sexta-feira, 31 de outubro de 2014

FORMAÇÃO LITÚRGICA OUTUBRO DE 2014 -PARÓQUIA NOSSA SENHORA DAS DORES


Para aqueles que desejam ter um contato a mais com os textos de nossas formações litúrgica aqui está. Esta formação foi realizada em outubro de 2014. O grande objetivo desse momento foi proporcionar um espaço de reflexão acerca da antropologia em contato com o sagrado, representado por meio dos atos celebrativos.
No final do nosso momento de reflexão fizemos uma pequena e profunda celebração sobre um aspecto da Eucaristia: a ação de graças. e tudo terminou com uma partilha do pão e do vinho, como reflexo da partilha de vida vivida momentos antes. 

MOMENTO LITÚRGICO
PONTO DE PARTIDA ANTROPOLÓGICO
NA CASA DAS PALAVRAS (Eduardo Galeno)
Na casa das palavras, sonhou Helena Villagra, chegavam os poetas.
As palavras, guardada em velhos vidros de cristal,
Esperavam pelos poetas e se ofereciam,
Loucas de vontade de ser colhidas:
Elas rogavam aos poetas que as olhassem, as cheirassem, as tocassem, as provassem.
Os poetas abriam os frascos,
Provavam as palavras com o dedo e então lambiam os lábios, ou fechavam a cara.
Os poetas andavam em busca de palavras que não conheciam,
E também buscavam palavras que conheciam e tinham perdido.
Na Casa das Palavras havia uma mesa de core.
Em grandes travessas as cores eram oferecidas
E cada poeta se servia da cor que estava precisando:
Amarelo-limão ou amarelo sol,
Azul do mar ou de fumaça,
Vermelho –lacre, vermelho-vinho...
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PALAVRAS AO VENTO – Marisa Monte/Morais Moreira
Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será
Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras .. Momentos
Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Que o nosso amor ora sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será
Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras momentos
Palavras, palavras
Palavras, palavras
Palavras ao vento


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O que é liturgia?
O que é celebrar?
 Celebrar é uma atividade humana e religiosa universal. É uma parte integrante da vida humana. Consiste em tornar célebre, importante, inesquecível um acontecimento ou pessoas; é realçar o significado de aspectos fundamentais da vida pessoal, familiar, social, religiosa.
A celebração manifesta o desejo de encontro e de comunhão que reside na pessoa humana. Celebrar é dar tempo livre e gratuito àquilo que significa e alicerça a vida. Celebrar é sentir, é “curtir” juntos a vida.
Toda celebração é motivada por um acontecimento digno de ser comemorado. Tanto fatos alegres e extraordinários: aniversário, casamento, gol do seu time de futebol, uma vitória alcançada... Como qualquer acontecimento percebido como importante, seja na vida pessoal, seja no grupo social, seja no grupo religioso como a doença,  a morte, um acidente, uma colheita, uma reconciliação...requer uma celebração.
As pessoas guardam e celebram o que é mais precioso aos seus olhos e que o dia a dia de trabalho lhes impede habitualmente de perceber e de captar. A celebração trabalha com ritos e símbolos; é uma ação simbólica, evoca, lembra uma realidade vivida ou um acontecimento significativo e o atualiza, fazendo reviver, o que ele representa.
Na religião, a celebração é uma maneira privilegiada de pôr homens e mulheres em comunhão entre si, com a nossa fé. É fazer memória, tornar presente e atual o acontecimento fundante do povo de Deus, isto é, a vida, paixão, morte, ressurreição do Senhor e o derramamento de seu Espírito, prolongamento da história da salvação que Cristo veio trazer a todos. 
Por símbolos, compreendemos um sinal sensível: representativo (objeto, pessoa, ação, espaço, tempo) que evoca, manifesta, vele/revela uma realidade não sensível – o significado. É “representação que faz aparecer um mistério” (G. Durand).
·         A estrutura da celebração-festa
·         Objetivo da festa: O que se celebra?
·         Sujeito da festa: Quem celebra?
·         Lugar da festa: Onde se celebra?
·         Tempo da festa: Quando se celebra?
·         Sinais festivos: Como se celebra?
- A cultura ocidental moderna, racionalista, tem dificuldade em valorizar a meditação simbólico-ritual. O rito escapa do domínio da razão. No entanto, tal rejeição significa negação da própria identidade e experiência vital. Apesar do domínio da razão, o rito está presente nas sociedades modernas e pós modernas como expressão do sagrado, ou como expressão do profano (olimpíadas...), ou ainda como expressão do cotidiano (aniversário, casamento, funeral).
Entre os indígenas aprender o rito é aprender as tradições dos antepassados, é aprender os mitos que explicam origem e o sentido da vida e do mundo. A memória da resistência coletiva do povo negro em situação de escravidão no Brasil foi conservada graças à fiel observância dos rituais. O catolicismo popular se expressa por meio de uma variedade de símbolos e ritos com seus significados.
No judaísmo é um lugar de vivencia e compreensão da fé, como o permanente lembrar-se da manifestação de Deus na vida e na história. “Quando teus filhos te perguntarem ‘o que significa este rito’, responderás: ‘é o sacrifício da páscoa do Senhor. Ele passou no Egito junto às casas dos israelitas, ferindo os egípcios e protegendo nossas casas’”.
 No cristianismo consideramos a liturgia como ‘lugar teológico primeiro’ porque a experiência cristã começa a fazer parte da vida humana, quando se expressa em símbolos. A fé cristã deve sim expressar-se pelo saber teológico e pela ética, mas não é o suficiente. Faz-se necessário que se expresse de modo evocativo, poético, simbólico, existencial.
AS TRÊS COLUNAS QUE SUSTENTAM O MUNDO
Na tradição judaica há uma sentença de Simeão, o justo, no pequeno livro Pirqé Avot (palavras dos pais) que diz o seguinte: “o mundo repousa sob três pilares: o ensino (estudo e meditação da Torah), a liturgia (oração) e as obras de misericórdia (solidariedade, ética, ação)”. As três colunas visam a paz universal, do mundo inteiro, embora necessariamente vividas em uma tradição particular. É importante igualmente observar a ordem das colunas: primeiro a meditação da Torah, depois a liturgia e a oração, depois a profecia. E as três em todos os tempos, a tradição judaica deixou-se inspirar por esta sentença. Vale ressaltar que o mundo repousa sobre essas três colunas, e não apenas o judaísmo.



