domingo, 30 de novembro de 2014

MOMENTO COM A PALAVRA 01.12.14

Segunda-feira 01.12.14 – 1ª Semana de advento – ANO B


+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 8,5-11
Naquele tempo:

Quando Jesus entrou em Cafarnaum,
um oficial romano aproximou-se dele, suplicando:
'Senhor, o meu empregado está de cama, lá em casa,
sofrendo terrivelmente com uma paralisia.'
Jesus respondeu: 'Vou curá-lo.'
O oficial disse: 'Senhor,
eu não sou digno de que entres em minha casa.
Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado.
Pois eu também sou subordinado
e tenho soldados debaixo de minhas ordens.
E digo a um : 'Vai!', e ele vai;
e a outro: 'Vem!', e ele vem;
e digo ao meu escravo: 'Faze isto!', e ele faz.'
Quando ouviu isso, Jesus ficou admirado,
e disse aos que o seguiam:
'Em verdade, vos digo:
nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé.
Eu vos digo:
muitos virão do Oriente e do Ocidente,
e se sentarão à mesa no Reino dos Céus,
junto com Abraão, Isaac e Jacó.
Palavra da Salvação

A presença de Jesus no meio dos homens significa a chegada dos tempos messiânicos e o pleno cumprimento de todas as profecias do Antigo Testamento. Os sinais que Jesus realiza atestam este fato. Mas para que as pessoas participem do Reino de Deus de modo a usufruir dos dons que lhes são oferecidos nestes tempos messiânicos, faz-se necessária a aceitação plena de Jesus e de sua palavra, assim como a adesão à causa do Reino de Deus. Não basta ser católico para participar das coisas do alto, é necessário assumir a fé e ter uma vida coerente com ela.

sábado, 29 de novembro de 2014

O ANO LITÚRGICO

Amanhã, primeiro domingo do Advento, será o incio de mais um ano litúrgico. Falaremos um pouco sobre isso no programa de rádio "Encontro de Fé". Para quem desejar acompanhar esse momento, eis aqui o texto.

O ANO LITÚRGICO
Ano Litúrgico é o "calendário religioso". Por ele, o povo cristão revive anualmente todo o Mistério da Salvação centrado na Pessoa de Jesus, o Messias. O Ano Litúrgico contém as datas dos acontecimentos da História da Salvação; contudo, não coincide com o ano civil, que começa no dia primeiro de janeiro e termina no dia 31 de dezembro.
O Ano Litúrgico é composto de diversos "tempos litúrgicos" e sua estrutura é a seguinte:
Tempo do Advento
Tempo do Natal
Tempo Comum ( Primeira parte )
Tempo da Quaresma
Tríduo Pascal
Tempo Pascal
Tempo Comum
Tempo do Advento
Início: Primeiro Domingo do Avento
Término: 24 de dezembro, à tarde
Duração do tempo: quatro semanas
Espiritualidade: esperança
Ensinamento: anúncio da vinda do Messias
Cor: Roxa
Tempo de Natal
Início: 25 de dezembro

O Tempo do Natal termina com a Festa do Batismo do Senhor.
Cor: Branco
Espiritualidade: Fé, alegria, acolhimento
Ensinamento: O Filho de Deus se fez Homem
Símbolos: presépio; luzes
Tempo Comum (Primeira Parte)
Início: primeiro dia logo após a Festa do Batismo do Senhor
Cor: Verde
Espiritualidade do Tempo Comum: Escuta da Palavra de Deus.

