terça-feira, 24 de maio de 2016

JOVENS DA COMUNIDADE DE REPARTIÇÃO CELEBRAM O RITO LITÚRGICO DE "ENTRADA NO CATECUMENATO"

No último domingo dia 22, na comunidade São Pedro em Repartição, vivemos um momento litúrgico muito especial na Iniciação à Vida Cristã. Uma turma de 14 jovens que estão buscando os sacramentos da Iniciação Cristã, por meio desse rito chamado de “Rito de Entrada no Catecumenato” adentrou no segundo tempo do itinerário catequético chamado de “Catecumenato. Por meio desse texto podemos compreender um pouco a natureza desse processo, a natureza da Iniciação à Vida Cristã. Um caminho antigo e tão novo que pode muito nos ajudar na maturação de um processo de fé que tem a centralidade no mistério de Jesus Cristo.   
Frente ao discurso de Pedro (At 2,14-26), os ouvintes perguntam: “O que temos de fazer, irmãos?”, e recebem a resposta: “Convertei-vos que cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo; e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2,37-41).
         Os livros neotestamentários não nos falam expressavemente de iniciação cristã, porém oferecem, principalmente nos Atos dos Apóstolos e nos escritos paulinos, dados significativos sobre a entrada na comunidade dos discípulos de Jesus Cristo. A seguir ocorre um itinerário que integra os seguintes elementos essenciais[1]:
a)   A pregação do Evangelho,
b)   A acolhida da fé e a conversão,
c)   A catequese,
d)    A verificação das condições do candidato,
e)   O batismo,
f)     O dom do Espírito Santo,
g)   A incorporação ao povo de Deus e
h)   A participação no corpo de Cristo.
         A relação destes elementos expressa e conserva em entre si a realidade superior da participação e da incorporação ao mistério de Cristo na Igreja.
         Junto a esses elementos essenciais, encontramos também em At 2,42-47 uma ampliação complementar, em forma de sistema educativo, para aqueles primeiros batizados que começaram a fazer parte da primeira comunidade; segundo o livro dos Atos, esta aprendizagem de vida cristã, realizada no seio da comunidade, compreende quatro dimensões básicas:
1-   O ensinamento dos apóstolos, que supõe o conhecimento como a adesão à mensagem do evangelho, atestada pelos apóstolos;
2-   A vida em comunhão, que compreende a fraternidade como novo estilo de vida, conforme o evangelho;
3-   A assiduidade na fração do pão e na celebração do dom da salvação de Deus;
4-   A perseverança na oração e no louvor de Deus.

A iniciação cristã era de grande importância na Igreja primitiva, como atesta a presença direta dos bispos nela ou na influência que teve essa preparação na estruturação do ano litúrgico.
         A iniciação na fé e na vida cristã constitui nos inícios o centro de interesse da Igreja, que chegou a institucionalizar o catecumenato primitivo e a fazer dele o caminho ordinário para se chegar a ser cristão. Este caminho constava das seguintes etapas:
a)   A etapa missionária, destinada aos pagãos. Centrava-se nos preâmbulos da fé o primeiro anúncio de Jesus e se dirigia a suscitar a fé e a conversão. Quando, depois da primeira prova ou exame avaliavam-se positivamente as motivações e disposições do candidato, este era admitido ao catecumenato.  Esta incorporação ia acompanhada em algumas Igrejas da assinalação na fronte e da imposição das mãos. Para os filhos de famílias cristãs esta primeira etapa realizava-se na família e ordinariamente ficava ao cargo dos pais.
b)   A segunda etapa era o tempo do catecumenato propriamente dito. Esta etapa tinha duração aproximada de três anos e supunha um tempo de formação e de prova sob a guia de um catequista. Os catecúmenos podiam participar da liturgia da Palavra junto à comunidade dos fiéis. Ao concluir este período era previsto novo exame para comprovar a autenticidade das atitudes do catecúmeno, seu progresso no conhecimento do evangelho e na vida conforme a ele, e, deste modo, decidir sua admissão na etapa seguinte.
c)   A terceira etapa, que compreendia o tem­po da quaresma, era de preparação imediata aos sacramentos da iniciação. No começo da quaresma, em cerimônia litúrgica especial, o bispo inscrevia os eleitos e pronunciava a homilia, chamada também protocatequese. Esta preparação imediata compreendia três aspectos:
1-   O ensinamento ou iniciação: du­rante as primeiras semanas, em reunião diá­ria, o bispo explicava a Sagrada Escritura; a partir da quarta semana da quaresma (sexta no oriente) desenvolvia-se a catequese pro­priamente doutrinal, que se iniciava com a traditio Symboli, como ato de tradição, de transmissão oficial da fé da Igreja, e que era explicada em seus distintos artigos pelo bis­po durante as duas semanas seguintes; fi­nalizava-se com a redditio Symboli (proclamação pública da fé).
2-   A for­mação espiritual. Implica a superação do pecado, o exercício da vida no Espírito e a iniciação nos costumes cristãos; por isso, a quaresma é entendida como tempo de luta, de penitência, de retiro espiritual e de ora­ção.
3-    A formação litúrgica e ritual: a prepa­ração imediata é, pois, tempo de prova e de combate contra o príncipe deste mundo; o catecúmeno exercitar-se-á no combate es­piritual, na renúncia a Satanás e na adesão a Cristo; para isso encontrará ajuda na vida litúrgica: os ritos, exorcismos e escrutínios serão freqüentes. Esta terceira etapa culmi­nará na vigília pascal com a celebração dos sacramentos do batismo, da confirmação e da eucaristia.

d)   A última etapa do catecumenato cor­responde ao tempo pascal. Durante a sema­na de páscoa terá lugar a catequese mista­gógica para os neófitos, e nela se explicará o simbolismo dos ritos, as figuras bíblicas dos sacramentos e se exortará a viver em Cristo.

         Em síntese, podemos dizer que a inicia­ção cristã no catecumenato primitivo supõe um caminho ou processo de formação por etapas no qual se integram a instrução ca­tequética, a conversão e a mudança radical da vida, a experiência litúrgica e de oração, a formação espiritual, a celebração dos sacra­mentos do batismo, confirmação e eucaris­tia, pelos quais os candidatos são incorpora­dos ao mistério de Cristo e a sua Igreja.
         O catecumenato concebe-se como apren­dizagem ou noviciado da vida cristã, que se nutre da catequese e da escuta da Palavra; é apoiado por celebrações litúrgicas e fortalecido por exercícios ascéticos e penitenciais, sob a ajuda da comunidade eclesial que acolhe o catecúmeno, acompanha-o e o forma e, finalmente, incorpora-o em seu seio.