A LITURGIA DO POVO DE DEUS

Nós que formamos a paróquia Nossa Senhora das Dores em Croatá estamos vivendo uma bonita e edificante caminhada formativa no tocante a liturgia. Na formação de amanhã iniciaremos com esta pérola de Pedro Casaldáliga...Como dizia um grande professor: "apenas algumas gotinhas de mel que sai do favo". Contamos com a presença de todos os membros de nossa maravilhosa equipe de liturgia. 

A LITURGIA DO POVO DE DEUS
A Palavra – Pedro Casaldáliga
Antes.
Sendo noite,
Já era a Palavra.
No vendo e nas flautas.
Falava nos montes,
Falava nas águas.
Plantava, colhia, dançava.
Falava na vida. A vida;
Na morte, a Terra sem males falava.

E veio a Palavra,
Se dizendo dia,
Cercado de armas,
Forrada de bíblia
E matava a vida e a morte falava.
Era má noticia
A boa noticia falada.
E o verbo morria
Nas mãos da palavra.

Agora é hora de ser simplesmente
Palavra a palavra.
A boa noticia,
Desnuda e amada,
Vestida de bíblia,
Despida de armas,
Cheirosa de povo

No vendo, no sangue, nas flautas.

A PALAVRA DE DEUS É VIVA E EFICAZ

TEXTO MEDITATIVO 
A palavra de Deus é viva e eficaz

A palavra de Deus é viva e eficaz, mais penetrante que uma espada de dois gumes (Hb 4,12). Quão grande seja o poder e quanta sabedoria na palavra de Deus, estas palavras o demonstram aos que buscam a Cristo, que é o verbo, poder e sabedoria de Deus. Coeterno com o Pai no princípio, este verbo no tempo determinado revelou-se aos apóstolos e, por eles anunciado, foi humildemente recebido na fé pelos povos que crêem. Está, portanto, o verbo no Pai, o verbo nos lábios, o verbo no coração.
Esta palavra de Deus é viva; o Pai deu-lhe ter a vida em si mesmo, do mesmo modo como tem ele a vida em si mesmo. Por isto é não apenas viva, mas a vida, conforme ele disse a seu respeito: Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6). Sendo a vida, é vivo de forma a ser vivificante. Pois, como o Pai ressuscita os mortos e vivifica-os, também o Filho vivifica a quem quer (Jo 5,21). É vivificante ao chamar o morto do sepulcro: Lázaro, vem para fora (Jo 11,42). Quando esta palavra é pregada pela voz do pregador que se escuta no exterior, ele dá a esta voz a palavra de poder, percebida interiormente. Por ela, os mortos revivem e com seus louvores são suscitados filhos de Abraão. É, portanto, viva esta palavra no coração do Pai, viva na boca do pregador, viva no coração daquele que crê e ama. Sendo assim viva, não há dúvida de ser também eficaz.
É eficaz na criação das coisas, eficaz no governo do mundo, eficaz na redenção do universo. Que de mais eficaz, de mais poderoso? Quem dirá seus portentos, fará ouvir todo o seu louvor? (Sl 105,2). É eficaz ao agir, eficaz ao ser anunciada. Pois não volta vazia, mas tem êxito em tudo a quanto é enviada.

