Domingo
da Páscoa 05 de Abril
At 10,34a.37-43\ Salmo - Sl 117\ Cl 3,1-4\ Jo 20,1-9
Na primeira leitura de hoje nos
deparamos com uma cena bem interessante da catequese querigmática do inicio da
Igreja. Um pequeno resumo da vida e missão de Jesus Cristo, bem como a
delegação para a continuidade da missão depois do episódio da Ressurreição.
Aqui falamos em anúncio querigmático, que seria o anuncio da vida, paixão morte
e ressurreição de Jesus, no entanto todo o anúncio querigmático parece estar
centrado em uma belíssima expressão de Pedro “Jesus passou pela vida fazendo o
bem” (v.38). No final desse pequeno discurso fica claro que o caminho da
salvação proposto por Deus foi aberto por Jesus Cristo e que a única condição é
a conversão do coração: “Todo
aquele que crê em Jesus recebe, em seu nome, o perdão dos pecados' (v.43).É
a grande abertura universal a salvação que vem de Deus, não importando mais
tanto assim a pertença a raça judaica.
Na segunda leitura de hoje a
ressurreição de Jesus representa a nossa própria ressurreição. E a ressurreição
traz novo estilo de vida, definido com a busca das coisas do alto. Todavia não
se trata de trocar as coisas da terra pelas coisas do alto, nem vivermos como
se fossemos alienados. O mundo em que vivemos foi criado por Deus, ele mesmo
invadiu a história quando libertou os escravos do Egito e, supremamente, quando
o Verbo se fez carne, assumindo a história da humanidade como se fosse a sua
própria história. Não se trata, portanto, de desprezar a realidade do mundo em
que vivemos, mas saber que temos um projeto do alto para este mundo.
No evangelho de hoje nos encontramos
com uma cena carregada elementos significativos na reflexão. O “outro
discípulo” corre mais que Pedro ao receber o anúncio de que o mestre não está
mais no sepulcro. Esse discípulo “queria ver Jesus” viu e creu, conforme o
evangelista. Todo o evangelho de São João reconhece a esse amigo de Jesus uma
certa primazia sobre os demais discípulos, inclusive Pedro. Na manhã da Páscoa,
é exatamente ele que tem esplêndida intuição de fé no ressuscitado. Uma fé
libertadora, que se apresenta também como um presente de Deus vivo. Com a
notícia do túmulo vazio, Pedro e o outro discípulo saem em desabalada carreira.
Quem ama sai correndo em direção ao amado. Ao chegar ao túmulo e vê-lo vazio, o
discípulo sem nome espera a chegada de Pedro. Nesse relato podemos compreender
que somente aquele que ama mais consegue ver as coisas que outros não veem.
Através dos olhos desse discípulo podemos ver que Jesus está vivo.
No primeiro dia da semana, conforme o
texto bíblico, surge a nova criação que emerge da morte e ressurreição de
Jesus. Foi um domingo que ele nos recriou, a partir de sua ressurreição. Muito
possivelmente Maria Madalena representa a comunidade que está sem a perspectiva
da fé e, por isso, não consegue assimilar a morte de Jesus. Como poderia ter
morrido aquele a quem depositávamos toda a nossa fé? Ao olhar para o túmulo,
ela pensava que ali Deus havia atingido o seu limite. Um lugar que ficaria
permanentemente marcado no imaginário do povo como o lugar do fracasso de Deus.
Todavia, ela busca algo para preencher o vazio de seu coração. Ela anseia por vida,
dignidade e amor.
A fé sempre exige de nós alago a mais.
Todos podemos ver as mesmas coisas, mas somente aquele que olha com fé poderá
transcender-se a partir do olhar. O discípulo amado viu exatamente as mesmas
coisas vistas por Pedro e Madalena. Pode-se dizer que a qualidade do olhar fez
toda a diferença – um olhar sob a ótica da fé.
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