus 9,35-10,42: O discurso missionário: a extensão do Reino dos céus
O discurso é dirigido aos discípulos e na introdução (9,35-38) dá-se a razão da missão: a misericórdia de Jesus pelo povo e o premio escatológico (“a messe é grande e poucos os operários”). Nesse discurso se distingue três partes: 10,1-5, o envio e alista dos doze; 10,5-16 instruções referente a missão no tempo de Jesus; 10,17-42 instruções que refletem a situação da missão pós-pascal.
O Reino dos céus que é proclamado no Sermão da Montanha deve ser entendido apesar da perseguição, contando com assistência do Pai. É muito clara a atualização eclesial dessas palavras de Jesus. É um discurso particularmente bem inserido na trama narrativa.
c)    Mateus 13,3-52: O discurso em parábolas: A natureza do Reino dos céus
O discurso consta de sete parábolas e é bem estruturado.
Introdução (13,1-2). Multidão.
·         À multidão. Parábola do semeador (13,3-9).
Três parábolas de crescimento:
·         Joio (13,24-30);
·         Mostarda (13,31-32);
·         Fermento (13,33).
Aos discípulos
Duas explicações: razão das parábolas (13,34-35)
Explicação da parábola do joio (13,36-43).
Três parábolas:
·         tesouro (13,44);
·         Pérola (13,45-46);
·         Rede (13,47-52).
Conclusão (13,51-52). Discípulos.
d)   Mateus 18,3-34: o discurso eclesiológico: a comunidade que aceita o Reino dos céus.
Todo material de marcos e da fonte Q foi reelaborado por Mateus e colocado a serviço de um discurso unitário, dirigido aos discípulos (18,1-2). Está em jogo como deve viver a comunidade que aceita o Reino dos céus. Concretamente preocupam as divisões internas da comunidade, o pecado e a situação fraca dos irmãos. A igreja local adota um procedimento para solucionar os conflitos (18,15-20), porém, tem como paradigma ultimo da atuação a misericórdia infinita de Deus; o comportamento cristão deve procurar identificar-se com a misericórdia do Pai (18,21-35).
e)    Mateus 23,1-25,46: O discurso escatológico: preparados para a vinda do Reino dos céus.
É um discurso longo com duas partes nitidamente diferenciadas: o capítulo 23 faz uma retrospectiva, e uma ruptura com o judaísmo; os capítulos 24 e 25 projetam para o futuro, até a vinda definitiva do Reino. Contudo trata-se de um só discurso.
Referências:
Bíblia do Peregrino. Paulus 2002.
Evangelhos sinóticos. Editora Ave Maria.