Artigos (Da revista “Vida
Pastoral”)
Publicado em novembro-dezembro de
2015
Comunicação e paróquia: alguns pontos
básicos e concretos
Por Helena Ribeiro Crépin /
Natividade Pereira, fsp
Com relação à comunicação na Igreja,
corre-se o risco de focar demais nos ideais elevados e esquecer coisas básicas
e concretas. Este artigo aborda elementos básicos, fundamentais para a
comunicação na paróquia, os quais, não obstante sua importância, às vezes ficam
relegados a segundo plano: a sonorização das igrejas; a iluminação e a
introspecção; a comunicação na secretaria paroquial; os leitores e a música na
liturgia.
1. Paróquia: espaço sagrado de comunicação
da fé
A palavra “paróquia” vem do
substantivo grego paroikía e do verbo paroikêin, que significa viver juntos, ou ao redor da
casa. Até o século IV, não existiam paróquias, apenas as catedrais, que ficavam
nas grandes cidades, porque o cristianismo era essencialmente um fenômeno
urbano. A catedral era administrada pelo bispo, auxiliado por sua equipe de
padres, que pregavam, celebravam e administravam os sacramentos. A partir do
século V, com a oficialização do cristianismo como religião do império romano,
surgiu a necessidade de descentralização. Em razão das distâncias geográficas e
do crescimento do número de cristãos, foram marcados territórios, nas aldeias e
cidades menores, para cada padre exercer o seu ministério, os quais ganharam o
nome de paróquias.
A paróquia é uma célula da Igreja de
Jesus Cristo e precisa de cuidados e criatividade para não morrer solitária.
Com a mudança de época, a partir do Concílio Vaticano II, surgiram a
necessidade de renovação e vários documentos sobre a vida paroquial, sempre
buscando responder às exigências dos tempos. Antes catolicismo e cultura,
espaço geográfico e espaço de fé estavam unidos e sem maiores problemas para a
vida eclesial, mas hoje estamos em crise comunitária. Nosso modelo paroquial é
bimilenar, respondeu por séculos às necessidades dos fiéis no seu contexto
rural, mas a situação mudou e o sistema paroquial permaneceu. Por isso
precisamos urgentemente sair do modelo estático de evangelização.
Para a renovação da paróquia e o bom
desenvolvimento de sua comunicação, é fundamental, primeiro, ter presente que o
pároco não é a paróquia – ambos têm identidades diferentes –, mas um depende do
outro. A paróquia não pode se transformar na projeção do ego do padre.
Comunicação é criar comunhão e participação entre todos.
Com o avanço das novas tecnologias e
da informática, a paróquia precisa usar formas mais modernas para chegar aos
jovens e às famílias. Precisa organizar a Pastoral da Comunicação, para
promover melhor comunicação interna da Igreja, também por meio das redes
sociais, fazendo suas atividades gerar notícias para as demais pastorais e para
as pessoas que não frequentam o ambiente da igreja-templo.
Na Igreja, sobretudo a partir do papa
Pio XII, em 1957, procurou-se organizar a comunicação interna e com a
sociedade. Mas somente a partir do Concílio Vaticano II é que foi exigida das
conferências episcopais e dioceses a criação urgente de um plano de pastoral da
comunicação. No Brasil, a CNBB criou a Pascom – Pastoral da Comunicação,
organizada em âmbito regional nas dioceses, paróquias e comunidades. A Pascom
oferece formação, assessoria técnica e pastoral, com laboratórios e cursos. O
objetivo é contribuir para a comunicação na paróquia. É importante lembrar que
toda a paróquia e todas as suas atividades são comunicação, e não apenas o que
é específico da Pascom. Sabemos o caminho para a renovação da paróquia; ele já
está apontado nos documentos. Difícil é pôr em prática. Ainda nos falta aquele
ardor missionário que exige conversão, mudança de postura e mentalidade, saída
da zona de conforto.