[1] Cf.  Mc 16,15; At 2,37-41; Ef 1,13-14; Hb 6,1.

MOMENTO COM A PALAVRA 24.05.16


+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 10,28-31
Naquele tempo:
28Começou Pedro a dizer a Jesus:
'Eis que nós deixamos tudo e te seguimos.'
29Respondeu Jesus:
'Em verdade vos digo,
quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos,
campos, por causa de mim e do Evangelho,
30receberá cem vezes mais agora, durante esta vida
- casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos,
com perseguições -
e, no mundo futuro, a vida eterna.
31Muitos que agora são os primeiros serão os últimos.
E muitos que agora são os últimos serão os primeiros.'
Palavra da Salvação.

Eu posso contribuir para a minha salvação na medida em que eu faço de Deus o centro da minha vida e a causa da minha felicidade, submetendo-me totalmente a ele. Se eu vivo apegado às coisas do mundo, eu vivo em função delas e coloco nelas a minha felicidade, fechando o meu coração à ação divina e a minha vida ao projeto do reino dos céus. Para conseguir o desapego das coisas do mundo, é necessário que a gente procure assumir uma nova hierarquia de valores que faz com que sejamos capazes de desprezar os bens materiais, mas rejeitar os valores do mundo significa sofrer perseguições nesta vida. É preciso renunciar aos valores do mundo para ter a vida em Cristo.

sábado, 21 de maio de 2016

LITURGIA PARA O DOMINGO DA SANTÍSSIMA TRINDADE



Leitura do Livro dos Provérbios 8,22-31
Assim fala a Sabedoria de Deus:
22O Senhor me possuiu como primícia de seus caminhos,
antes de suas obras mais antigas;
23desde a eternidade fui constituída,
desde o princípio,
antes das origens da terra.
24Fui gerada quando não existiam os abismos,
quando não havia os mananciais das águas,
25antes que fossem estabelecidas as montanhas,
antes das colinas fui gerada.
26Ele ainda não havia feito as terras e os campos,
nem os primeiros vestígios de terra do mundo.
27Quando preparava os céus,
ali estava eu,
quando traçava a abóbada sobre o abismo,
28quando firmava as nuvens lá no alto
e reprimia as fontes do abismo,
29quando fixava ao mar os seus limites
- de modo que as águas não ultrapassassem suas bordas -
e lançava os fundamentos da terra,
30eu estava ao seu lado como mestre-de-obras;
eu era seu encanto, dia após dia,
brincando, todo o tempo, em sua presença,
31brincando na superfície da terra,
e alegrando-me em estar com os filhos dos homens.
Palavra do Senhor.
O Livro dos Provérbios apresenta uma coleção de “ditos”, da reflexão (“sabedoria”) dos “sábios”, em definir as regras para ser feliz. É um artifício literário, através do qual o autor dá força ao convite de acolher e amar a “sabedoria”. O autor reflete sobre a origem da sabedoria e a sua função no plano de Deus.
A “sabedoria” tem origem em Deus. É a primeira das obras de Deus. A “sabedoria” afirma que o seu interesse é estar “junto dos filhos dos homens e se destina aos homens. A “sabedoria” aviva a inteligência dos homens e leva-os a Deus. A “sabedoria” revela aos homens a grandeza e o amor do Deus criador. Os autores neo-testamentários atribuirão a Jesus algumas das características que este texto atribui à “sabedoria”: Paulo chama a Jesus “sabedoria” de Deus”, que existe antes de todas as coisas e desempenhou um papel privilegiado na criação do mundo (Col 1,16-17); por sua vez, o “prólogo” do Quarto Evangelho atribui ao “Logos”/Jesus os traços da “sabedoria” criadora e que Ele deu existência a todas as obras criadas. Os Padres da Igreja verão nesta “sabedoria”, traços de Jesus Cristo ou do Espírito Santo.
Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos 5,1-5
Irmãos:
1Justificados pela fé,
estamos em paz com Deus,
pela mediação do Senhor nosso, Jesus Cristo.
2Por ele tivemos acesso,
pela fé, a esta graça,
na qual estamos firmes e nos gloriamos,
na esperança da glória de Deus.
3E não só isso,
pois nos gloriamos também de nossas tribulações,
sabendo que a tribulação gera a constância,
4a constância leva a uma virtude provada,
a virtude provada desabrocha em esperança;
5e a esperança não decepciona,
porque o amor de Deus
foi derramado em nossos corações
pelo Espírito Santo que nos foi dado.
Palavra do Senhor.
Fim da terceira viagem missionária de Paulo. Ele aproveita para apresentar os principais problemas de relacionamento entre judeu-cristãos e pagãos-cristãos. Estamos no ano 58. Paulo sublinha que o Evangelho é a força que congrega e que salva todo o crente, sem distinção de judeu, grego ou romano. Paulo acentua que é a “justiça de Deus” que dá vida a todos sem distinção (Rom 3,1-5,11). Neste texto, Paulo refere-se à ação de Deus, por Cristo e pelo Espírito, no sentido de “justificar” todo o homem.
Paulo parte da ideia de que todos foram justificados pela fé. Na linguagem bíblica, a justiça define a fidelidade a si próprio, à sua maneira de ser e aos compromissos assumidos. Ora, se Jahwéh Se manifestou como o Deus da bondade, da misericórdia e do amor, dizer que Deus é justo não significa dizer que Ele aplica os mecanismos legais quando o homem infringe as regras; significa que a bondade de Deus, se manifestam em todas as circunstâncias, mesmo quando o homem não foi correto no seu proceder. Paulo, ao falar do homem justificado, está falando do homem pecador que, por iniciativa da misericórdia de Deus, recebe a graça que o salva do pecado e lhe dá, totalmente gratuito, acesso à salvação. Ao homem é pedido que acolha, com humildade e confiança, a graça que não depende dos seus méritos e que se entregue nas mãos de Deus. Este homem, objeto da graça, é uma nova criatura: é o homem ressuscitado para a vida nova, que é filho de Deus e co-herdeiro com Cristo. Quais os frutos deste acesso à salvação? Em primeiro lugar, a paz no sentido teológico de relação positiva com Deus. Em segundo lugar, a esperança, que nos permite superar as dificuldades, apontando a um futuro glorioso de vida em plenitude, na certeza de que a morte não tem a última palavra. Em terceiro lugar, o amor de Deus ao homem,  que age através do Espírito em Jesus de Nazaré a quem Deus “entregou à morte por nós quando ainda éramos pecadores”. Tudo que lhe dá sentido, é um dom de Deus Pai que, através de Jesus, demonstra o seu amor e que, pelo Espírito, derrama continuamente esse amor sobre nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 16,12-15
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:
12Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos,
mas não sois capazes de as compreender agora.
13Quando, porém, vier o Espírito da Verdade,
ele vos conduzirá à plena verdade.
Pois ele não falará por si mesmo,
mas dirá tudo o que tiver ouvido;
e até as coisas futuras vos anunciará.
14Ele me glorificará,
porque receberá do que é meu
e vo-lo anunciará.
15Tudo o que o Pai possui é meu.
Por isso, disse que
o que ele receberá e vos anunciará, é meu.
Palavra da Salvação.
Jesus vai definir a missão da comunidade no mundo: testemunhá-lo com a ajuda do Espírito. Jesus avisa que o caminho do testemunho deparará com a oposição da religião estabelecida e dos poderes de morte que dominam o mundo; mas os discípulos contarão com o Espírito: Ele ajudá-los-á e dar-lhes-á segurança no meio da perseguição. O Espírito ajudará a responder aos novos desafios e a interpretar as circunstâncias à luz da mensagem de Jesus.
O tema fundamental é a ajuda do Espírito aos discípulos. Jesus começa por dizer que há muitas outras coisas que eles não podem compreender de momento. Será o “Espírito da verdade” que guiará os discípulos para a verdade, que comunicará tudo sobre Jesus e que interpretará o que está para vir. É “pelo Espírito a proposta continua a ecoar na vida da comunidade. O Espírito não apresentará uma doutrina nova, mas fará com que a Palavra de Jesus seja sempre a referência da comunidade em caminhada pelo mundo. Assim, Jesus continuará em comunhão com os discípulos, comunicando-lhes a sua vida e o seu amor. A última expressão deste texto sublinha a comunhão existente entre o Pai e o Filho. Essa comunhão atesta a unidade entre o plano salvador do Pai, proposto nas palavras de Jesus e tornado realidade na vida da Igreja, por ação do Espírito.


