sábado, 14 de maio de 2016

REUNIÃO E FORMAÇÃO COM CATEQUISTAS DA INICIAÇÃO CRISTÃ

Nesse sábado (14) de maio, na Comunidade de São Pedro em repartição estivemos reunidos com as catequistas que estão empreendendo um projeto de Iniciação à Vida Cristã. Esse projeto na vida da Igreja se apresenta nos dias atuais como umas das grandes urgências dentro de seus projetos pastorais. Uma catequese voltada para ajudar aqueles que ainda não tem os sacramentos da Iniciação Cristã. Um caminho com a Palavra de Deus mesclando vivências, participação na comunidade e celebrações litúrgicas.
Em nossa Paróquia de Nossa Senhora das Dores essa é a primeira turma oficialmente instituída, que está sendo a nossa experiência piloto. O nosso desejo é que essa experiência se constitua também nos outros setores da Paróquia bem como na sede paroquial.
No encontro de hoje foi deito um momento de formação com nossas catequistas, tirando dúvidas e se motivando caminhada. Segue o texto que trabalhamos hoje nesse momento formativo. 
INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ
“Tarde te amei, beleza antiga e tão nova, tarde te amei! Tu estavas dentro de mim e eu te buscava fora de mim (...) Brilhaste e resplandeceste diante de mim, e expulsastes dos meus olhos a cegueira. Exalaste o teu Espírito e aspirei o teu perfume, e desejei-te. Saboreei-te, e agora tenho fome e sede de ti. Tocaste-me, e abrasei-me na tua paz”. (Santo Agostinho, Confissões X, 27,38).
Muitos, sem saber, estão em busca dessa beleza
Tomamos como referência no início do nosso primeiro texto a experiência de Santo Agostinho que tarde descobriu a sedução da pessoa e da proposta de Jesus. Outras grandes figuras da Igreja trilharam esse caminho, como se vê na declaração, bem semelhante, de Charles de Foucaul: “Ó meu Deus, a que ponto tua mão me segurava e eu não percebia! Como és bom e me preservaste! Tu me cobrias com as tuas assas quando eu nem mesmo acreditava em tua existência”. Mas talvez isso até tenha contribuído de certa forma para uma entrega mais intensa, com conhecimento de causa e com a consciência do vazio deixado por tantas outras buscas. Essa procura, a pergunta por Deus, está em todos nós. Muitos são os que andam inquietos pelo mundo, descontentes com propostas que ainda não conquistaram sua mente e seu coração; há também outros, que de certa forma perderam de vista o Transcendente, ao se deixar levar pelo imediatismo, pelo materialismo, e pelas muitas seduções de uma sociedade que valoriza outras conquistas... Mas, também estes poderão redescobrir essa necessidade básica, bem humana, de buscar a fonte do mistério da sua própria existência.
O ser humano vive à procura de respostas sobre a vida e, no fundo, sobre si mesmo. As perguntas ficam lá dentro de homens e mulheres que querem saber quem são, por que estão neste mundo, que sentido têm as escolhas que a vida exige de nós.
Na abertura da Fides et Ratio, João Paulo II se refere a essa necessidade, que pertence a nossa própria natureza: “A Fé a Razão constituem como que duas assas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de O conhecer, para que conhecendo-o e amando-o, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio”.
Quem chega à idade adulta com essas indagações precisa de mais do que uma síntese doutrinal. Traz toda uma vida, cheia de experiências, perplexidades, alegrias e decepções. E ai não basta estudar o cristianismo. O adulto cheio de perguntas quer descobrir o sentido na vida, nos seus relacionamentos, no mistério de Deus já percebido através da Criação, como primeiro livro da revelação divina. Vai ser necessário um verdadeiro mergulho no mistério, como uma experiência cada vez mais profunda das diversas dimensões da vida cristã. Isso não se faz num cursinho rápido e nem mesmo numa catequese isolada de outros aspectos da vida eclesial. Não se trata de “aprender coisas”, trata-se de uma adesão consciente a um projeto de vida.
Jesus evangelizou os adultos e abençoou as crianças. Nós muitas vezes fazemos o contrário. As crianças, é claro, sempre serão bem vindas e tem todo o direito de viver a experiência do amor de Deus. Mas adultos que vão descobrindo o que, sem saber, seu coração sempre buscou, precisam de um processo bem vivido de iniciação. Uma Igreja em estado permanente de missão tem que responder a essa necessidade.