Eficaz e mais penetrante do que a espada de dois gumes (Hb 4,12), quando é crida e amada. O que será impossível a quem crê, ou difícil a quem ama? Quando este verbo fala, suas palavras transpassam o coração quais setas agudas do poderoso. Como pregos profundamente cravados, entram e penetram até o mais íntimo. Porque é mais aguda do que a espada de dois gumes esta palavra, já que é mais poderosa do que toda a força e poder para abrir, e mais sutil do que a maior argúcia do engenho humano. Mais que toda sabedoria humana e a sutileza das palavras doutas, é ela penetrante.

Das Obras de Balduíno de Cantuária, bispo

sábado, 11 de outubro de 2014

TEXTO - A AMIZADE EM DEUS

A amizade de Deus
Nosso Senhor, o Verbo de Deus, que primeiro atraiu os homens para serem servos de Deus, libertou em seguida os que lhe estavam submissos, como ele próprio disse aos seus discípulos: Já não nos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai (Jo 15,15). A amizade de Deus concede a imortalidade aos que a obtêm.
            No princípio, Deus formou Adão, não porque tivesse necessidade do homem, mas para ter alguém que pudesse receber os seus benefícios. De fato, não só antes de Adão, mas antes da criação, o Verbo glorificava seu Pai, permanecendo nele, e era também glorificado pelo Pai, como ele mesmo declara: Pai, glorifica-me com a glória que eu tinha junto de ti antes que o mundo existisse (Jo 17,5).
Não foi também por necessitar de nosso serviço que Deus nos mandou segui-lo, mas para dar-nos a salvação. Pois seguir o salvador é participar da salvação, e seguir a luz é receber a luz.
Quando os homens estão na luz, não são eles que a iluminam, mas são iluminados e tornam-se resplandecentes por ela. Nada lhe proporcionam, mas dela recebem o beneficio e a iluminação.
Do mesmo modo, o serviço que prestam a Deus nada acrescenta a Deus, porque ele não precisa do serviço dos homens. Mas aos que o seguem e servem, Deus concede a vida, a incorruptibilidade e a glória eterna. Ele dá seus benefícios aos que o servem precisamente porque o servem e aos que o seguem precisamente porque o seguem; mas não recebe deles nenhum beneficio, porque é rico, perfeito e de nada precisa.
Se Deus requer o serviço dos homens é porque, sendo bom e misericordioso, deseja conceder os seus dons aos que perseveram no seu serviço. Com efeito, Deus de nada precisa, mas o homem é que precisa da comunhão com Deus.
É esta, pois, a glória do homem: perseverar e permanecer no serviço de Deus. Por este motivo dizia o Senhor aos seus discípulos: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi (Jo 15,16), dando assim a entender que não eram eles que o glorificavam seguindo-o, mas, por terem seguido o Filho de Deus, eram por ele glorificados. E disse ainda: Quero que estejam comigo onde eu estiver, para que eles contemplem a minha glória (Jo 17,24).

[Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo Séc. II]

REFLEXÃO PARA SOLENIDADE DE NOSSA SENHORA APARECIDA

Nossa Senhora da Conceição Aparecida . Solenidade

1ª Leitura - Est 5,1b-2; 7,2b-3

Salmo - Sl 44(45),11-12a.12b-13.14-15a.15b-16 (R. 11.12a)

2ª Leitura - Ap 12,1.5.13a.15-16a

Evangelho - Jo 2,1-11

 

A liturgia de hoje enfatiza a luta travada entre o bem e o mal. Do lado do bem está a mulher, que tanto na época de Ester quanto na de Maria tinha pouco espaço de ação na sociedade. Parece uma luta perdida, as forças das trevas e da morte estão em proporções gigantescas. Mas a mulher sai vencedora porque luta pela vida, e o Deus da vida está com ela.