Ao longo dos anos e sobretudo depois
do Concílio Vaticano II, a Igreja e grande parte dos seus membros têm feito
muitas reflexões, estabelecido princípios e prioridades, chamado à ação no
campo da comunicação eclesial; diversos documentos importantes a respeito têm
sido publicados. São necessárias atenção, disposição e iniciativas concretas
para usufruir desses documentos e princípios, para pô-los em prática
concretamente no dia a dia das paróquias e comunidades. Corremos o risco de
ficar nos ideais elevados e esquecer coisas fundamentais, básicas e concretas
da comunicação com os fiéis e com o público em geral. Neste artigo nos
concentramos em elementos assim, básicos, fundamentais para a comunicação na
Igreja, os quais, não obstante sua importância, às vezes ficam relegados a
segundo plano: a sonorização das igrejas; a iluminação e a introspecção; a
comunicação na secretaria paroquial; os leitores, a música e a liturgia.
2. A sonorização das igrejas
Podemos nos perguntar: como é que
Jesus conseguia se comunicar com uma multidão sem sistema sonoro, sem o
microfone? Certamente, ao sentar-se numa barca, por exemplo às margens do lago
de Genesaré, suas palavras alcançavam melhor os ouvintes (cf. Lc 5,1-11). As
palavras que proferia em montanhas ou lugares elevados também se serviam do
ambiente para serem ouvidas. Faça a experiência: sente-se numa cadeira na praia
e comece a ouvir as conversas descontraídas de quem está na água. Ou, estando
próximo a uma montanha, escute a nitidez da fala de quem está em posição mais
alta. Pelos cenários do evangelho, percebe-se que, certamente, Jesus tinha boas
noções da acústica do planeta Terra.
Estudando a evolução da engenharia,
sabe-se que, nas construções do império greco-romano, se usava muito o
semicírculo, evidência da descoberta de que o som reflete melhor de baixo para
cima, atuando com a acústica própria da natureza. Durante a Idade Média, a
preocupação maior era na hora de construir o púlpito: uma pequena varanda ou
balcão que dava para a nave da igreja, bem à vista dos fiéis, de onde falava o
orador. Este, dotado de uma pequena ou média voz, mas sempre preparada e
projetada com força na direção da assembleia, conseguia fazer-se ouvir,
beneficiando-se também da localização física do púlpito, situado num lugar
elevado. Se, obedecendo às leis da física, o som vai para cima, como se fazia
nesse caso, em que a assembleia ficava embaixo? Muito simples: a voz
reverberava no teto, nas colunas e chegava à assembleia com atraso, mas
chegava.
Vale ressaltar que a sonorização é um
elemento litúrgico articulador, pois, sem ouvir a Palavra, a homilia, as
orações e o canto litúrgico adequadamente, as pessoas saem da igreja mais ou
menos como entraram ou até ensurdecidas pela parafernália de barulhos similares
aos que já enfrentam no cotidiano. Quando vão à igreja, deparam com algumas
dificuldades, como ruídos, chiados, som reverberante, microfonia, além de gente
mal preparada para proclamar as leituras. Somando tudo isso, às vezes a
celebração se torna um sacrifício (distinto do de Jesus!) tanto para o
presidente como para a assembleia, que não consegue celebrar tranquilamente e
tem de suportar os ruídos na comunicação. Hoje em dia está em voga a palavra
comunicação em todos os setores da Igreja, no entanto a aplicação prática do
conceito não é tão frequente, pois muitas vezes nem sequer se ouvem as leituras
e a homilia do padre.
A inteligibilidade da fala
sempre foi um dos maiores desafios para designers de
sistema de som que lidam com espaços reverberantes. O mau conhecimento das
tecnologias usadas nas caixas acústicas é a maior fonte de insatisfação na
sonorização, pois uma onda sonora sem direcionamento adequado vai entrar em
conflito com a arquitetura, provocando aquele efeito de eco ou de reverberação,
cuja ação deixa a voz ininteligível, embora ofereça volume à musica.
Consequentemente, a primeira exigência dos párocos deve ser a prioridade da voz
para poder transmitir as leituras, as orações, a homilia, evitando o volume musical
ensurdecedor típico das casas de shows.
Para resolver o problema da
deficiência na escuta do que é pronunciado e cantado na liturgia ou do incômodo
com o excesso de barulho, sons, reverberação, volume além do necessário, têm
surgido novas tecnologias que, se usadas adequadamente, conseguem dar boa
resposta ao desafio, possibilitando a transmissão de um som claro e inteligível
em ambientes que pareciam totalmente avessos a qualquer solução.