Ensinamento: Anúncio do Reino de Deus
Tempo da Quaresma
Início : Quarta-feira de Cinzas
Término: Quinta-feira Santa de manhã
Espiritualidade: Penitência e conversão
Ensinamento: A Misericórdia de Deus
Cor: Roxa
Tríduo Pascal
GANHA DESTAQUE O TRÍDUO PASCAL – MOMENTO DE CELEBRAR O CENTRO (PAIXÃO, MORTE E RESSURREÇÃO DO SENHOR).
Tempo Pascal
Início: Primeiro Domingo da Páscoa
Espiritualidade do Tempo Pascal: Alegria em Cristo Ressuscitado.
Ensinamento: Ressurreição e vida.
Cor: Branca
Tempo Comum (Segunda Parte)
O Tempo Comum que havia sido interrompido pela Quaresma, reinicia na Segunda-feira após a solenidade de Pentecostes.
As Cores do Ano Litúrgico     
Como a liturgia é ação simbólica, também as cores nela exercem um papel de vital importância, respeitada a cultura de nosso povo, os costumes e a tradição. Assim, é conveniente que se dê aqui a cor dos tempos litúrgicos e das festas. A cor diz respeito aos paramentos do celebrante, à toalha do altar e do ambão e a outros símbolos litúrgicos da celebração.
Vejamos em qual tempo litúrgico são usadas e qual o seu sentido:
Cor roxa
Usa-se: No Advento, na Quaresma, na Semana Santa (até Quinta-Feira Santa de manhã), e na celebração de Finados, como também nas exéquias.
Cor branca
Usa-se: Na solenidade do Natal, no Tempo do Natal, na Quinta-Feira Santa, na Vigília Pascal do Sábado Santo, nas festas do Senhor e na celebração dos santos. Também no Tempo Pascal é predominante a cor branca.
Cor vermelha
Usa-se: No Domingo da Paixão e de Ramos, na Sexta-Feira da Paixão, no Domingo de Pentecostes e na celebração dos mártires, apóstolos e evangelistas.
Cor rosa
Pode-se usar: No terceiro Domingo do Advento (chamado "Gaudete") e no quarto Domingo da Quaresma chamado "Laetare"). Esses dois domingos são classificados, na liturgia, de "domingos da alegria", por causa do tom jubiloso de seus textos.
Cor preta
Pode-se usar na celebração de Finados
Cor verde
Usa-se: Em todo o Tempo Comum, exceto nas festas do Senhor nele celebradas, quando a cor litúrgica é o branco.
Cor dourada
É usado nas grandes solenidades do Ano Litúrgico como Páscoa, Natal, Ordenações...
Pouco usado hoje em dia. É a cor das grandes solenidades e grandes festas litúrgicas.
Em muitos casos substitui as demais cores, assim como o branco.
As diferentes cores das vestes litúrgicas visam manifestar externamente o caráter dos mistérios celebrados, e também a consciência de uma vida cristã que progride com o desenrolar do ano litúrgico. No princípio havia uma certa preferência pelo branco. Não existiam ainda as chamadas "cores litúrgicas".
Estas cores foram fixadas em Roma no século XII. Em pouco tempo os cristãos do mundo inteiro aderiram a este costume.

Nota explicativa: Se uma festa ou solenidade tomar o lugar da celebração do tempo litúrgico, usa-se então a cor litúrgica da festa ou solenidade. Exemplo: em 8 de dezembro, celebra-se a Solenidade da Imaculada Conceição. Neste caso, a cor litúrgica é então o branco, e não o roxo do Advento. Este mesmo critério é aplicável para a celebração dos dias de semana.

REFLEXÃO PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO - "ANO B" - 30.11.14

DIOCESE DE TIANGUÁ
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DAS DORES - CROATÁ
REFLEXÃO PARA O PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO – ANO B