sexta-feira, 20 de maio de 2016

MOMENTO COM A PALAVRA 20.05.16


+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 10,1-12
Naquele tempo:
1Jesus foi para o território da Judéia,
do outro lado do rio Jordão.
As multidões se reuniram de novo, em torno de Jesus.
E ele, como de costume, as ensinava.
2Alguns fariseus se aproximaram de Jesus.
Para pô-lo à prova,
perguntaram se era permitido ao homem
divorciar-se de sua mulher.
3Jesus perguntou:
'O que Moisés vos ordenou?'
4Os fariseus responderam:
'Moisés permitiu escrever uma certidão de divórcio
e despedi-la'.
5Jesus então disse:
'Foi por causa da dureza do vosso coração
que Moisés vos escreveu este mandamento.
6No entanto, desde o começo da criação,
Deus os fez homem e mulher.
7Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe
e os dois serão uma só carne.
8Assim, já não são dois, mas uma só carne.
9Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!'
10Em casa, os discípulos fizeram, novamente,
perguntas sobre o mesmo assunto.
11Jesus respondeu:
'Quem se divorciar de sua mulher e casar com outra,
cometerá adultério contra a primeira.
12E se a mulher se divorciar de seu marido
e casar com outro, cometerá adultério.'
Palavra da Salvação.

A nossa vida é condicionada por leis que os homens fizeram, às quais nós devemos nos submeter para viver na legalidade. Porém, devemos ter consciência do fato de que, nem tudo o que é legal, é justo, no sentido pleno da palavra. Podemos citar alguns exemplos como a questão dos juros: é legal para o banco pagar menos de 1% ao mês para cadernetas de poupança e cobrar mais de 10% ao mês por empréstimos que realiza. É legal na sociedade brasileira o divórcio que, perante os olhos de Deus, não conduz o homem à justiça, mas sim ao pecado e à morte, pois desrespeita compromissos e direitos de cônjuges, filhos, da comunidade eclesial e da própria sociedade.
Precisamos estar muito atentos ao lermos o Evangelho desde dia, pois Jesus não se posicionou apenas em favor do Matrimônio, mas também em defesa da mulher. Para Jesus, o Matrimônio não pode ser desfeito, “pois nele intervém o próprio Deus”. Com esta atitude, Jesus busca o sentido último do matrimônio na origem da criação: “Assim, já não são dois, mas uma só carne. Não separe, pois, o homem o que Deus uniu”. Retomando o tema da dignidade da mulher, defendido por Jesus neste evangelho, o marido, diante deste “uma só carne”, deve reconhecer a dignidade de sua mulher, não lhe sendo permitido trata-la como se fosse um objeto.
Façamos, com amor e devoção, uma oração em favor dos casais do mundo inteiro, pedindo ao Senhor que reine o respeito e a fidelidade. Desta forma, a família é preservada e os filhos crescem em estatura e sabedoria.


quarta-feira, 18 de maio de 2016

MOMENTO COM A PALAVRA 18.05.16


+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 9,38-40
Naquele tempo:
38João disse a Jesus:
'Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome.
Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue.'
39Jesus disse:
'Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome
para depois falar mal de mim.
40Quem não é contra nós é a nosso favor.
Palavra da Salvação.

Uma das maiores dificuldades que podemos encontrar para a compreensão da ação divina no mundo encontra-se no fato de querermos submetê-la aos nossos critérios de inteligibilidade, principalmente no que diz respeito à religião institucional. O que acontece é que muitas vezes o agir divino fica vinculado a critérios meramente humanos ou a ritualismos que estão mais para prática de magia, alquimia e bruxaria do que para um relacionamento filial, de confiança e entrega. Outras vezes, esse agir divino é condicionado ao cumprimento de princípios legais que determinam se Deus pode agir ou não. Devemos nos lembrar que o Senhor é Deus e não nós.