Além da tecnologia, é importante,
para atingir melhor qualidade sonora em ambientes muito reverberantes, fazer
tratamento acústico nos espaços, quando necessário. Igrejas grandes, com
arquitetura de teto alto, com muito granito, vidros, azulejos, paredes lisas,
sem pintura, sem madeira, são o ambiente perfeito para a reverberação, inimigo
número um da inteligibilidade sonora. Quanto mais liso e grande for um templo,
maior a probabilidade de o som reverberar, o que provoca atraso na chegada da
voz aos nossos ouvidos, ficando, assim, um som misturado, incompreensível. Geralmente
isso acontece porque o som sai de um alto-falante comum grande, em geral mal
posicionado – fórmula perfeita para que o som passeie no ambiente antes de
chegar aos ouvidos dos fiéis. O som reverbera porque ricocheteia no espaço,
muitas vezes em razão de superfícies duras e reflexivas e também de caixas
acústicas de má qualidade. Percebe-se um desconhecimento sobre isso da parte de
engenheiros ou arquitetos, pois o processo de construção evoluiu sem pensar na
sonorização, tratada como um dos últimos elementos do planejamento. E corrigir
custa mais caro do que pensar junto, no momento da construção ou reforma, qual
o arranjo ideal para a sonorização do ambiente sagrado.
O ricochetear do som provém de sua
refletividade sobre as superfícies. Se combinadas, essas refletividades geram
um ambiente extremamente barulhento no qual fica difícil compreender as
palavras faladas. Todos já tivemos essa experiência em igrejas, salões de
festas ou outros ambientes em que o resultado é semelhante. Um exemplo também bastante
corriqueiro são os aeroportos, um dos tipos de ambientes mais reverberantes que
existem. Neles as caixas acústicas, normalmente presas no teto como arandelas,
lançam os feixes de som que, atingindo o chão, são jogados novamente para o
alto pelo granito. O som desliza e ricocheteia, dificultando a compreensão das
palavras. Existem hoje aeroportos que estão modernizando o sistema de som a fim
de torná-lo adequado para a audição; é o caso dos de Abu Dhabi, Nova York,
Boston, Paris, Londres e o maior aeroporto da América Latina, o de Guarulhos,
em seu mais novo terminal internacional.
A chave de êxito das novas
tecnologias é a capacidade de fazer o som sair direto de caixas adequadas e bem
posicionadas. O som sai como um tiro a laser até alcançar seu alvo, os ouvidos
das pessoas presentes na assembleia. Ele é formatado como feixes de luz
direcionados e focados, sendo enviado diretamente para os ouvintes quase livre
de reverberações, independentemente da medida da altura da nave ou de seu poder
de reverberação.
Alto-falantes tradicionais produzem
sons que, na maior parte das vezes, se dirigem ao ouvinte, mas também vazam
para outras direções. Esse som é inútil e indesejável, torna-se fonte de
barulho e reverberação e piora à medida que a pessoa se distancia dele. Para
resolver essa questão, a única solução vinha sendo a colocação de várias caixas
acústicas próximas e direcionadas, não obstante a consequente perda estética.
Com o avançar da tecnologia, porém, foram desenvolvidos sistemas tecnológicos
modernos que empregam a física natural para formar o som com um número menor de
caixas acústicas e proporcionar audição inteligível, além de incumbirem a
harmonização a um sistema central, à parte do sistema da música. É hoje a
melhor adequação em termos de custo-benefício.
Houve uma evolução considerável
nas tecnologias necessárias à boa sonorização e transmissão da voz, com
destaque para a tecnologia line array,
patenteada na Europa em 1957, que apresentou uma evolução com relação à
fabricação e ao modo de gestão dos alto-falantes, contando com três linhas
principais de caixas acústicas: linha analógica (a mais antiga); linha
semidigital, sistema processado ao nível da caixa; linha digital (a última
tecnologia). As três linhas têm em comum o fato de que a onda sonora saída do
alto-falante é direcionada em linha reta, ao contrário dos alto-falantes
convencionais, cuja onda sai em círculo ou em forma esférica, batendo em todas
as direções e criando eco e reverberação nas paredes, no teto e no chão.
