sexta-feira, 31 de outubro de 2014

FORMAÇÃO LITÚRGICA OUTUBRO DE 2014 -PARÓQUIA NOSSA SENHORA DAS DORES


Para aqueles que desejam ter um contato a mais com os textos de nossas formações litúrgica aqui está. Esta formação foi realizada em outubro de 2014. O grande objetivo desse momento foi proporcionar um espaço de reflexão acerca da antropologia em contato com o sagrado, representado por meio dos atos celebrativos.
No final do nosso momento de reflexão fizemos uma pequena e profunda celebração sobre um aspecto da Eucaristia: a ação de graças. e tudo terminou com uma partilha do pão e do vinho, como reflexo da partilha de vida vivida momentos antes. 

MOMENTO LITÚRGICO
PONTO DE PARTIDA ANTROPOLÓGICO
NA CASA DAS PALAVRAS (Eduardo Galeno)
Na casa das palavras, sonhou Helena Villagra, chegavam os poetas.
As palavras, guardada em velhos vidros de cristal,
Esperavam pelos poetas e se ofereciam,
Loucas de vontade de ser colhidas:
Elas rogavam aos poetas que as olhassem, as cheirassem, as tocassem, as provassem.
Os poetas abriam os frascos,
Provavam as palavras com o dedo e então lambiam os lábios, ou fechavam a cara.
Os poetas andavam em busca de palavras que não conheciam,
E também buscavam palavras que conheciam e tinham perdido.
Na Casa das Palavras havia uma mesa de core.
Em grandes travessas as cores eram oferecidas
E cada poeta se servia da cor que estava precisando:
Amarelo-limão ou amarelo sol,
Azul do mar ou de fumaça,
Vermelho –lacre, vermelho-vinho...
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PALAVRAS AO VENTO – Marisa Monte/Morais Moreira
Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será
Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras .. Momentos
Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Que o nosso amor ora sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será
Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras momentos
Palavras, palavras
Palavras, palavras
Palavras ao vento


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O que é liturgia?
O que é celebrar?
 Celebrar é uma atividade humana e religiosa universal. É uma parte integrante da vida humana. Consiste em tornar célebre, importante, inesquecível um acontecimento ou pessoas; é realçar o significado de aspectos fundamentais da vida pessoal, familiar, social, religiosa.
A celebração manifesta o desejo de encontro e de comunhão que reside na pessoa humana. Celebrar é dar tempo livre e gratuito àquilo que significa e alicerça a vida. Celebrar é sentir, é “curtir” juntos a vida.
Toda celebração é motivada por um acontecimento digno de ser comemorado. Tanto fatos alegres e extraordinários: aniversário, casamento, gol do seu time de futebol, uma vitória alcançada... Como qualquer acontecimento percebido como importante, seja na vida pessoal, seja no grupo social, seja no grupo religioso como a doença,  a morte, um acidente, uma colheita, uma reconciliação...requer uma celebração.
As pessoas guardam e celebram o que é mais precioso aos seus olhos e que o dia a dia de trabalho lhes impede habitualmente de perceber e de captar. A celebração trabalha com ritos e símbolos; é uma ação simbólica, evoca, lembra uma realidade vivida ou um acontecimento significativo e o atualiza, fazendo reviver, o que ele representa.
Na religião, a celebração é uma maneira privilegiada de pôr homens e mulheres em comunhão entre si, com a nossa fé. É fazer memória, tornar presente e atual o acontecimento fundante do povo de Deus, isto é, a vida, paixão, morte, ressurreição do Senhor e o derramamento de seu Espírito, prolongamento da história da salvação que Cristo veio trazer a todos. 
Por símbolos, compreendemos um sinal sensível: representativo (objeto, pessoa, ação, espaço, tempo) que evoca, manifesta, vele/revela uma realidade não sensível – o significado. É “representação que faz aparecer um mistério” (G. Durand).
·         A estrutura da celebração-festa
·         Objetivo da festa: O que se celebra?
·         Sujeito da festa: Quem celebra?
·         Lugar da festa: Onde se celebra?
·         Tempo da festa: Quando se celebra?
·         Sinais festivos: Como se celebra?
- A cultura ocidental moderna, racionalista, tem dificuldade em valorizar a meditação simbólico-ritual. O rito escapa do domínio da razão. No entanto, tal rejeição significa negação da própria identidade e experiência vital. Apesar do domínio da razão, o rito está presente nas sociedades modernas e pós modernas como expressão do sagrado, ou como expressão do profano (olimpíadas...), ou ainda como expressão do cotidiano (aniversário, casamento, funeral).
Entre os indígenas aprender o rito é aprender as tradições dos antepassados, é aprender os mitos que explicam origem e o sentido da vida e do mundo. A memória da resistência coletiva do povo negro em situação de escravidão no Brasil foi conservada graças à fiel observância dos rituais. O catolicismo popular se expressa por meio de uma variedade de símbolos e ritos com seus significados.
No judaísmo é um lugar de vivencia e compreensão da fé, como o permanente lembrar-se da manifestação de Deus na vida e na história. “Quando teus filhos te perguntarem ‘o que significa este rito’, responderás: ‘é o sacrifício da páscoa do Senhor. Ele passou no Egito junto às casas dos israelitas, ferindo os egípcios e protegendo nossas casas’”.
 No cristianismo consideramos a liturgia como ‘lugar teológico primeiro’ porque a experiência cristã começa a fazer parte da vida humana, quando se expressa em símbolos. A fé cristã deve sim expressar-se pelo saber teológico e pela ética, mas não é o suficiente. Faz-se necessário que se expresse de modo evocativo, poético, simbólico, existencial.
AS TRÊS COLUNAS QUE SUSTENTAM O MUNDO
Na tradição judaica há uma sentença de Simeão, o justo, no pequeno livro Pirqé Avot (palavras dos pais) que diz o seguinte: “o mundo repousa sob três pilares: o ensino (estudo e meditação da Torah), a liturgia (oração) e as obras de misericórdia (solidariedade, ética, ação)”. As três colunas visam a paz universal, do mundo inteiro, embora necessariamente vividas em uma tradição particular. É importante igualmente observar a ordem das colunas: primeiro a meditação da Torah, depois a liturgia e a oração, depois a profecia. E as três em todos os tempos, a tradição judaica deixou-se inspirar por esta sentença. Vale ressaltar que o mundo repousa sobre essas três colunas, e não apenas o judaísmo.



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