O v. 1 do capítulo 5 do livro de Ester começa com a expressão “no terceiro dia” (o texto da liturgia suprimiu essa referência). Trata-se do terceiro dia do jejum, mas a expressão significa muito mais do que isso. Os sábios judeus, ao interpretar Oseias 6,2, afirmam que a expressão “terceiro dia” ou “três dias”, significa o tempo da salvação. Até dois dias o Senhor poderá deixar o justo sofrer, mas no terceiro dia o salvará.

Ester corria o risco de ser executada, mesmo sendo rainha, pois a lei daquele país (a Pérsia) proíba a qualquer um apresentar-se perante o rei sem que ele tivesse sido chamado. Mas Ester arriscou a própria vida para interceder pela vida de seu povo. Sua vida foi preservada porque o rei estendeu o cetro para que Ester o tocasse e, segundo a lei, fosse poupada da morte.

Percebendo ter ganhado o favor do rei, Ester fez o pedido: “Concede-me a vida, pela qual suplico, e a vida do meu povo, pelo qual te peço” (7,3). O rei havia oferecido a Ester até metade de seu reino, mas ela pediu um bem mais precioso, a vida para si mesma e para seu povo.

No texto do Apocalipse, aparece a mulher que luta contra o dragão, representante das forças das trevas e da morte. É uma mulher coroada, mas sua realeza provém exclusivamente da realeza do Filho, que “governa todas as nações com cetro de ferro” (v. 5a).

O Filho é levado para junto de Deus e do seu trono, alusão a Ascenção de Cristo ao céu. Isso significa que o Filho é vencedor contra as forças representadas pelo dragão. E para usufruir dessa vitória, é necessário que cada cristão sustente a luta. No combate contra as forças do mal, o ser humano é sustentado pela fé e pela graça. Sustentado também a materna proteção de Maria, que não cessa de interceder a seu Filho para que a humanidade alcance a vida em plenitude.

O texto do evangelho de hoje começa com a expressão “no terceiro dia”, cujo significado nos remete ao dia da intervenção divina a favor do justo. Nesse caso, o acontecimento divino é o “inicio dos sinais” - ou seja, a manifestação da salvação de Deus já começou. E Maria é aquela que intercede a Cristo. Ela pede o vinho da nova aliança, que significa ter vida em plenitude. E, para experimentar o vinho novo, é preciso fazer tudo o que Cristo disser. Maria é aquela que nos aponta o Filho. Seu desejo maternal para conosco é que sejamos seguidores de Jesus.

A certeza com que Maria se dirige a Jesus, apesar de não ser ainda a hora, reflete seu verdadeiro discipulado, porque ela acreditou muito antes de ver o sinal. Por isso, Maria é verdadeira intercessora da Igreja. Ela acredita e confia na ação de Deus em favor de seu povo.



segunda-feira, 6 de outubro de 2014

MOMENTO COM A PALAVRA 06.10.14


LITURGIA DA PALAVRA 06,10.14
Irmãos: 
6Admiro-me de terdes abandonado tão depressa 
aquele que vos chamou, na graça de Cristo, 
e de terdes passado para um outro evangelho. 
7Não que haja outro evangelho, 
mas algumas pessoas vos estão perturbando 
[PF2] e querendo mudar o evangelho de Cristo. 
8Pois bem, mesmo que nós ou um anjo vindo do céu 
vos pregasse um evangelho 
diferente daquele que vos pregamos, seja excomungado. 
9Como já dissemos e agora repito: 
Se alguém vos pregar um evangelho 
[PF3] 
diferente daquele que recebestes, seja excomungado. 
10Será que eu estou buscando a aprovação dos homens 
ou a aprovação de Deus? 
Ou estou procurando agradar aos homens? 
Se eu ainda estivesse preocupado em agradar aos homens, 
não seria servo de Cristo. 
11Irmãos, asseguro-vos que o evangelho pregado por mim 
não é conforme a critérios humanos.
 
[PF4] 12Com efeito, não o recebi nem aprendi de homem algum, 
mas por revelação de Jesus Cristo. 
Palavra do Senhor. 
[PF5] 



 [PF1]O CONTEXTO DA CARTA DE PAULO AOS GÁLATAS: Os judeus judaizantes desqualificam o trabalho do apóstolo. Propondo o abandono da comunidade formada em Cristo para viver a lei judaica.  
 [PF2]O contexto da oposição na vida da comunidade. Membros da própria comunidade que acabam  colocando ideias contrárias ao projeto de Jesus Cristo.
 [PF3]Qual será o critério para sabermos se estamos a favor ou contra os planos de Cristo na vida em comunidade?
 [PF4]O único critério é o Evangelho de Jesus Cristo. A comunidade primitiva se manteve e procurou discernimento nos critério do evangelho.
 [PF5]Tudo isso para não implantarmos os nossos critérios. Pois as comunidades não devem se fortificar com critérios humanos. 