Uma necessidade religiosa, mas também antropológica
Há muitos séculos, Tertuliano já dizia que “os cristãos se fazem, não nascem”. Isso vale para qualquer religião. Para “tornar-se” algo novo é preciso passar por um processo de iniciação que envolve mais do que conhecer ideias. A pessoa nova vai emergir como seguidora de um caminho se compromete com o seu conhecimento, suas emoções, suas opções de vida, suas escolhas a cada momento. Diz o Documento de Aparecida, citando as palavras de Bento XVI: “... não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma pessoa, que dá novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva” (DA. N.21).
Entrar num novo projeto de vida, religioso ou não, requer um processo de passos sucessivos de aproximação. Religiões fazem isso num processo que mescla vivência, conhecimento e celebração. A pessoa aprende, mas também se deixa envolver pelo clima de mistério e passa a agir de outro modo no campo pessoal, comunitário e social, alegremente comprometida com o projeto de vida envolvido pelo amor de Deus. E isso é realizado por meio de ritos, símbolos e celebrações, que fazem parte da história humana em todos os tempos e lugares. Mesmo os que se dizem ateus precisam de gestos simbólicos para se expressar e assumir sua fidelidade a projetos e pessoas.
A inspiração que vem da Palavra de Deus
Jesus formou os discípulos, devagar. Houve um primeiro chamado, um aprendizado e um convívio. Houve etapas de missão, envio, aprofundamento. Mas mesmo assim não estavam totalmente prontos para a tarefa de ser igreja até viverem a experiência do mistério pascal. Alguns textos do evangelho já nos dão, de forma sintética, um caminho. Podemos assim refletir sobre o processo do chamado:
“No dia seguinte, João estava com dois de seus discípulos. Vendo Jesus passar diz: - Ai está o cordeiro de Deus; os discípulos o ouviram e seguiram Jesus. Jesus se voltou e, ao ver que o seguiam, lhes diz: - O que estais procurando? Responderam: - Rabi (que significa mestre), onde moras? Disse-lhes: Vinde e vede.
Foram, pois, viram onde moravam e ficaram com ele nesse dia. Eram as quatro da tarde. Um dos que haviam ouvido João e tinham seguido Jesus era André, irmão de Simão Pedro. Encontra primeiro o seu irmão Simão e lhe diz: - Encontramos o Messias (que se traduz Cristo). E o conduziu a Jesus. Jesus olhou para ele e disse: Tu és Simão, filho de João; tu te chamarás Cefas (que significa pedra).
No dia seguinte, dispunha-se a partir para a Galiléia, quando encontra Filipe. Jesus lhe diz: - Segue-me. Filipe era de Betsaida, terra de André e Pedro. Filipe encontra Natanael e lhe diz: - Encontramos aquele de quem falam Moises na lei e nos profetas: Jesus, filho de José, natural de Nazaré.
Natanael replica: - De Nazaré pode sair alguma coisa boa? Filipe lhe diz: - Vem e verás. Jesus, vendo Natanael aproximar-se, diz: - Ai tendes um israelita de verdade, sem falsidade. Natanael lhe pergunta: - Como me conheces? Jesus respondeu-lhe: - Antes que Filipe te chamasse, eu te vi debaixo da figueira. Natanael respondeu: - Mestre, tu és o Filho de Deus, o rei de Israel! Jesus lhe respondeu: - Crês porque te disse que ti vi debaixo da figueira? Coisas maiores verás” [Jo 1,35-50].
Tudo começa com uma busca: “Que procurais?” pergunta Jesus.
Isso gera um encontro: “Onde moras?” dizem eles. No fundo estão perguntando: Como te conhecemos melhor?” Jesus responde: “Vinde e vede”.
E produz conversão: Eles vão, veem... e decidem segui-lo.
Assim o processo vai produzindo comunhão: permanecem com ele, acompanham seu caminho, compartilham seu poder de expulsar o mal e curar.
Que leva à missão: cada discípulo atrai outros, para anunciar juntos a boa nova e depois fazer discípulos em todos os povos.






Um comentário:

  1. Experiência riquíssima! Todos nós ( catequistas, catecúmenos - jovens, crianças e familiares - estamos encantados com o processo de iniciação Cristã )
    - Parabéns pela bela iniciativa inerente à seu pastoreio!
    ... " Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra! (Atos 1:8)
    - Abraços e orações!

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