sexta-feira, 3 de abril de 2015

REFLEXÃO PARA SEXTA-FEIRA SANTA


Reflexão para sexta-feira santa
Dentro da história divina humana, existem muitas pequenas histórias que entraram no raio da vida de Jesus. A maia trágica delas é a de Judas Iscariotes. Uma história comprovada pelos quatro evangelistas. A primitiva comunidade cristã refletiu muito sobre a história de Judas e nós ainda hoje podemos tira dela muitas lições. Judas foi escolhido desde a primeira hora para ser discípulo de Jesus, tinha seu nome na lista dos doze, conforme nos atestam os evangelistas. São Lucas escreveu assim: “Judas Iscariotes se tornou o traidor”, portanto, Judas não tinha nascido traidor, Judas Iscariotes se tornou traidor. Estamos diante de um dos maiores dramas da liberdade humana.
            Porque se tornou traidor? Ao longo da história alguns viram na palavra Iscariotes uma transformação da palavra CICARIOTA, ou seja, pertencente a um grupo extremista dos zelotes reacionários aos romanos. Outros afirmavam que Judas não havia se identificado com o projeto de Jesus, preferia um Messias politico militar. Ao longo da história encontramos muitos casos de traição. No caso de Judas narrado pelos evangelhos a traição de Judas está ligada a uma grande motivação terrena: o dinheiro.
            Judas era o responsável pela bolsa comum, na ocasião da unção em Betânia, Judas reclama do desperdício de dinheiro no derramamento do perfume nos pés de Jesus, não porque se preocupasse com os pobres, mais porque era ladrão. Afirma o evangelista São João: a proposta de Judas é muito explicita – “Quanto me darão se eu vos entregar Jesus, combinaram 30 moedas de prata”. Este relato não é banal, ainda hoje existem muitos exemplos. Foi sempre assim na história e assim é ainda hoje – o dinheiro não é apenas mais um entre os ídolos humanos, é o ídolo por excelência. E se compreende o porquê de tudo isso, a saber, a busca desenfreada pelo poder, ainda que seja por pouco tempo.
            Jesus diz com clareza: “Ninguém pode servir a dois senhores”. O dinheiro torna-se o deus visível, palpável, em oposição ao Deus verdadeiro que não pode ser apalpado. O dinheiro é o anti-deus, pois muda o objeto das virtudes teologais: Fé, Esperança e caridade, o dinheiro, torna-se inverso a fé. Diz Jesus, “tudo é possível ao que crê”, o mundo diz ao contrário “tudo é possível a quem tem dinheiro”. O apego ao dinheiro, diz Paulo a Timóteo é a raiz de todos os males, por detrás de todo mal de nossa sociedade está o dinheiro.
            O que está por detrás do tráfico de drogas que destrói tantas famílias? O que está por detrás da exploração da prostituição? O que está por detrás dessa corrida desenfreada para se chegar aos cargos políticos, será o bem do povo? tudo isso não seria a ganância pelo dinheiro? Judas começou roubando um pouco e vai aprofundando essa carreira.
            Como todos os ídolos o dinheiro é falso e mentiroso, promete segurança, promete liberdade e ao contrário a destrói. Quantas vezes temos refletido a parábola contada por Jesus: “Quando aquele homem acumulou tanto e diz para si mesmo: meu caro descaça que tens uma boa reserva para a muitos anos. Louco ainda hoje pedirão contas da tua vida, e para quem ficará o que acumulaste?” essa pergunta perpassa hoje nosso coração: valeu a pena essa vida louca, desenfreada para acumular?
            Não se engane, o dinheiro se encarrega de punir os seus próprios adoradores. A traição de Judas continua na história humana. Judas vendeu o seu chefe e nós inda hoje continuamos traindo Jesus. Nessa cerimonia de hoje quero pensar um pouco no Judas que está dentro de mim, no Judas que está dentro de cada um de vocês, pois é possível trair Jesus por outras recompensas que não sejam 30 moedas de prata. Traímos Jesus, especialmente quando traímos nossa própria consciência. O evangelho descreveu o fim horrível de Judas, Judas que o havia traído, vendo que Jesus havia sido condenado, devolve as 30 moedas de prata dizendo: “pequei entregando sangue inocente”.
            Mais não podemos estabelecer um julgamento precipitado, Jesus nunca abandonou Judas. O destino eterno da criatura é um segredo inviolável de Deus, inclusive a Santa Mãe Igreja afirma que existe céu e que os justos lá estão também afirma que existe inferno, mais nunca declarou quem pode estar lá.
            O mais importante não é a traição de Judas, mais sim a atitude de Jesus que sabia o que estava crescendo no coração de seu discípulo e, mesmo assim não o expõe, dar até o último momento a chance deste voltar atrás. Da mesma forma como procurou o rosto de Pedro no caminho da via crucis para lhe dar o perdão, Jesus também procurou o rosto de Judas. Quando no alto da cruz diz: “Pai perdoa-lhes eles não sabem o que fazem”, com certeza Jesus não excluiu Judas.  
            Então o que faremos irmãos e irmãs: A quem seguiremos, Pedro ou Judas? Pedro ter remorso, se arrependendo do que fez, mais também Judas sentiu remorso, então onde está a diferença? Em apenas uma coisa – Pedro teve confiança na misericórdia de Cristo, Judas não. O maior pecado de Judas não foi ter traído Jesus, mais sim duvidado da sua misericórdia. Se imitamos Judas na traição a Jesus, não imitemos na desconfiança que este discípulos teve na misericórdia de Deus.
Portanto, irmãos e irmãs, joguemo-nos nos braços do crucificado, cheio de misericórdia.


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