sábado, 4 de outubro de 2014

MOMENTO COM A PALAVRA - XXVII DOMINGO COMUM


XXVII DOMINGO COMMUM
Leitura do Livro do Profeta Isaías 5,1-7
1Vou cantar para o meu amado
o cântico da vinha de um amigo meu:
Um amigo meu possuía uma vinha em fértil encosta.
2Cercou-a, limpou-a de pedras,
plantou videiras escolhidas,
edificou uma torre no meio e construiu um lagar;
esperava que ela produzisse uvas boas,
mas produziu uvas selvagens.
3Agora, habitantes de Jerusalém e cidadãos de Judá,
julgai a minha situação e a de minha vinha.
4O que poderia eu ter feito a mais por minha vinha
e não fiz?
Eu contava com uvas de verdade,
mas por que produziu ela uvas selvagens?
5Pois agora vou mostrar-vos o que farei com minha vinha:
vou desmanchar a cerca, e ela será devastada;
vou derrubar o muro, e ela será pisoteada.
6Vou deixá-la inculta e selvagem:
ela não terá poda nem lavra,
espinhos e sarças tomarão conta dela;
não deixarei as nuvens derramar a chuva sobre ela.
7Pois bem, a vinha do Senhor dos exércitos
é a casa de Israel,
e o povo de Judá, sua dileta plantação;
eu esperava deles frutos de justiça - e eis injustiça;
esperava obras de bondade - e eis iniqüidade.
Palavra do Senhor.
R. A vinha do Senhor é a casa de Israel.

9Arrancastes do Egito esta videira,*
e expulsastes as nações para plantá-la;
12até o mar se estenderam seus sarmentos,*
até o rio os seus rebentos se espalharam.R.

13Por que razão vós destruístes sua cerca,*
para que todos os passantes a vindimem,
14o javali da mata virgem a devaste,*
e os animais do descampado nela pastem?R.

15Voltai-vos para nós, Deus do universo!
Olhai dos altos céus e observai.*
Visitai a vossa vinha e protegei-a!
16Foi a vossa mão direita que a plantou;*
protegei-a, e ao rebento que firmastes!R.

19E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus!*
Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome!
20Convertei-nos, ó Senhor Deus do universo,
e sobre nós iluminai a vossa face!*
Se voltardes para nós, seremos salvos!R.

Leitura da Carta de São Paulo aos Filipenses 4,6-9
Irmãos:
6Não vos inquieteis com coisa alguma,
mas apresentai as vossas necessidades a Deus,
em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças.
7E a paz de Deus, que ultrapassa todo o entendimento,
guardará os vossos corações e pensamento
em Cristo Jesus.
8Quanto ao mais, irmãos, ocupai-vos
com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo,
puro, amável, honroso,
tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor.
9Praticai o que aprendestes e recebestes de mim,
ou que de mim vistes e ouvistes.
Assim o Deus da paz estará convosco.
Palavra do Senhor.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 21,33-43
Naquele tempo, Jesus disse aos sumos sacerdotes
e aos anciãos do povo:
33Escutai esta outra parábola:
Certo proprietário plantou uma vinha, pôs uma cerca em
volta, fez nela um lagar para esmagar as uvas
e construiu uma torre de guarda.
Depois arrendou-a a vinhateiros,
e viajou para o estrangeiro.
34Quando chegou o tempo da colheita,
o proprietário mandou seus empregados aos vinhateiros
para receber seus frutos.
35Os vinhateiros, porém, agarraram os empregados,
espancaram a um, mataram a outro,
e ao terceiro apedrejaram.
36O proprietário mandou de novo outros empregados,
em maior número do que os primeiros.
Mas eles os trataram da mesma forma.
37Finalmente, o proprietário, enviou-lhes o seu filho,
pensando: `Ao meu filho eles vão respeitar'.
38Os vinhateiros, porém, ao verem o filho, disseram entre
si: `Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo
e tomar posse da sua herança!'
39Então agarraram o filho,
jogaram-no para fora da vinha e o mataram.
40Pois bem, quando o dono da vinha voltar,
o que fará com esses vinhateiros?'
41Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam:
'Com certeza mandará matar de modo violento esses
perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros,
que lhe entregarão os frutos no tempo certo.'
42Então Jesus lhes disse:
'Vós nunca lestes nas Escrituras:
`a pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se a pedra angular;
isto foi feito pelo Senhor
e é maravilhoso aos nossos olhos'?
43Por isso eu vos digo:
o Reino de Deus vos será tirado
e será entregue a um povo que produzirá frutos.
Palavra da Salvação.
REFLEXÃO PARA O XXVII DOMINGO COMUM