A diferença entre uma linha analógica
e uma linha digital verdadeira é que uma coluna de linha digital é composta de
alto-falantes guiados cada um por um processador. Isso permite direcionar em
três direções a onda sonora, focalizando até as zonas restritas de uma nave e
proporcionando assim inteligibilidade de alta qualidade, além da redução da
quantidade de caixas. Essa solução permite, no interior da maioria das igrejas,
a boa transmissão da voz, deixando apenas a reverberação arquitetural influir
em parte sobre a inteligibilidade. A linha analógica permite uma qualidade
satisfatória na inteligibilidade da voz, mas com certa fraqueza na transmissão
da música, priorizando as frequências de voz com um alcance inferior. Dessa
forma, será necessário maior número de pontos repartidos na igreja, o que exige
mais frequente manutenção.
Já faz um ano que, no Brasil, é
possível encontrar soluções intermediárias usando as caixas semidigitais, cujas
possibilidades garantem a transmissão equilibrada entre voz e música. Essas
novas caixas são, na maioria, importadas. São consideradas semidigitais pelo
fato de terem condição de modificar de forma eletrônica a faixa sonora,
interferindo tanto na largura quanto no alcance da faixa.
Um dos problemas maiores
encontrados na sonorização das igrejas é o desconhecimento das técnicas
adequadas por parte dos numerosos responsáveis: a tecnologia line array, a única que reconhecidamente resolve o
problema da inteligibilidade, é muitas vezes mesclada, de forma inadequada, com
sistemas em coluna cujos alto-falantes não respondem aos critérios de
transmissão vertical e horizontal exigidos pela tecnologia.
Não é porque uma comunidade é pobre
que não pode ter um som de qualidade. Hoje existem soluções para cada uma; de
toda forma, muitas vezes é melhor não fazer nada do que instalar o sistema de
som recomendado por uma pessoa sem experiência ou sem o respaldo de
profissionais em instalações nas igrejas. Muitas vezes se constata que as
igrejas direcionam recursos para um piso de granito ou para outras coisas de menor
prioridade e deixam a sonorização como um investimento secundário.
3. Iluminação e introspecção
Outro grande desafio nas igrejas é a
iluminação, que implica a renovação da parte elétrica, sem a qual não se pode
ir adiante nesse aspecto. Uma iluminação ambiente para um espaço sagrado
precisa proporcionar claridade na medida certa. Uma igreja escura pede
iluminação correta para valorizar a arquitetura, os objetos sagrados. Uma
igreja extremamente clara pode tirar do ambiente a sutileza da introspecção, tão
importante para a concentração na oração. Um momento orante pede uma luz que
provoque leve adormecer dos sentidos, para que se experimente olhar para
dentro, se inspire e expire profundamente no ritmo da serenidade. Num país
tropical como o Brasil, as pessoas estão mais habituadas a estar “do lado de
fora” – existe certa dificuldade no “estar dentro de si mesmas”; com isso, o
ambiente, a luminosidade nos orienta no caminho da volta ao centro do coração,
para ali encontrarmos o sagrado!
4. Comunicação na secretaria paroquial
A boa comunicação e o atendimento são
a base da fidelidade de uma comunidade participativa. O maestro é quem dá a
batuta a sua orquestra. Neste caso, o pároco e o vigário são os regentes da
orquestra, na qual a batuta sempre direcionará e harmonizará a equipe por meio
da secretaria paroquial.
O atendimento na secretaria reflete o
rosto da paróquia. Poderíamos afirmar que é considerado o cartão de visita, e
a(o) secretária(o) atua de modo importante nisso. Em sua atuação, destacam-se
todos os elementos vitais de comunicação, como expressão corporal e tom de voz,
e o que for transmitido terá implicações para a imagem da paróquia, do pároco,
da igreja local e universal. Num mundo em que tudo tem importância e ao mesmo
tempo a subjetividade interpela os valores, cada detalhe da secretaria vai
refletir na visão pessoal formada pelo paroquiano ou visitante e contribuirá ou
não para sua identificação, seja com o atendente, seja com o ambiente, que deve
ser bem cuidado, sem ostentar luxo, mas ter dignidade, conforto e sobriedade.