MOMENTO FORMATIVO - A CARTA DE TIAGO


Ao autor da carta se atribui o ilustre título “Servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo. Esse autor parece uma personalidade destacada, chefe judeu cristão que defendeu uma linha conservadora no que se refere as decisões legais.
A carta menciona a apalavra Cristo três vezes (1,1; 2,1; 5,7). Contem assuntos bem cristãos como a debatida questão da relação fé e obras, a regeneração pela palavra/mensagem e a lei da liberdade.
Apesar de ter o nome de carta esse escrito não tem muitas características de carta, tampouco é uma homilia ou tratado. Parece mais um escrito sapiencial do AT. São verdadeiros imperativos sapienciais, de conselho e não de mandato. Para início de estudo apresenta uma exposição viva e espontânea da mensagem no ambiente das primitivas comunidades cristãs de origem judaica e revela uma série de contrastes que despertam a atenção. Além de não ter sido estudada muito por alguns motivos como:  seu forte carácter de exortação moral e pelo seu sabor judaico e, propõe como modelos apenas figuras do Antigo Testamento: Abraão, Joab, Raab, Elias;
A carta recorre muito, de forma implícita, ao evangelho de Mateus, pode se constar pelo menos 29 dependências do sermão da montanha (Mt 5-7). Não podemos de todo estranhar esse estilo, pois assim como Mateus a carta tem uma forte intenção destinada às primeiras comunidades vindas do judaísmo. Daí o constante convite à perfeição.
O texto contém muitos hebraísmos: construções hebraicas (1,22; 2,12; 4,11), paralelismo, parataxe, genitivo de qualidade (1,25; 5,15). O autor exprime-se num grego de alto nível, apenas comparável ao de Hebreus; de fato, tem um vocabulário rico (63 palavras não aparecem no resto do NT, 45 encontram-se nos Setenta e 4 estão ausentes do grego helenístico) e utiliza os recursos retóricos da diatribe cínico-estóica, pequenos diálogos com um interlocutor imaginário (2,14-26), perguntas retóricas (2,4.5b.14.16; 3,11-12; 4,4-5) e interpelações incisivas (1,16.19; 4,13; 5,1), imperativos (mais de 60), paradoxos e contrastes (1,26; 2,13.26; 3,15; 4,12), bem como frequentes exemplos e comparações. Tudo isto dá à Carta uma grande vivacidade.
A teoria desta Carta sugere que este seja um escrito judaico retocado por cristãos. Este argumento é destituído de base sólida; toda a Carta tem um cunho cristão. A Tradição da Igreja é unânime em atribuí-la a um Apóstolo do Senhor, de nome Tiago; e, se a perfeição do grego utilizado não condiz com um Tiago palestino, isto poderia dever-se à redação cuidada de um secretário judeu-cristão muito culto ligado àquele Apóstolo.
A hipótese de um escrito posterior pseudo-epigráfico também não oferece probabilidade, pois um estranho que se quisesse servir de um nome notável não deixaria de apelar para os títulos tão importantes de “Apóstolo” ou “Irmão do Senhor”, coisa que o autor não faz, limitando-se a apresentar-se modestamente como “servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo” (1,1).
Mas o autor também não deve ser Tiago Maior, o Apóstolo irmão de João, pois foi martirizado muito cedo (em 42 ou 44). E alguns pensam que tampouco é o outro Apóstolo do mesmo nome, o filho de Alfeu (ver Mc 3,18 par.), mas um terceiro Tiago, “o irmão do Senhor”, homem de grande prestígio, ligado aos Apóstolos e chefe da comunidade de Jerusalém (At 12,17; 15,13-21; 21,18-25; Gl 1,19; 2,9.12), o qual, após a Ressurreição, passou a crer em Jesus. A identificação habitual destes dois Tiagos (o Menor, “filho de Alfeu” e “o Irmão do Senhor”) só se teria dado no correr dos séculos, a partir do que se diz em Gl 1,19: “Não vi nenhum outro Apóstolo, exceto Tiago, irmão do Senhor.” Trata-se de uma questão discutida, pois este texto de Gálatas pode entender-se de outra maneira, traduzindo, em vez de “exceto Tiago”: “mas somente Tiago”.
Como escrito tipicamente didático e moral, a Carta não obedece a um plano doutrinal previamente elaborado. Os temas sucedem-se ao correr da pena, sempre com a preocupação dominante de apelar a que os fiéis vivam o espírito cristão em todas as circunstâncias de um modo coerente com a fé, em perfeita unidade de vida: o comportamento dos cristãos tem de ser um reflexo da sua fé. Sublinhamos os temas das principais exortações:
A atitude cristã perante as provações: 1,2-18;
Pôr em prática a Palavra: 1,19-27;
Caridade para com todos: 2,1-13;
Fé com obras: 2,14-26;
Domínio da língua: 3,1-12;
Verdadeira sabedoria: 3,13-18;
Origem das discórdias: 4,1-12;
Evitar a presunção: 4,13-17;
Advertências aos ricos: 5,1-6;
Exortações finais: 5,7-20.
Como foi dito, esta Carta é o único escrito do NT a referir expressamente o Sacramento da Unção dos Doentes (5,13-15), que não aparece como um piedoso costume, mas como um dos Sacramentos instituídos por Cristo. De fato, a unção é feita apenas pelos presbíteros da Igreja, em nome do Senhor e obtém efeitos sobrenaturais, como o perdão dos pecados.