 

A liturgia de hoje se inicia na primeira leitura com um belo cântico da vinha. O tema da vinha é um tema muito caro na literatura sagrada. Vemos o relato de Oseias 10 que fala também do tema da vinha “Israel era uma videira frondosa, dava frutos: quanto mais frutos, mais altares”. E no Novo Testamento vemos o relato de Mt 21,33-45 e Jo 15,1-6.
A vinha representa a plantação de Deus e em última análise pode ser comparada com a Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, a Igreja que ainda hoje servimos com nossa vida. Pois bem, na famosa canção da vinha nesta primeira leitura de hoje se observa três elementos: a) O duplo plano simbólico. É um canto de trabalho, é um cântico de amor. Aquele que ama canta o fracasso amoroso do Senhor com o seu povo. b) O verbo fazer, com as suas especificações agrícolas aparece sete vezes, onde fica muito claro que o amor não é só sentimento, mas obras de ambas as partes. O paradoxo que se instala aqui é que o amor ao próximo deve corresponder ao amor que Deus deposita nos seus amantes. c) O cântico tem como objetivo fazer com que o povo mesmo analise a realidade que ai está colocada e faça ele mesmo a sentença. 
Uma sentença dura da parte de Deus para com essa vinha. Um Deus que deposita tantos cuidados com a vinha, que espera frutos de justiça, de sinceridade e nada de bom se produz. Uma Palavra que hoje nos questiona a respeito das nossas atitudes em relação à proposta de Deus. “Pois bem, a vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel, e o povo de Judá, sua dileta plantação; eu esperava deles frutos de justiça - e eis injustiça;
esperava obras de bondade - e eis iniquidade”.
Deus continua se comunicando e os trabalhadores da vinha continuam respondendo de forma negativa no seio da comunidade, no seio da vinha de Deus. O certo é que Deus sempre responde e responde no tempo certo aos trabalhadores da vinha.
O texto da segunda leitura traça um itinerário para que o cristão possa ter uma práxis que seja fruto de seu relacionamento com Deus. Primeiramente diz: “Não vos preocupeis com coisa alguma”. Isso não é um convite a uma vida irresponsável ou inconsequente, mas um convite à confiança total em Deus, a fim de que os pensamentos fiquem livres de aflições e ansiedades.
Se alguma situação se torna muito difícil para nós, então devemos nos repostar a Deus com orações e “suplicas”, no sentido de algo que necessitamos muito (súplica). Mas as orações de súplica devem estar unidas à ação de graças, porque devemos agradecer a Deus antes mesmo de receber a resposta de nossos pedidos. Talvez Deus não realize exatamente o que esperamos, mas sabemos que ele sempre responde às nossas orações e por isso devemos agradecer imediatamente.
E como nossa mente já não está sobrecarregada com as preocupações e ansiedades, então podemos nos ocupar com o que é essencial (V8). Levar uma vida exemplar no mundo (dar testemunho), sendo verdadeiros, sabendo respeitar a dignidade do outro, sendo amáveis, sendo puros, enfim, praticando as virtudes.
Numa releitura do texto de Isaias, o evangelho de hoje vem acentuar a importância dos lideres religiosos no exercício de sua missão na comunidade: cuidar da vinha.
O cultivo da vinha exige muita dedicação, porque ela representa frequentemente os escolhidos de Deus, muito valiosos para ele. O dono da vinha esteve distante até o tempo em que ela deveria dar frutos e a confiou a empregados. Jesus está dizendo aos seus interlocutores que eles são apenas servos de Deus, que a função deles é entregar os frutos para o verdadeiro dono, mas eles queriam fazer as coisas do jeito deles.
Os servos queriam a parte que pertencia a Deus. Mas somente o Senhor tem a ultima palavra na condução do povo. E somente a Deus pertence o louvor, não aos lideres religiosos. Então a liderança religiosa já não estará com aquele grupo; caberá a quem fizer a vinha produzir frutos para Deus.

Esta realidade criticada pelo evangelho de hoje está presente na Igreja em todos os tempos, porque o ser humano é sempre tentado a usurpar o lugar de Deus. Para aprendermos a assumir nosso papel na liderança da comunidade, basta olhar para Jesus, que não se apegou a seu ser igual a Deus uma usurpação, mas assumiu a condição de servo (Fl 2,6-7). 