Leitura do Livro do Profeta Isaías 63,16b-17.19b;64,2b-7
Senhor, tu és nosso Pai, nosso redentor;
eterno é o teu nome.
Como nos deixaste andar longe de teus caminhos
e endureceste nossos Corações
para não termos o teu temor?
Por amor de teus servos,
das tribos de tua herança, volta atrás.
Ah! se rompesses os céus e descesses!
As montanhas se desmanchariam diante de ti.
Desceste, pois, e as montanhas se derreteram
diante de ti.
Nunca se ouviu dizer nem chegou aos ouvidos de ninguém,
jamais olhos viram que um Deus, exceto tu,
tenha feito tanto pelos que nele esperam.
Vens ao encontro de quem pratica a justiça com alegria,
de quem se lembra de ti em teus caminhos.
Tu te irritaste, porque nós pecamos;
é nos caminhos de outrora que seremos salvos.
Todos nós nos tornamos imundície,
e todas as nossas boas obras são como um pano sujo;
murchamos todos como folhas,
e nossas maldades empurram-nos como o vento.
Não há quem invoque teu nome,
quem se levante para encontrar-se contigo,
escondeste de nós tua face
e nos entregaste à mercê da nossa maldade.
Assim mesmo, Senhor, tu és nosso pai,
nós somos barro; tu, nosso oleiro,
e nós todos, obra de tuas mãos.
Palavra do Senhor.
Estamos na época posterior ao Exílio e numa Jerusalém em reconstrução… A população está desanimada e sem esperança… Desse desânimo resulta a indiferença face a Iahweh e à Aliança. Os profetas têm a missão acordar a esperança de vida plena.
Estamos iniciando o tempo do advento, inicio de um novo ano litúrgico, e concidentemente ainda não terminamos o nosso ano civil. A liturgia de hoje está nos convidando, através dessa profecia de Isaias, a rever os nossos caminhos, a rever a nossa conduta e perceber com clareza que longe da face de Deus nossas obras são más, nossa esperança é fraca, e os nossos planos são débeis.
O profeta inicia reconhecendo duas dimensões: a primeira que o povo andou longe da presença do Senhor e nesse peregrinar nada de bom surgiu em sua vida todos nós nos tornamos imundície, e todas as nossas boas obras são como um pano sujo; murchamos todos como folhas, e nossas maldades empurram-nos como o vento”; por outro lado reconhece a grandeza do nome de Deus e nesse reconhecimento suplica a Deus que venha ao encontro do ser humano para transformar o coração de seu povo. Os ouvintes dessa profecia devem sentir o desejo de regressar ao Senhor seu Deus, sentir o desejo de recomeçar. O Profeta conclui sua profecia com esta bonita oração “assim mesmo, Senhor, tu és nosso pai, nós somos barro; tu, nosso oleiro, e nós todos, obra de tuas mãos”. É tempo de advento, tempo de esperar o Senhor, tempo de recomeçar com a esperança aflorando a flor da pele.
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 1,3-9
Irmãos:
Para vós, graça e paz,
da parte de Deus, nosso Pai,
e do Senhor Jesus Cristo.
Dou graças a Deus sempre a vosso respeito,
por causa da graça que Deus vos concedeu
em Cristo Jesus:
Nele fostes enriquecidos em tudo,
em toda palavra e em todo conhecimento,
à medida que o testemunho sobre Cristo
se confirmou entre vós.
Assim, não tendes falta de nenhum dom, vós que
aguardais a revelação do Senhor nosso, Jesus Cristo.
É ele também que vos dará perseverança
em vosso procedimento irrepreensível,
até ao fim, até ao dia de nosso Senhor, Jesus Cristo.
Deus é fiel; por ele fostes chamados à comunhão
com seu Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso.
Palavra do Senhor.