Caso a secretaria exerça seu papel
burocrático sem uma proximidade, sem uma comunhão que proporcione a cultura do
encontro, o trabalho fica vazio e difícil de ser entendido e aceito. Comunicar
as normas, as leis, envolve o como falar, e nem sempre é fácil pôr em prática
as orientações da Igreja, ainda mais no momento atual da história em que se
tende a questionar, a criticar cada vez mais, e em que as pessoas criam
resistência se as regras e orientações são apresentadas apenas como imposição. Já
com bom senso, docilidade e espiritualidade, a comunicação fluirá, levando
àquele para quem o espaço paroquial existe: Jesus Cristo.
Ser secretária(o) exige, acima de
tudo, muito bom senso, pois até mesmo a convivência com um sacerdote requer
maturidade cristã, para respeitar seus limites e valorizar seus dons, sem
blindá-lo, deixando-o exercer seu ministério de atendimento às pessoas, mesmo
que existam perigos, golpes. O padre é o pastor que conduz uma comunidade e,
assim como um pai, precisa atender seus filhos.
O atendimento telefônico e pessoal
perpassa o profissional, mas sem se deixar perder nas muitas necessidades de
pessoas carentes, difíceis, controladoras. A rotina de abrir e fechar a
secretaria com um atendimento humanizado e, sobretudo, a discrição sobre a vida
pessoal do sacerdote e dos demais paroquianos devem estar acima das
dificuldades pessoais. O cuidado com a discrição é fundamental, sim, pois é
comum que, antes de falar com o padre, as pessoas contem a sua vida na
secretaria, uma vez que esse espaço, para elas, é também extensão do sagrado.
Na secretaria têm lugar situações que
nos fazem refletir sobre a liderança e os seus liderados, afinal nela é
possível observar a multiplicidade de posturas e ações que precisam estar em
sintonia com as orientações da Igreja local e universal.
Um espaço simples não quer dizer
simplório; uma veste simples não precisa parecer descuidada; um espaço antigo
ou novo exige cuidado como patrimônio da comunidade, a exemplo do que dizia o
bem-aventurado padre Tiago Alberione, fundador da Família Paulina: “Ser pobre é
cuidar bem do que se tem, para manter e durar”. Em algumas igrejas, a
secretaria parece verdadeiro depósito de objetos e de tudo aquilo que não se
sabe onde armazenar. É preferível dar-lhes outra destinação, pois o espaço
sagrado e suas atenções merecem extremo cuidado e zelo.
Não é compreensível que, em igrejas
onde se fazem tantos casamentos com muita ornamentação, nem sequer uma flor
seja colocada sobre a mesa da recepção. O zelo, a atenção aos detalhes fazem um
bom secretário(a); tem de ser adequado não somente na parte burocrática, mas
também na parte estética, com senso ecológico, pessoal e do ambiente em que
trabalha. Deve propiciar que a comunicação com os visitantes seja a mais
harmoniosa possível. Secretários e secretárias precisariam saber que a
comunicação, conforme certo estudo, é 70% corporal, 35% auditiva e 7% verbal:
70% da comunicação está relacionada ao modo como a pessoa se mostra, à sua
postura, suas vestes, cuidados pessoais, entre eles cabelos, unhas etc.; 35%,
ao que ouvimos – o tom de voz, o timbre (o uso do telefone, muitas vezes,
provoca mais problemas do que os existentes de fato, pois nele a única
referência é a voz, que transmite emoção, atenção ou indiferença); e 7%, à nossa
memória do que foi falado. Pelo fato de não memorizarmos com facilidade, um
aviso, após a comunhão, deveria sempre ser repetido. Como nos lembrar
posteriormente de um aviso a nós dirigido por meio da fala quando estamos
recém-saídos de um estado de concentração pós-comunhão? Temos dificuldade para
memorizar a fala. Por isso é tão importante ler e ouvir a leitura.
5. Leitores
A formação de leitores é vital.
Convidar novas pessoas da comunidade é importante, mas não sem antes pedir que
a pessoa leia um trecho da leitura. É bom levá-la ao ambão, antes da
celebração, para saber o melhor posicionamento do microfone. É comum e agonizante
ouvir leitores que não impõem a voz ao falar ao microfone; parecem estar em
confidência com um amigo. Uma boa leitura pede preparação e impostação da voz e
conhecimento de microfone: não falar nem perto nem longe e ter o bom senso de
se aproximar ou se afastar conforme a necessidade.