terça-feira, 17 de maio de 2016

MOMENTO COM A PALAVRA 17.05.16


+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 9,30-37

Naquele tempo:
30Jesus e seus discípulos atravessavam a Galiléia.
Ele não queria que ninguém soubesse disso,
31pois estava ensinando a seus discípulos.
E dizia-lhes:
'O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens,
e eles o matarão.
Mas, três dias após sua morte, ele ressuscitará'.
32Os discípulos, porém, não compreendiam estas palavras
e tinham medo de perguntar.
33Eles chegaram a Cafarnaum.
Estando em casa, Jesus perguntou-lhes:
'O que discutíeis pelo caminho?'
34Eles, porém, ficaram calados,
pois pelo caminho tinham discutido quem era o maior.
35Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse:
'Se alguém quiser ser o primeiro,
que seja o último de todos
e aquele que serve a todos!'
36Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles,
e abraçando-a disse:
37'Quem acolher em meu nome uma destas crianças,
é a mim que estará acolhendo.
E quem me acolher, está acolhendo, não a mim,
mas àquele que me enviou'.
Palavra da Salvação.
O que faz com que na maioria das vezes não compreendamos corretamente a mensagem de Jesus geralmente são as diferenças que existem entre os nossos interesses e os dele. Enquanto Jesus estava pensando na necessidade da cruz para a realização do Reino de Deus, seus discípulos estavam pensando em um reino com critérios humanos, fundamentado principalmente nas diferenças, nas relações de poder e na hierarquia social, econômica e política. Sempre que não nos colocamos em sintonia com o projeto de Jesus e não colocamos o amor como o critério último das nossas vidas, podemos nos equivocar na compreensão do Evangelho e buscar interpretações que existem muito mais para legitimar os nossos interesses do que para nos conduzir à verdade e ao Reino.

sábado, 14 de maio de 2016

PARÓQUIA N.S.DAS DORES REALIZA 39 CASAMENTOS COMUNITÁRIOS

Sábado dia 14 às 18h teve início a celebração eucarística na Igreja Matriz com a presença de 39 casais que resolveram assumir a vida nova do matrimônio.
A aliança matrimonial, pela qual o homem e a mulher constituem entre si uma comunhão total de vida, recebe a sua força e vigor da própria criação, mas para os cristãos é elevada a uma dignidade ainda mais alta, visto ser enumerada entre os Sacramentos da nova aliança. O Matrimonio é constituído pela aliança conjugal, isto é, pelo consentimento irrevogável de ambos os cônjuges que livremente se entregam e se recebem. Esta singular união do homem e da mulher assim como o bem dos filhos exigem e requerem a plena fidelidade dos esposos e a unidade indissolúvel do vínculo matrimonial.
Essa celebração dos casamentos comunitários se encaixa dentro do ano de misericórdia. Em primeiro lugar deve se perceber que os sacramentos, são ações da misericórdia de Deus por excelência e, em segundo lugar, esta celebração é uma oportunidade misericordiosa que a Paróquia Nossa Senhora das Dores oferece a estes casais e suas famílias.