Na comunidade de Corinto, vemos as dificuldades da fé cristã em inserir-se num ambiente hostil, marcado por uma cultura pagã.
O texto que nos é hoje proposto é a “ação de graças” inicial. Habitualmente, Paulo começava as suas cartas com uma “ação de graças”.
Há neste texto dois aspectos: o primeiro diz respeito aos dons que a comunidade recebeu de Deus, através de Jesus Cristo; o segundo diz respeito à finalidade do chamamento dos coríntios. Em primeiro lugar, a comunidade foi privilegiada com “dons” de Deus. É bom que os coríntios tenham consciência da liberalidade divina e saibam dar graças.
Em segundo lugar, Paulo manifesta a sua convicção de que os “carismas” com que Deus cumulou os coríntios são destinados a construir uma comunidade orientada para Jesus Cristo, capaz de viver de forma irrepreensível o seu compromisso com o Evangelho até ao dia do encontro final e definitivo com Cristo.
Eis aqui a ligação com a primeira leitura: Que Deus venha ao encontro do seu povo e lhe toque o coração. Paulo, por sua vez afirma à comunidade de Corinto “Através dos seus dons, Deus vem ao encontro dos homens e manifesta-lhes o seu amor”.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 13,33-37
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
Cuidado! Ficai atentos,
porque não sabeis quando chegará o momento.
É como um homem que, ao partir para o estrangeiro,
deixou sua casa sob a responsabilidade de seus
empregados, distribuindo a cada um sua tarefa.
E mandou o porteiro ficar vigiando.
Vigiai, portanto, porque não sabeis
quando o dono da casa vem:
à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer.
Para que não suceda que, vindo de repente,
ele vos encontre dormindo.
O que vos digo, digo a todos: Vigiai!'
Palavra da Salvação.
O “dono da casa” é Jesus. Ao deixar este mundo, Ele confiou aos discípulos a tarefa de construir o “Reino”. Os discípulos de Jesus não podem cruzar os braços, à espera que o Senhor venha; eles têm uma missão com a construção de um mundo mais humano, mais fraterno, mais justo, mais evangélico.
 Todos devem estar ativos e vigilantes. O objetivo final da história humana é o encontro definitivo e libertador com Jesus. “O Senhor vem” – garante-lhes o próprio Jesus; e esta certeza deve animar e dar esperança aos discípulos, sobretudo nos momentos de crise e de confusão. Mesmo que tudo pareça ruir à sua volta, os discípulos são chamados a não perder a esperança do mundo novo a nascer.
Todos, vigilantes, sendo testemunhas e arautos da paz, da justiça, do amor, do perdão, da fraternidade, cumprindo dessa forma a missão que Jesus lhes confiou.
O evangelho de hoje, narrado por São Marcos, vem coroar tudo aquilo que já foi colocado nas leituras anteriores desse primeiro domingo do advento. Um convite à vigilância acompanhado com a lembrança da responsabilidade que temos em relação aos dons que Deus nos deu.
Todo dom é dado para ser colocado a serviço da comunidade. A distribuição de dons e talentos que devem ser multiplicados cada vez mais.
O evangelho de hoje seguindo essa mesma trilha fala hoje em tarefas que foram dadas aos empregados. Fala que devem estar atentos por não saberem a hora do regresso do patrão distribuidor de dons (tarefas), pede que não estejam dormindo quando o patrão chegar.
Todos nós temos dons e talentos que devem ser colocados a serviço da comunidade. E nessa liturgia temos que nos perguntar se nossos dons estão sendo caminhos para Deus chegar ao coração da humanidade, ou se estamos a dormir na missão que Ele nos confiou. O senhor vem, portanto, vigiai!

Um grande abraço e um domingo maravilhoso a todos!
Do seu amigo de sempre Pe. Felipe.

PONTOS CENTRAIS:
RECOMEÇAR
DEUS VEM AO ENCONTRO DO SEU POVO
ATRAVÉS DOS DONS DIPONIVEIS NO MEIO DA COMUNIDADE


MOMENTO COM A PALAVRA 29.11.14


MOMENTO COM A PALAVRA DE DEUS 30.11.14 (SÁBADO)
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 21,34-36
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 
34 Tomai cuidado para que vossos corações 
não fiquem insensíveis por causa da gula, 
da embriaguez e das preocupações da vida, 
e esse dia não caia de repente sobre vós; 
35 pois esse dia cairá como uma armadilha 
sobre todos os habitantes de toda a terra. 
36 Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, 
a fim de terdes força 
para escapar de tudo o que deve acontecer 
e para ficardes em pé diante do Filho do Homem.' 
Palavra da Salvação. 

A nossa vida é marcada por preocupações constantes que são exigências da agitada vida moderna. Essas preocupações muitas vezes acabam por fazer de si mesmas o centro da nossa vida. Na verdade, a gente deixa de viver a vida que a gente quer para viver a vida que é exigida de nós. Assim, não temos tempo para a oração, para a contemplação, para o encontro com Deus e o estabelecimento de comunhão com ele. O resultado de tudo isso é que deixamos de viver na sua presença e nos fechamos num mundo que cada vez mais nos escraviza e nos impede de viver a verdadeira vida, a vida dos filhos e filhas de Deus em perfeita comunhão e relação com o Pai.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