Muitas vezes, pessoas
extremamente gentis e generosas presentes nas várias pastorais não estão aptas
para a leitura. Sua dificuldade de fala se torna dificuldade de todos. Cabe ao
sacerdote, com amorosidade e coragem, fazer essa formação e acompanhar aqueles
que fazem leitura, juntamente com a equipe de liturgia.
6. Música e liturgia
A música na igreja vive um momento de
dificuldade. A busca pelo equilíbrio musical, entre volume e harmonia, é um
desafio para a comunidade. O pároco, no papel de administrador de
relacionamentos, inúmeras vezes se sentirá entre a cruz e a espada. Onde não
existem grupos, a questão é mais séria e motiva a busca de músicos voluntários
ou profissionais – estes, em teoria, mais facilmente administrados pelo pároco,
que, por outro lado, deverá despender recursos para mantê-los.
A música na liturgia é um ponto muito
importante da comunicação nas paróquias e precisa ser muito bem cuidada,
atentando para a escolha das letras e músicas adequadas ao tempo e ao dia
litúrgico, para a qualidade da sonorização, para a preocupação de não escolher
apenas cantos que ninguém saiba cantar ou apenas cantos antigos demais, para o
conteúdo e espiritualidade transmitidos pela música, para a preparação das
equipes.
A falta de preparação nessa área
deixa algumas pessoas vulneráveis ao crescimento do ego. Nosso ego é aquela
“pessoinha” que habita em nós e muitas vezes é despertada quando há um
instrumento musical em mãos. Basta um cantinho na igreja que substitua o palco dos
sonhos imaginários.
Nas faculdades de música, existe uma
disciplina que se chama Dinâmica Musical, na qual se ensina ao grupo que tocar
bem não é tocar alto; cantar bem não é cantar gritado e acima do limite
permitido. Nossos ouvidos possuem um limite para a captação do som. O volume é
medido em decibéis, e, de acordo com a legislação brasileira, o volume máximo
ao qual uma pessoa pode ser exposta em nível aceitável é de aproximadamente 80
decibéis. É notório que cerca de 20% da população brasileira ouve um pequeno
zumbido em um ou nos dois ouvidos. A ciência prova que o zumbido é um dos
principais sintomas do início do processo de perda de audição, e cerca de 30%
das perdas de audição são creditadas à exposição a sons intensos, acima dos
limites estabelecidos pela medicina.
Outro desafio é a qualidade do
sistema de sonorização na igreja, que seja também adequado aos músicos e
forneça equilíbrio entre palavra e música, como já mencionado anteriormente.
Uma solução é situar o sistema para a música separadamente, mas fazendo parte
do sistema central. É necessário preparar algumas pessoas, no máximo três, para
cuidar do som na ausência de um profissional; que saibam, por exemplo, que uma
irritante microfonia pode ser dissipada com a diminuição de volume. Pessoas não
preparadas para gerir o som podem causar muitos problemas, entre os quais a
escolha de equipamentos inadequados ou que virão a ter custos maiores do que
algo bem planejado.
Enfim, comunicar Jesus hoje envolve
toda forma de comunicação antropológica e tecnológica, sofisticada ou simples,
nos areópagos do mundo e das paróquias.
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THE ADVANTAGE MAGAZINE. RH – 30 years young: celebrating an anniversary, 2012.
Helena Ribeiro Crépin /
Natividade Pereira, fsp
Helena Ribeiro Crépin é formada em Comunicação pela PUC-SP. Voluntária nas
dioceses para a formação de atendimento na secretaria paroquial, é também
cofundadora da empresa Ribeiro Comunicação. Especializada em sonorização,
especialmente de igrejas católicas. E-mail: helena@ribeirocomunicacao.com.br /
Site: www.ribeirocomunicacao.com.br
Natividade Pereira pertence à Congregação das Irmãs Paulinas e está voltando de
missão de dois anos nos EUA. É artista plástica, graduada em Filosofia e mestra
em Ciências da Religião pela PUC-SP. E-mail: sisternatividade@hotmail.com