REUNIÃO E FORMAÇÃO COM CATEQUISTAS DA INICIAÇÃO CRISTÃ

Nesse sábado (14) de maio, na Comunidade de São Pedro em repartição estivemos reunidos com as catequistas que estão empreendendo um projeto de Iniciação à Vida Cristã. Esse projeto na vida da Igreja se apresenta nos dias atuais como umas das grandes urgências dentro de seus projetos pastorais. Uma catequese voltada para ajudar aqueles que ainda não tem os sacramentos da Iniciação Cristã. Um caminho com a Palavra de Deus mesclando vivências, participação na comunidade e celebrações litúrgicas.
Em nossa Paróquia de Nossa Senhora das Dores essa é a primeira turma oficialmente instituída, que está sendo a nossa experiência piloto. O nosso desejo é que essa experiência se constitua também nos outros setores da Paróquia bem como na sede paroquial.
No encontro de hoje foi deito um momento de formação com nossas catequistas, tirando dúvidas e se motivando caminhada. Segue o texto que trabalhamos hoje nesse momento formativo. 
INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ
“Tarde te amei, beleza antiga e tão nova, tarde te amei! Tu estavas dentro de mim e eu te buscava fora de mim (...) Brilhaste e resplandeceste diante de mim, e expulsastes dos meus olhos a cegueira. Exalaste o teu Espírito e aspirei o teu perfume, e desejei-te. Saboreei-te, e agora tenho fome e sede de ti. Tocaste-me, e abrasei-me na tua paz”. (Santo Agostinho, Confissões X, 27,38).
Muitos, sem saber, estão em busca dessa beleza
Tomamos como referência no início do nosso primeiro texto a experiência de Santo Agostinho que tarde descobriu a sedução da pessoa e da proposta de Jesus. Outras grandes figuras da Igreja trilharam esse caminho, como se vê na declaração, bem semelhante, de Charles de Foucaul: “Ó meu Deus, a que ponto tua mão me segurava e eu não percebia! Como és bom e me preservaste! Tu me cobrias com as tuas assas quando eu nem mesmo acreditava em tua existência”. Mas talvez isso até tenha contribuído de certa forma para uma entrega mais intensa, com conhecimento de causa e com a consciência do vazio deixado por tantas outras buscas. Essa procura, a pergunta por Deus, está em todos nós. Muitos são os que andam inquietos pelo mundo, descontentes com propostas que ainda não conquistaram sua mente e seu coração; há também outros, que de certa forma perderam de vista o Transcendente, ao se deixar levar pelo imediatismo, pelo materialismo, e pelas muitas seduções de uma sociedade que valoriza outras conquistas... Mas, também estes poderão redescobrir essa necessidade básica, bem humana, de buscar a fonte do mistério da sua própria existência.
O ser humano vive à procura de respostas sobre a vida e, no fundo, sobre si mesmo. As perguntas ficam lá dentro de homens e mulheres que querem saber quem são, por que estão neste mundo, que sentido têm as escolhas que a vida exige de nós.
Na abertura da Fides et Ratio, João Paulo II se refere a essa necessidade, que pertence a nossa própria natureza: “A Fé a Razão constituem como que duas assas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer, para que conhecendo-o e amando-o, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio”.
Quem chega à idade adulta com essas indagações precisa de mais do que uma síntese doutrinal. Traz toda uma vida, cheia de experiências, perplexidades, alegrias e decepções. E ai não basta estudar o cristianismo. O adulto cheio de perguntas quer descobrir o sentido na vida, nos seus relacionamentos, no mistério de Deus já percebido através da Criação, como primeiro livro da revelação divina. Vai ser necessário um verdadeiro mergulho no mistério, como uma experiência cada vez mais profunda das diversas dimensões da vida cristã. Isso não se faz num cursinho rápido e nem mesmo numa catequese isolada de outros aspectos da vida eclesial. Não se trata de “aprender coisas”, trata-se de uma adesão consciente a um projeto de vida.
Jesus evangelizou os adultos e abençoou as crianças. Nós muitas vezes fazemos o contrário. As crianças, é claro, sempre serão bem vindas e tem todo o direito de viver a experiência do amor de Deus. Mas adultos que vão descobrindo o que, sem saber, seu coração sempre buscou, precisam de um processo bem vivido de iniciação. Uma Igreja em estado permanente de missão tem que responder a essa necessidade.
Uma necessidade religiosa, mas também antropológica
Há muitos séculos, Tertuliano já dizia que “os cristãos se fazem, não nascem”. Isso vale para qualquer religião. Para “tornar-se” algo novo é preciso passar por um processo de iniciação que envolve mais do que conhecer ideias. A pessoa nova vai emergir como seguidora de um caminho se compromete com o seu conhecimento, suas emoções, suas opções de vida, suas escolhas a cada momento. Diz o Documento de Aparecida, citando as palavras de Bento XVI: “... não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma pessoa, que dá novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva” (DA. N.21).
Entrar num novo projeto de vida, religioso ou não, requer um processo de passos sucessivos de aproximação. Religiões fazem isso num processo que mescla vivência, conhecimento e celebração. A pessoa aprende, mas também se deixa envolver pelo clima de mistério e passa a agir de outro modo no campo pessoal, comunitário e social, alegremente comprometida com o projeto de vida envolvido pelo amor de Deus. E isso é realizado por meio de ritos, símbolos e celebrações, que fazem parte da história humana em todos os tempos e lugares. Mesmo os que se dizem ateus precisam de gestos simbólicos para se expressar e assumir sua fidelidade a projetos e pessoas.
A inspiração que vem da Palavra de Deus
Jesus formou os discípulos, devagar. Houve um primeiro chamado, um aprendizado e um convívio. Houve etapas de missão, envio, aprofundamento. Mas mesmo assim não estavam totalmente prontos para a tarefa de ser igreja até viverem a experiência do mistério pascal. Alguns textos do evangelho já nos dão, de forma sintética, um caminho. Podemos assim refletir sobre o processo do chamado:
“No dia seguinte, João estava com dois de seus discípulos. Vendo Jesus passar diz: - Ai está o cordeiro de Deus; os discípulos o ouviram e seguiram Jesus. Jesus se voltou e, ao ver que o seguiam, lhes diz: - O que estais procurando? Responderam: - Rabi (que significa mestre), onde moras? Disse-lhes: Vinde e vede.
Foram, pois, viram onde moravam e ficaram com ele nesse dia. Eram as quatro da tarde. Um dos que haviam ouvido João e tinham seguido Jesus era André, irmão de Simão Pedro. Encontra primeiro o seu irmão Simão e lhe diz: - Encontramos o Messias (que se traduz Cristo). E o conduziu a Jesus. Jesus olhou para ele e disse: Tu és Simão, filho de João; tu te chamarás Cefas (que significa pedra).
No dia seguinte, dispunha-se a partir para a Galiléia, quando encontra Filipe. Jesus lhe diz: - Segue-me. Filipe era de Betsaida, terra de André e Pedro. Filipe encontra Natanael e lhe diz: - Encontramos aquele de quem falam Moises na lei e nos profetas: Jesus, filho de José, natural de Nazaré.
Natanael replica: - De Nazaré pode sair alguma coisa boa? Filipe lhe diz: - Vem e verás. Jesus, vendo Natanael aproximar-se, diz: - Ai tendes um israelita de verdade, sem falsidade. Natanael lhe pergunta: - Como me conheces? Jesus respondeu-lhe: - Antes que Filipe te chamasse, eu te vi debaixo da figueira. Natanael respondeu: - Mestre, tu és o Filho de Deus, o rei de Israel! Jesus lhe respondeu: - Crês porque te disse que ti vi debaixo da figueira? Coisas maiores verás” [Jo 1,35-50].
Tudo começa com uma busca: “Que procurais?” pergunta Jesus.
Isso gera um encontro: “Onde moras?” dizem eles. No fundo estão perguntando: Como te conhecemos melhor?” Jesus responde: “Vinde e vede”.
E produz conversão: Eles vão, veem... e decidem segui-lo.
Assim o processo vai produzindo comunhão: permanecem com ele, acompanham seu caminho, compartilham seu poder de expulsar o mal e curar.
Que leva à missão: cada discípulo atrai outros, para anunciar juntos a boa nova e depois fazer discípulos em todos os povos.