MOMENTO FORMATIVO COM A APALAVRA DE DEUS IV


Deus fala na Bíblia e nas histórias que o povo conta
Muitos escritos contemporâneos aos escritos bíblicos não entraram na Bíblia e são considerados apócrifos. Os livros que formaram a Bíblia se tornaram mais conhecidos. Muito cedo foram traduzidos em outras línguas, a começar do grego e do latim; hoje há versões em quase todas as línguas. Parece ter sido um trabalho simples e fácil, mas não foi. Exigiu muito esforço de pessoas e grupos que se dedicaram a copiar, rever, comparar e apresentar sua análise e crítica textual, que aparece na Bíblia e em obras especializadas.
Os Livros Apócrifos
Talvez você nunca tenha ouvido a palavra “apócrifo”. Ela soa estranha e difícil, mas não é. A palavra vem do grego (apókriphos) e significa “escondido, secreto”. Ela aparece por exemplo, em Cl 2,2-3 – “... mistério de Deus, [...] no qual se acham escondidos todos os tesouros [...]” – e em Mc 4,22 – “...nada há de escondidos todos os tesouros [...]”. Ao se contrapor aos livros canônicos, a palavra tomou outro sentido, passando a indicar livro de origem incerta, não inspirado, não canônico.
Existem livros apócrifos do Primeiro e do Segundo Testamentos. Os do Primeiro Testamento surgiram do século II a.E.C. ao século III E.C. Entre os mais importantes, encontram-se o Apocalipse de Moisés, 2 Esdras, 3 e 4 Macabeus, Henoc, Testamento dos Doze Patriarcas, Salmos de Salomão, Assunção de Moisés, e muitos outros. Os apócrifos do Segundo Testamento que chegaram até nós vão do século I até o século V E.C Predominam os livros sobre a infância de Jesus, sua paixão, os pais de Jesus e os apóstolo. Sobre a infância, destaca-se o protoevangelho de Tiago e o livro da Natividade de Maria. Sobre a paixão, o evangelho de Nicodemos e o evangelho de Gamaliel. Sobre a paixão, o evangelho de Nicodemos e o evangelho de Gamaliel. Sobre os pais de Jesus, a Morte de Maria o Trânsito de Maria e a História de José, o carpinteiro.
Os livros apócrifos não foram considerados inspirados. Eles tinham a preocupação de dar maiores informações sobre as pessoas que apareciam na Bíblia, manter viva a esperança no Messias e dar informações sobre o ambiente religioso, cultural e social do período em que surgiram. Esses escritos refletiam às vezes até uma viva e profunda fé, misturada, porém, com uma grande dose de imaginação e fantasia. Muitos deles inspiraram as pinturas e a iconografia (imagens de santos).
Livros de grande valor surgiram e vão surgir. Eles podem ser importantes para ajudar a encontrar o sentido da vida e dar razões para aquilo em que acreditamos. Podem ajudar a entender o que está escrito nos diferentes cânones da Bíblia, tornando mais clara para nós, a vontade de Deus e o caminho da salvação, mas outros livros não podem entrar na lista dos diversos cânones bíblicos.
Muitas pessoas de tempos, lugares e situações diferentes contribuíram para que os livros sagrados e os apócrifos chegassem até nós: as mulheres e os homens que escreveram esses livros e também todas as pessoas que contaram as histórias, copiaram os textos, cuidaram de sua conservação e os traduziram do hebraico, aramaico, grego e latim para a nossa e para outras línguas.
A Bíblia entre nós
A Bíblia levou mais de mil anos para ser escrita. Começou por volta de 1250 a.E.C. e terminou cerca do ano 115 E.C. Dessa última data até hoje, passaram-se quase 2 mil anos. Além da grande distância no tempo, as línguas em que a Bíblia foi escrita não são, normalmente conhecidas entre nós. Era necessário que alguém a traduzisse das línguas originais para as línguas faladas hoje. Por isso, desde cedo começaram a aparecer traduções.
a) Traduções Gregas
A tradução da Bíblia hebraica para o grego ocorreu porque, com o passar dos anos, os descendentes dos judeus não falavam nem liam mais o hebraico, e sim o grego. Nasceu assim a necessidade de traduzir a Bíblia hebraica para o grego. Essa tradução é conhecida como a Septuaginta ou Setenta (LXX).
Outras traduções do texto hebraico para o grego foram surgindo, como a Héxapla (do grego, “seis colunas”). Foi organizada por Orígenes. Ele colocou em seis colunas paralelas quatro traduções dos textos da Bíblia. Na primeira coluna colocou o texto hebraico; na segunda, a transcrição do texto hebraico em grego; na terceira a tradução Áquila; na quarta, a tradução de Símaco; na quinta, a dos Setenta corrigida por Orígenes; e, na sexta, a tradução de Teodocião. A Héxapla era uma coleção de 50 volumes, que não existe mais. Foi destruída pelos árabes, por volta do ano 638 E.C.
b) Traduções para o latim
As primeiras traduções dos textos originaius da Bíblia para o latim levam o nome genérico de Vetus Latina. São Parciais, Anteriores à vulgata e importantes por causa de suas notas explicativas.
No ano 323 E.E, Constantino, imperador romano, emitiu o “Édito de Milão” dando liberdade religiosa e de culta a todos os cidadãos do reino, favorecendo, sem dúvida, os cristãos. Mais tarde, com o imperador Teodósio I em 280 E.C., o cristianismo foi proclamado “religião de estado”. Nessa época do Ocidente, a língua falada popularmente era o latim. Surgiu, então, a necessidade de traduzir a Bíblia para esse idioma, com o intuito de oferecê-la na língua do povo. Essa tradução chamou-se vulgata e significa “popular”. Foi feita por Jerônimo, um estudioso da Bíblia, dos Anos 390 a 405 E.C. Sua importância está nas introduções a cada livro da Bíblia e nos comentários. Ainda hoje é considerada texto oficial da Igreja Católica. A partir do Concílio Vaticano II (1962-1965), foi feita uma nova revisão da Vulgata e publicada com o nome de Neo vulgata (Nova vulgata), na Cidade do Vaticano, em 1976.
c) Traduções para as línguas modernas