REUNIÃO COM AS COMUNIDADES 04.10.14

RENOVAÇÃO DA PARÓQUIA: URGÊNCIA DOS TEMPOS ATUAIS

“As paróquias têm um papel fundamental na evangelização e precisam tornar-se sempre mais comunidades vivas e dinâmicas de discípulos missionários de Jesus Cristo” (DGAE, nº 154).

Há alguns anos estamos vivendo um processo de renovação da instituição paroquial. O papa João Paulo II, em 1999, no Sínodo para as Américas, chamava a atenção sobre a urgência de repensar a significativida de da presença da Igreja-paróquia nas cidades . Dizia: “merecem uma especial atenção, pela sua problemática específica, as paróquias nos grandes aglomerados urbanos, onde as dificuldades são tão grandes que as normais estruturas pastorais vêm a ser inadequadas e as possibilidades de ação apostólica notavelmente reduzidas”.

De certa forma, o processo de renovação das paróquias ainda é muito lento. Nossos modelos de pastoral, método, gestão, testemunho e linguagem necessitam de urgente revisão.

                As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil trazem notável contribuição nessa direção.

PISTAS DE AÇÃO A PARTIR DAS DGAE
1- COMUNHÃO COM A IGREJA: as DGAE convocam as paróquias a caminhar em sintonia com as propostas da Igreja no Brasil. E neste momento em que o Espírito de Deus a inspira toda a Igreja a “avançar para águas mais profundas”, também queremos “lançar as redes”! Não se trata de “mudar por mudar”, mas de docilmente deixar-se conduzir pelo Espírito, de estar atento aos sinais dos tempos e de acreditar que o Senhor caminha conosco.

2- COMUNIDADE ABERTA: um dos aspectos que devem marcar a renovação de uma paróquia é a abertura à participação de todos! Sua vocação é ser  “comunidade aberta”. Cada um deve ser um canal de comunicação com os outros, convidar para participar, divulgar as atividades da comunidade, testemunhar o que “vimos e ouvimos”!

3- ATENDIMENTO DIVERSIFICADO: a significatividade da presença da Igreja se caracteriza também pela qualidade do serviço que ela for capaz de oferecer às pessoas e na sua capacidade de acolher a todos. Fomos formados na mentalidade de que a Igreja só oferece “serviços espirituais”. A renovação de uma paróquia deve se destacar pelo atendimento diversificado, também na linha da orientação e atendimento às necessidades reais das pessoas.

4- SINAL DE ESPERANÇA: numa sociedade marcadamente individualista, uma comunidade aberta e renovada em suas estruturas e serviços, pode ser uma grande esperança para as pessoas de hoje. Pode formar comunitariamente, oferecer ajuda à vida familiar, tornar-se “casa de encontro e de comunhão”, superar a condição do anonimato, acolher as pessoas e ajudá-las em suas necessidades básicas.

5- EVANGELIZAÇÃO MAIS PESSOAL: as propostas de dinamização da pastoral sacramental, de organização da Catequese de Iniciação em pequenos grupos, privilegiando o diálogo e a reflexão em torno da Palavra de Deus, o investimento na Catequese com adultos fora da perspectiva sacramental e o impulso na setorização, podem nos levar a um processo de evangelização mais pessoal, que privilegie o encontro entre as pessoas, o fortalecimento dos laços fraternos e o crescimento na fé e na caridade.

6- PARTICIPAÇÃO ATIVA: “É necessário que a Igreja do Terceiro Milênio estimule todos os batizados e crismados a tomarem consciência de sua responsabilidade ativa na vida eclesial”. Com estas palavras, na carta “No Início do Novo Milênio” (nº 148), o Papa João Paulo II chamava a atenção do papel de todos na dinamização da ação evangelizadora da Igreja nos novos tempos. O modelo de paróquia que conhecemos é o do Concílio de Trento (1545-1563), centralizador, onde o padre assumia sozinho todas as tarefas. Agora é a vez dos leigos! A paróquia renovada necessita da colaboração de todos. Mais do que “agentes de pastoral”, os leigos são “animadores da vida pastoral e evangelizadora” da paróquia!

7- NOVA FIGURA DO PASTOR: uma paróquia renovada requer uma nova figura de pastor. As DGAE acentuam que no processo formativo dos futuros padres “é indispensável assumir uma pedagogia que valorize e ponha em destaque o novo jeito de viver coordenar a comunidade e sua missão evangelizadora” (cf. nº 175). Para que a paróquia seja expressão de fé e de amor, é necessário que todos, pastor e fiéis, cultivem, no dia-a-dia, a espiritualidade da comunhão.