A LINGUAGEM DO AMOR


Cinquenta dias depois da ressurreição de Jesus aconteceu o Pentecostes. O Espírito Santo veio sobre os Apóstolos reunidos, juntamente com a Mãe de Jesus, em forma de línguas de fogo. Depois disso os discípulos se encheram de coragem e saíram para executar a missão dada pelo Mestre, ensinando a todos sobre quem é a pessoa dele e seus ensinamentos.
Alguns se preocupam em fazer alguns ritos, orações e manifestações religiosas, usando até superstições, julgando que isso é o que faz obter favores especiais do Espírito Santo. No entanto, este mesmo Espírito nos ajuda a realizar o bem. Não merecemos sua ajuda porque fazemos esses tipos de ações e gestos e sim porque, como Deus, Ele quer o nosso bem. O melhor é seguir suas inspirações para realizar o que o Filho nos ensinou. A fé só tem efeito quando nos dispomos a cooperar com a ação divina. Leva-nos a colocar valor na prática do amor, do serviço, da promoção da justiça e do bem das pessoas e da sociedade como um todo. Não seremos julgados porque fizemos muitos ritos e orações e sim porque colocamos em prática o amor ao semelhante, que nos leva a promover sua vida de qualidade humana. Deste modo, realizamos o desenvolvimento da família como instituição sagrada, da inclusão dos deixados de lado no convívio social, da ação política adequada à sustentação do bem comum… Preces, sacrifícios, orações e ritos, quando bem focalizados e não supersticiosos, são meios importantes que devemos usar para fortificar nossa fé. Mas eles devem nos levar à conseqüente prática do amor e da justiça, para merecermos de Deus os favores necessários à nossa salvação.
Paulo lembra que os dons do Espírito Santo são outorgados a cada um, mas em vista do bem comum (Cf. 1 Coríntios 12, 3-7). Esse Apóstolo adverte que, mesmo a pessoa tendo dons especiais, como o da profecia, o de falar em línguas diferentes e tantos outros, se não viver o dom do amor, nada adiantaria (Cf. 1 Coríntios 13,1-13). Ele explicita sobre como atuar com esse dom, ou seja, ter a prática da paciência, da superação da inveja, do rancor, do egoísmo, da injustiça, do ressentimento, da mentira… (Cf. 1 Coríntios 13,1-13)
Não vale só buscar na Bíblia frases que nos convêm. Precisamos buscar o cerne da verdade e da sustentação do amor absoluto indicado nela por Deus. Por isso, ligamos alguns pontos com o todo da verdade bíblica. Jesus resume tudo na prática do amor a Deus e ao próximo. Sem isso não entendemos nem absorvemos os porquês de Deus indicadas nas Escrituras Sagradas. Em Jesus temos toda a realização das promessas de Deus apresentadas na experiência de
seu povo dentro das narrativas bíblicas. Assim, nossa fé somente é completa quando unimos o culto ao Criador com a prática da caridade e da justiça misericordiosa em relação ao semelhante. Muitos podem não ter a explicitação da fé na manifestação de ritos religiosos, mas podem ter o dom do Espírito Santo na prática da justiça e da caridade. Se tivermos a graça da fé, explicitada na ação de culto, teremos também de ser consequentes na vivência do amor ao semelhante, que nos leva a nos sacrificar pelo bem dele.
Antes da subida ao céu Jesus frisa bem a missão dos discípulos, enviando-os para ensinarem a todos a seguirem seu exemplo e a vida de amor e de paz (Cf. João 20,21-22).


sexta-feira, 13 de maio de 2016

MOMENTO COM A PALAVRA DE DEUS 13.05.16


+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João 21,15-19
Jesus manifestou-se aos seus discípulos e,
15depois de comerem, perguntou a Simão Pedro:
'Simão, filho de João,
tu me amas mais do que estes?'
Pedro respondeu:
'Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo'.
Jesus disse: 'Apascenta os meus cordeiros'.
16E disse de novo a Pedro:
'Simão, filho de João, tu me amas?'
Pedro disse: 'Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo'.
Jesus disse-lhe: 'Apascenta as minhas ovelhas'.
17Pela terceira vez, perguntou a Pedro:
'Simão, filho de João, tu me amas?'
Pedro ficou triste,
porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava.
Respondeu: 'Senhor, tu sabes tudo;
tu sabes que eu te amo'.
Jesus disse-lhe: 'Apascenta as minhas ovelhas.
18Em verdade, em verdade te digo:
quando eras jovem,
tu te cingias e ias para onde querias.
Quando fores velho,
estenderás as mãos e outro te cingirá
e te levará para onde não queres ir.'
19Jesus disse isso,
significando com que morte Pedro iria glorificar a Deus.
E acrescentou : 'Segue-me'.
Palavra da Salvação.

O amor a Jesus é a condição fundamental para que possamos participar da missão evangelizadora da Igreja. Qualquer outra motivação é insuficiente para tal e está fadada ao fracasso. Não é a toa que Jesus pergunta três vezes a Pedro se ele o ama. Isso quer dizer que todos os que querem de fato participar da missão evangelizadora da Igreja devem se questionar constantemente sobre o seu amor a Jesus, renovar este amor a cada dia e buscar formas de aprofundar ainda mais este amor, principalmente através da participação na Eucaristia, leitura e meditação da Palavra, cultivo da vida interior e vivência cada vez maior do amor para com os pobres e necessitados.

O DOM DO PAI EM CRISTO


O Senhor mandou batizar em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, quer dizer, professando a fé no Criador, no Filho e no que é chamado Dom de Deus.
Um só é o Criador de todas as coisas. Pois um só é Deus Pai, de quem tudo procede; um só é o Filho Unigênito, nosso Senhor Jesus Cristo, por quem tudo foi feito; e um só é o Espírito, que foi dado a todos nós.
Todas as coisas são ordenadas segundo suas capacida­des e méritos: um só é o Poder, do qual tudo procede; um só é o Filho, por quem tudo começa; e um só é o Dom, que é penhor da esperança perfeita. Nada falta a tão grande per­feição. Tudo é perfeitíssimo na Trindade, Pai, Filho e Espí­rito Santo: a infinidade no Eterno, o esplendor na Imagem, a atividade no Dom.
Escutemos o que diz a palavra do Senhor sobre a ação do Espírito em nós: Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de compreendê-las agora (Jo 16,12), É bom para vós que eu parta: se eu me for, vos mandarei o Defensor (cf. Jo 16,7). Em outro lugar: Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor, para que permaneça sempre convosco: o Espírito da Verdade (Jo 14,16-17). Ele vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anuncia­rá. Ele me glorificará porque receberá do que é meu (Jo 16,13-14).
Estas palavras, entre muitas outras, foram ditas para nos dar a conhecer a vontade daquele que confere o Dom e a natureza e a perfeição do mesmo Dom. Por conseguinte, já que a nossa fraqueza não nos permite compreender nem o Pai nem o Filho, o Dom que é o Espírito Santo estabelece um certo contato entre nós e Deus, para iluminar a nossa fé nas dificuldades relativas à encarnação de Deus.
Assim, o Espírito Santo é recebido para nos tornar capazes de compreender. Como o corpo natural do homem permaneceria inativo se lhe faltassem os estímulos necessá­rios para as suas funções - os olhos, se não há luz ou não é dia, nada podem fazer; os ouvidos, caso não haja vozes ou sons, não cumprem seu ofício; o olfato, se não sente nenhum odor, para nada serve; não porque percam a sua capacidade natural, mas por falta de estímulo para agir - assim é a alma humana: se não recebe pela fé o Dom que é o Espírito, tem certamente uma natureza capaz de conhecer a Deus, mas falta-lhe a luz para chegar a esse conhecimento.
Este Dom de Cristo está inteiramente à disposição de todos e encontra-se em toda parte; mas é dado na medida do desejo e dos méritos de cada um. Ele está conosco até o fim do mundo; ele é o consolador no tempo da nossa espera; ele, pela atividade dos seus dons, é o penhor da nossa esperança futura; ele é a luz do nosso espírito; ele é o esplendor das nossas almas.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