A partir de 1500 E.C., o latim não era mais a língua falada pela maioria do povo. Cada país do Ocidente Falava sua língua. Não era mais possível oferecer a Bíblia numa única Língua. Pouco a pouco a Bíblia foi sendo traduzida para diversas línguas: alemão, inglês, francês, espanhol, português e outras. Essa iniciativa de traduzir a Bíblia em línguas modernas deve-se sobretudo a Lutero, Calvino e aos anglicanos.
A primeira tradução dos textos originais da Bíblia para o português de Portugal foi feita pelo calvinista João Ferreira de Almeida em 1680. No Brasil, a Bíblia foi impressa pela primeira vez em 1864, no Rio de Janeiro, por Garnier Livreiro-Editor. Era tradução da Vulgata em português de Portugal, foi feita pelo Pe. Antônio Pereira de Figueiredo. Circulou até a terceira edição, mais foi proibida por Roma, por causa das notas ao pé da página, que não foram aceitas. Em 1904, foi feita uma revisão dessas notas pelo Pe. Santos Farinha, aprovada e editada em 1904.
Em 1943, Edições Paulinas imprimiram a Bíblia traduzida da Vulgata em português de Portugal pelo Pe. Matos Soares. De 1958 em diante, todas as traduções da Bíblia foram feitas das Línguas Originais, e publicadas por várias editoras: Biblia de Jerusalém (Paulus, 1985), Biblia Sagrada (Vozes), Biblia Sagrada (Ave Maria, 1977), Bíblia Sagrada: edição pastoral (Paulus, 1990), a Bíblia TEB (Loyola, 1994), Bíblia do peregrino (São Paulo, Paulus, 200), Bíblia – tradução da CNBB 2001. O trabalho de tradução é muito exigente e difícil, dada a grande quantidade de cópias diferentes que surgiram no decorrer dos anos e que foram conservadas em museus, além das exigências linguísticas atuais.
O texto bíblico e suas dificuldades
As últimas redações originais dos textos bíblicos foram feitas há quase 2 mil anos. Esses textos foram escritos em materiais perecíveis, em línguas antigas e em lugares diferentes, em situações de dominação quase constante, exílios e guerras frequentes. Nessas condições, era impossível que chegassem até nós esses textos originais! Assim, a Bíblia que temos hoje é formas por cópias e cópias desses textos.
As cópias eram feitas por pessoas que sabiam ler e escrever as línguas de origem. Elas eram chamadas copistas ou amanuenses. Muitas delas faziam isso como profissão. A palavra “amanuense” vêm do latim e quer dizer “aquele que copia à mão”. As cópias que os amanuenses faziam recebiam o nome de manuscritos (escritos à mão).
Surgiam muitos erros de uma cópia para outra, por vários motivos. O copista às vezes não enxergava bem o que estava copiando, ou não ouvia bem quando alguém ditava, ou entendia uma coisa, mas era outra, ou tinha muita pressa, ou não tinha boa memória. Havia tantas causas! Por isso, existem cópias de livros da Bíblia em que faltam palavras, ou há palavras invertidas, trocadas... Às vezes os copistas não entendiam uma abreviação ou uma palavra e cometiam erros sem querer.
Aconteceram outras mudanças no texto copiado porque o copista fez algumas correções de gramática, de estilo e até de conteúdo. As diferenças ou erros no mesmo texto ou entre um texto e outro são chamadas de “lições” ou “variantes”. Essas diferenças entre as cópias fizeram nascer um estudo importante chamado crítica textual.
Critica textual da Bíblia
Crítica textual é a arte de descobrir e corrigir os erros de um texto transmitido. Aplicada à Bíblia, procurar extrair dos diversos manuscritos bíblicos, disponíveis atualmente – que são copias – o texto que, por deduções, se aproxime o máximo possível do original. No exame que faz desses textos manuscritos, a crítica textual está atenta às mudanças feitas pelos copistas entre uma cópia e outra, examinando também outros aspectos correlatos, tais como a estrutura do texto e o que ele diz ou deixa de dizer.
Como saber se esta ou aquela cópia (manuscrito) é a mais parecida com o texto original, quando este não existe mais? É difícil acertar cem por cento. Os estudiosos da Bíblia seguem algumas regras que ajudam a saber qual das cópias se parece mais com o texto original. Primeiro, escolhem a variante (ou lição) que ajuda a entender e explicar outras variantes. Segundo, escolhem a variante mais difícil e a mais curta, e não a mais fácil e a mais longa, porque esta seria a redação de alguém que já teria tentado explicá-la. Terceiro, escolhem a que é diferente dos outros textos paralelos.
            A crítica textual não é mais importante do que o texto da Bíblia. Apenas quer ajudar a entender melhor o texto, no ponto em que há problema para compreendê-lo. Quer ajudar a tirar as mensagens de acordo com o que o texto quer dizer, e não com o que nós queremos que ele diga.
Formação da Bíblia hebraica
As cópias dos textos originais, ou manuscritos, da Bíblia hebraica – a qual corresponde ao Primeiro Testamento para os cristãos – levam o nome da cidade onde eles se encontram ou foram achados. Assim, temos os seguintes manuscritos:
·         Manuscrito de Leningrado, do ano 1008 E.C.; encontra-se na Rússia.
·         Manuscrito de Alepo, na Síria, do início do século X E.C. Foi levado para a Biblioteca de Israel.
·         Manuscrito Cairense, da cidade do Cairo, no Egito. É do ano 885 E.C.
·         A esses manuscritos se acrescenta, também, um códice, do ano 847 E.C., descoberto recentemente na coleção do Instituto para os Povos Asiáticos de Leningrado.
Merece destaque o trabalho de crítica textual que os massoretas realizaram com muita seriedade no estudo comparativo das diferentes cópias de textos da Bíblia Hebraica, de que dispunham. Quando encontravam cópias de textos ou livros inteiros da Bíblia com erros de transcrição ou palavras trocadas, eles respeitavam o texto sem o corrigir. Indicavam ao pé da página, em duas colunas horizontais e em uma coluna da margem lateral vertical as palavras que eram escritas e lidas de forma diferente do texto e em qual documento se encontravam. Foi um trabalho de grande responsabilidade e muito importante para os estudos bíblicos.

