Para aqueles que desejam ter um contato a mais com os textos de nossas formações litúrgica aqui está. Esta formação foi realizada em outubro de 2014. O grande objetivo desse momento foi proporcionar um espaço de reflexão acerca da antropologia em contato com o sagrado, representado por meio dos atos celebrativos.
No final do nosso momento de reflexão fizemos uma pequena e profunda celebração sobre um aspecto da Eucaristia: a ação de graças. e tudo terminou com uma partilha do pão e do vinho, como reflexo da partilha de vida vivida momentos antes.
MOMENTO LITÚRGICO
PONTO DE PARTIDA ANTROPOLÓGICO
NA CASA DAS PALAVRAS (Eduardo
Galeno)
Na
casa das palavras, sonhou Helena Villagra, chegavam os poetas.
As
palavras, guardada em velhos vidros de cristal,
Esperavam
pelos poetas e se ofereciam,
Loucas
de vontade de ser colhidas:
Elas
rogavam aos poetas que as olhassem, as cheirassem, as tocassem, as provassem.
Os
poetas abriam os frascos,
Provavam
as palavras com o dedo e então lambiam os lábios, ou fechavam a cara.
Os
poetas andavam em busca de palavras que não conheciam,
E
também buscavam palavras que conheciam e tinham perdido.
Na
Casa das Palavras havia uma mesa de core.
Em
grandes travessas as cores eram oferecidas
E
cada poeta se servia da cor que estava precisando:
Amarelo-limão
ou amarelo sol,
Azul
do mar ou de fumaça,
Vermelho
–lacre, vermelho-vinho...
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PALAVRAS AO VENTO –
Marisa Monte/Morais Moreira
Ando por aí querendo te
encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será
Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras .. Momentos
Palavras pequenas
Palavras .. Momentos
Ando por aí querendo te
encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Que o nosso amor ora sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Que o nosso amor ora sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será
Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras momentos
Palavras, palavras
Palavras, palavras
Palavras ao vento
Palavras pequenas
Palavras momentos
Palavras, palavras
Palavras, palavras
Palavras ao vento
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O que é
liturgia?
O
que é celebrar?
Celebrar é uma atividade humana e religiosa
universal. É uma parte integrante da vida humana. Consiste em tornar célebre,
importante, inesquecível um acontecimento ou pessoas; é realçar o significado
de aspectos fundamentais da vida pessoal, familiar, social, religiosa.
A
celebração manifesta o desejo de encontro e de comunhão que reside na pessoa
humana. Celebrar é dar tempo livre e gratuito àquilo que significa e alicerça a
vida. Celebrar é sentir, é “curtir” juntos a vida.
Toda
celebração é motivada por um acontecimento digno de ser comemorado. Tanto fatos
alegres e extraordinários: aniversário, casamento, gol do seu time de futebol,
uma vitória alcançada... Como qualquer acontecimento percebido como importante,
seja na vida pessoal, seja no grupo social, seja no grupo religioso como a
doença, a morte, um acidente, uma
colheita, uma reconciliação...requer uma celebração.
As
pessoas guardam e celebram o que é mais precioso aos seus olhos e que o dia a
dia de trabalho lhes impede habitualmente de perceber e de captar. A celebração
trabalha com ritos e símbolos; é uma ação simbólica, evoca, lembra uma realidade
vivida ou um acontecimento significativo e o atualiza, fazendo reviver, o que
ele representa.
Na
religião, a celebração é uma maneira privilegiada de pôr homens e mulheres em
comunhão entre si, com a nossa fé. É fazer memória, tornar presente e atual o
acontecimento fundante do povo de Deus, isto é, a vida, paixão, morte,
ressurreição do Senhor e o derramamento de seu Espírito, prolongamento da
história da salvação que Cristo veio trazer a todos.
Por
símbolos, compreendemos um sinal sensível: representativo (objeto, pessoa,
ação, espaço, tempo) que evoca, manifesta, vele/revela uma realidade não
sensível – o significado. É “representação que faz aparecer um mistério” (G.
Durand).
·
A estrutura da
celebração-festa
·
Objetivo da
festa: O que se celebra?
·
Sujeito da
festa: Quem celebra?
·
Lugar da festa:
Onde se celebra?
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Tempo da festa:
Quando se celebra?
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Sinais festivos:
Como se celebra?
-
A cultura ocidental moderna,
racionalista, tem dificuldade em valorizar a meditação simbólico-ritual. O rito
escapa do domínio da razão. No entanto, tal rejeição significa negação da
própria identidade e experiência vital. Apesar do domínio da razão, o rito está
presente nas sociedades modernas e pós modernas como expressão do sagrado, ou
como expressão do profano (olimpíadas...), ou ainda como expressão do cotidiano
(aniversário, casamento, funeral).
Entre
os indígenas aprender o rito é
aprender as tradições dos antepassados, é aprender os mitos que explicam origem
e o sentido da vida e do mundo. A memória da resistência coletiva do povo negro
em situação de escravidão no Brasil foi conservada graças à fiel observância
dos rituais. O catolicismo popular se expressa por meio de uma variedade de
símbolos e ritos com seus significados.
No judaísmo é um lugar de vivencia e compreensão da fé, como o
permanente lembrar-se da manifestação de Deus na vida e na história. “Quando
teus filhos te perguntarem ‘o que significa este rito’, responderás: ‘é o
sacrifício da páscoa do Senhor. Ele passou no Egito junto às casas dos
israelitas, ferindo os egípcios e protegendo nossas casas’”.
No cristianismo consideramos a liturgia como
‘lugar teológico primeiro’ porque a experiência cristã começa a fazer parte da
vida humana, quando se expressa em símbolos. A fé cristã deve sim expressar-se
pelo saber teológico e pela ética, mas não é o suficiente. Faz-se necessário
que se expresse de modo evocativo, poético, simbólico, existencial.
AS TRÊS COLUNAS QUE SUSTENTAM O
MUNDO
Na
tradição judaica há uma sentença de Simeão, o justo, no pequeno livro Pirqé
Avot (palavras dos pais) que diz o seguinte: “o mundo repousa sob três pilares:
o ensino (estudo e meditação da Torah), a liturgia (oração) e as obras de
misericórdia (solidariedade, ética, ação)”. As três colunas visam a paz universal,
do mundo inteiro, embora necessariamente vividas em uma tradição particular. É
importante igualmente observar a ordem das colunas: primeiro a meditação da
Torah, depois a liturgia e a oração, depois a profecia. E as três em todos os
tempos, a tradição judaica deixou-se inspirar por esta sentença. Vale ressaltar
que o mundo repousa sobre essas três colunas, e não apenas o judaísmo.