MOMENTO COM A PALAVRA DE DEUS 12.05.16



+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 17,20-26

Naquele tempo, Jesus levantou os olhos ao céu e disse:
Pai Santo,
20eu não te rogo somente por eles,
mas também por aqueles
que vão crer em mim pela sua palavra,
21para que todos sejam um
como tu, Pai, estás em mim e eu em ti,
e para que eles estejam em nós,
a fim de que o mundo creia que tu me enviaste.
22Eu dei-lhes glória que tu me deste,
para que eles sejam um, como nós somos um:
23eu neles e tu em mim,
para que assim eles cheguem à unidade perfeita
e o mundo reconheça que tu me enviaste
e os amaste, como me amaste a mim.
24Pai, aqueles que me deste,
quero que estejam comigo onde eu estiver,
para que eles contemplem a minha glória,
glória que tu me deste
porque me amaste antes da fundação do universo.
25Pai justo, o mundo não te conheceu,
mas eu te conheci,
e estes também conheceram que tu me enviaste.
26Eu lhes fiz conhecer o teu nome,
e o tornarei conhecido ainda mais,
para que o amor com que me amaste esteja neles,
e eu mesmo esteja neles'.
Palavra da Salvação.
Nesse evangelho do capítulo 17 de São João, Jesus está elevando uma oração ao Pai pelos seus discípulos e por aqueles que ainda crerão por adesão a Palavra. É uma oração de benção e intercessão de Jesus pela comunidade de fé.
Vamos começar com uma pequena recordação, com uma pequena vivência da intercessão que vivemos no nosso dia a dia. Constantemente recorremos a pessoas que amamos para pedir que interceda por nós.
Intercessão – é rogar a Deus em favor de outra pessoa; é ato de solidariedade para com o próximo e de confiança em Deus. Nas Sagradas Escrituras há exemplos clássicos de intercessão (O marido pela mulher – Gn 25,21; Moises pelo povo rebelde – Ex 32; O sacerdote no culto – Jr 14; Cristo intercede por Pedro – Lc 22.31). 
Associado a intercessão também temos a experiência da benção – Quando abençoamos alguém abençoamos em Nome de Deus. Essa experiência nos ajuda a marcar positivamente os momentos do dia das pessoas que pedem a benção. Quando Deus concede a benção, concede toda sorte de bens; depois a paz e o bem estar.
A benção e a intercessão são experiências muito fortes para as pessoas que tem fé. É, portanto dessa realidade que nos fala o evangelho de são João nessa semana, a saber, o capítulo 17, conhecido por nós como a oração sacerdotal de Jesus.
Nos grandes textos de despedida da Bíblia (especialmente Dt 32-33) o protagonista termina o discurso por meio de uma prece, hino ou benção. Jo 17 pode ser considerado o ponto alto do livro. Uma forma de Jesus de interceder pelos seus que ainda permanecem no mundo.
É deste Jesus orante que João nos apresenta agora uma imagem – Jesus que age como nosso intercessor, como aquele que intercede junto ai Pai pelos seus que ainda estão no mundo.
Eu lhe convido a ver esse evangelho todo, o capítulo 17 como um todo e saborear as expressões lindas e reconfortantes que Jesus utiliza nessa intercessão ao Pai pelos seus discípulos.
“As palavras que tu me comunicaste, eu os comuniquei; e eles as receberam e compreenderam realmente que vim da tua parte, e creram que me enviaste”. V.8.
O texto inicia com o central, o fio condutor da experiência de Jesus, a comunicação da Palavra de Deus. A Palavra de Deus que forma verdadeiramente os discípulos.
“Rogo por eles, não rogo pelo mundo” V.9.
Um elemento paradoxal, rogo pelos discípulos, que estão no mundo, mas não são do mundo. Uma preocupação especial de Jesus que ama seus discípulos. Pede de forma especial que livre os discípulos das dificuldades, das tentações do mundo.
“Eu vou para ti, Pai santo; guarda-os no teu nome, que me destes, para que seja um como nós” V.11.
O texto agora começa a falar da unidade. Pede que o Pai guarde seus discípulos e que vivam na unidade. Um dos maiores problemas que vivemos hoje, essa falta de unidade que acaba fragilizando as experiências de fé.
“Não peço que os tires do mundo, mas que os livre do maligno” V.15.
Outro pedido muito especial, que os guardei do maligno. Essa semente do mal que somos convidados enfrentar constantemente na nossa vida.
 “Não rogo somente por eles, mas também pelos que crerão em mim por meio de suas palavras: que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti; que também eles sejam um em nós” VV.20-21.
Uma prece por aqueles que ainda virão, uma prece por nós que estamos nessa caminhada de fé. Uma prece para que guardemos a unidade da nossa fé.
“Pai, os que me confiastes quero que estejam comigo onde eu estou; para que contemplem a minha glória”. V.24.
Depois de nossa peregrinação terrestre Jesus pede ao Pai que estejamos com ele na glória.
“Que o amor que está em mim esteja neles” V.26.
Que sejamos sempre permeados por esse amor de Jesus.
Portanto, diante de Jesus o sumo e eterno sacerdote, ofereçamos a nossa vida para que Ele ofereça tudo como uma grande oração ao Pai.
Vamos recordar da nossa vida e da nossa vocação...Como vai a sua vocação, a vocação que você abraçou. Reveja agora o que você traz no coração e vai oferecendo a Jesus tudo isso.
Vamos recordar a nossa vida familiar... Como vai a sua relação com a família, pai, mãe, filhos, irmãos. Oferece tudo isso a Jesus.
Como vai a vida afetiva, as motivações do dia a dia...Tens encontrado momento de empatia, de falta de ânimo, de falta de coragem, de insegurança. Oferece tudo isso a Jesus.
Como vai a vida financeira...Muitos projetos e poucas execuções, algumas dívidas, muitas preocupações. Oferece tudo isso a Jesus, sente uma porta que se abre na tua vida para viver melhor, mais animado, mais cheio da graça de Deus.
Como vai a vida de fé, a vida de oração, a vida espiritual...Tens sentido dificuldades de fé, de oração. Oferece tudo isso a Jesus.