Formação do Segundo Testamento
Do Segundo Testamento, escrito na língua grega aproximadamente entre os anos 50 e 115 E.C., também não existe mais nenhum texto original. As cópias eram feitas com dois tamanhos de letras, maiúsculas e minúsculas. As cópias ou manuscritos de letras maiúsculas também levam o nome da cidade onde se encontram hoje. Os manuscritos mais importantes que serviram de base para formar o Segundo Testamento são:
·         Manuscrito do Vaticano(B), do século IV E.C. É um dos manuscritos mais autorizados.
·         Sinaítico (S), do fim do século IV E.C. Encontra-se no mosteiro de Santa Catarina na península do monte Sinai. Além de trazer o Primeiro e o Segundo Testamentos, traz outros livros que não entraram na lista dos aprovados na Bíblia usada pelos cristãos católicos, como o quarto livro de Macabeus, carta de São Barnabé e a carta ao Pastor de Hermas.
São igualmente importantes o Reescrito de Santo Efrém (C), o Manuscrito Alexandrino (A), o Manuscrito de Beza (D 05) e o Manuscrito de Clermont (D 06).
O Manuscrito de Santo Efrém é conhecido também por Reescrito, porque o texto original “foi raspado para ser escrito novamente”, processo conhecido como palinsesto, nos estudos bíblicos. O primeiro texto do Segundo Testamento foi escrito no Século IV E.C., raspado no século VI e substituído por um texto de santo Efrém. A leitura do texto de santo Efrém. A leitura do texto primitivo que havia sido raspado tornou-se possível mediante um processo fotográfico com raios infravermelhos.
Os quatro documentos mais importantes – Vaticano, Sinaítico, Reescrito de Santo Efrém e Alexandrino – contêm o Primeiro e o Segundo Testamentos, mas serviram principalmente para formar o Segundo Testamento. Além dos manuscritos em letra maiúscula, existem os manuscritos em letra minúscula, os papiros e os lecionários. São classificados por números e não por nomes e letras.
O manuscrito mais importante em letra minúscula é o número 461. Traz os quatro evangelhos; foi copiado por volta do ano 835 E.C. e encontra-se na Biblioteca de Leningrado, na Rússia.
O papiro mais antigo é o 52. Ele traz alguns versículos do evangelho de João (Jo 18,31-38). Encontra-se na Biblioteca de J. Ryland, na Inglaterra. O lecionário (1) mais antigo é o de número 1596. Foi escrito no século V e encontra-se em uma biblioteca, em Viena.
Esses manuscritos são agrupados em famílias, identificadas por uma letra maiúscula do alfabeto. No grupo H, encontram-se os manuscritos mais importantes e antigos: o vaticano (B), o Sinaítico (S), o Lecionário 1596 (1) e muitos papiros.