8- ESPÍRITO MISSIONÁRIO: o momento que vivemos na Igreja em nosso Continente é propício para “ir ao encontro” dos irmãos afastados. É momento da graça! Sem grande técnicas ou projetos, mas com a simplicidade de quem encontra em Jesus Cristo a motivação para evangelizar: fazer da comunidade a casa da família em que os que chegam são acolhidos e amados, “porque estamos entre irmãos”!

As DGAE anteriores (doc. 71 CNBB) concluiam assim: “Neste caminho, acompanha-nos a Virgem Santíssima. Caminhando conosco vai o Peregrino de Emaús, aquecendo nossos corações com suas palavras e deixando-se reconhecer ao partir o Pão, tornando-nos testemunhas que correm junto aos irmãos, levando-lhes o grande anúncio: Vimos o Senhor!” (DGAE, nº 211).


quinta-feira, 2 de outubro de 2014

HINO POÉTICO AO ANJO DA GUARADA



Hino poético 

Aos anjos cantemos, que guardem a todos,
que aos homens, tão frágeis, Deus Pai quis juntar; 
e assim assistidos, na terra lutando, 
no rude combate não venham tombar.

Ó Anjo da Guarda, vem logo assistir-nos, 
cumprir, vigilante, tão grande missão: 

afasta da terra pecados, doenças, 

conserva nos lares a paz e a união! 


Louvor seja dado ao Deus uno e trino, 

à suma Trindade, por mando de quem 
os anjos governam, dirigem o mundo, 
e à pátria onde vivem nos levam também. 

O MEU ANJO DA GUARADA



Dos Sermões de São Bernardo, abade
(Sermo 12 in psalmum Qui habitat, 3.6-8: Opera omnia,
Edit.Cisterc. 4[1966]458-462). (Séc.XII)
Eles te guardem em todos os teus caminhos
A teu respeito ordenou a seus anjos que te guardem em todos os teus caminhos(Sl 90,11). Louvem o Senhor por sua misericórdia e suas maravilhas para com os filhos dos homens. Louvem e proclamem às nações que o Senhor agiu de modo magnífico a favor deles. Senhor, que é o homem para que assim o conheças? Ou por que inclinas para ele teu coração? Aproximas dele teu coração, enches-te de solicitude por sua causa, cuidas dele. Enfim, a ele envias o teu Unigênito, infundes o teu Espírito, prometes até a visão de tua face. E para que nas alturas nada falte no serviço a nosso favor, envias os teus santos espíritos a servir-nos, confias-lhes nossa guarda, ordenas que se tornem nossos pedagogos.
A teu respeito, ordenou a seus anjos que te guardem em todos os teus caminhos. Esta palavra quanta reverência deve despertar em ti, aumentar a gratidão, dar confiança. Reverência pela presença, gratidão pela benevolência, confiança pela proteção. Estão aqui, portanto, e estão junto de ti, não apenas contigo, mas em teu favor. Estão aqui para proteger, para te serem úteis. Na verdade, embora enviados por Deus, não nos é lícito ser ingratos para com eles, que com tanto amor lhe obedecem e em tamanhas necessidades nos auxiliam.
Sejamos-lhes fiéis, sejamos gratos a tão grandes protetores; paguemos-lhes com amor; honremo-los tanto quanto pudermos, quanto devemos. Prestemos, no entanto, todo o nosso amor e nossa honra àquele que é tudo para nós e para eles; de quem recebemos poder amar e honrar, de quem merecemos ser amados e honrados.
Assim, irmãos, nele amemos com ternura seus anjos como futuros co-herdeiros nossos, e enquanto esperamos nossos intendentes e tutores dados pelo Pai como nossos guias. Porque agora somos filhos de Deus, embora não se veja, pois ainda estamos sob tutela quais meninos que em nada diferem dos servos.

Aliás, mesmo assim tão pequeninos e restando-nos ainda uma tão longa, e não só tão longa, mas ainda tão perigosa caminhada, que temos a temer com tão poderosos protetores? Eles não podem ser vencidos, nem seduzidos, e ainda menos seduzir, aqueles que nos guardam em todos os nossos caminhos. São fiéis, são prudentes, são fortes; por que trememos de medo? Basta que os sigamos, unamo-nos a eles e habitaremos sob a proteção do Deus do céu.