A contagem do tempo
Cada povo conta o tempo do seu jeito. Uns contam os anos a partir do movimento do Sol, outros, da Lua, outros, ainda, do Sol e da Lua. Essas formas de contar o tempo recebem o nome de calendário solar, lunar e lunissolar. O calendário determina o inicio do ano, divide-o em períodos de meses, semanas, dias e horas. A princípio, ele servia para indicar as festividades ou celebrações rituais – religiosas, do plantio e da colheita na agricultura. Aos poucos o calendário foi sendo usado para marcar outros fatos da vida civil. Muitos povos antigos e modernos têm um calendário religioso e um civil. Também hoje existe um ano civil, um ano escolar e um ano litúrgico. Cada um deles começa e termina em época diferente. O nosso ano civil tem 365 dias, 12 meses, sete dias na semana e 24 horas ao dia. Começa em 1 de janeiro e termina em 31 de dezembro. Será que era feita assim a contagem dos anos pelo povo da Bíblia?
Como entender quando a Bíblia fala que algumas pessoas viveram mais de 200 anos e matusalém chegou até 969 anos? (Gn 5,27). Muita gente pensa que a contagem dos anos era muito diferente da nossa. Não era, Não! O povo da Bíblia, no início, adotava o calendário dos povos que o dominaram, como os egípcios e os babilônios. Depois, elaborou seu próprio calendário. Ora, o calendário egípcio, há 4 mil anos a.E.C, já conhecia o ano de 365 dias, 12 meses de 30 dias, mais cinco suplementares. Muito Parecido com este era o calendário da Babilônia. O povo da Bíblia seguia esses calendários.
A Bíblia atribui um grande número de anos a um de seus personagens para indicar a qualidade de vida dos anos, e não sua quantidade. O autor da Bíblia não estava preocupado em dizer com quantos anos morreu matusalém, mas em dizer que a vida dele foi bem vivida. Uma forma de avaliar a intensidade de vida de um personagem Bíblico era lhe atribuir um elevado número de anos. Este, porém, tinha um valor simbólico e não real.
O antigo calendário judaico foi organizado pelo patriarca Hillel II, no ano 358 E.C. O ano consiste em 12 meses lunares, alguns com 29 dias e outros com 30 dias, sendo acrescentado um mês de 30 dias a cada três anos, para que corespondam às festas litúrgicas em suas respectivas estações