Este texto sobre a ceia
eucarística vem da motivação de apresentar o referido tema nos vários grupos de
nossa paróquia que tem a necessidade de se instruir melhor. A palestra “Ceia
Eucarística”, é uma tentativa de elucidar, passo a passo os elementos que
compõe a celebração eucarística. Tendo em vista que uma boa elucidação do
processo pode levar a uma participação frutuosa. Tomamos aqui nesse texto, os
recortes mais importantes da “instrução geral do missal romano e introdução ao
lecionário”. A simples aplicação desse material sem a devida interação com o
público, bem como a implementação de dinâmicas e textos bíblicos pode acarretar
em um material enfadonho e moroso. No mais, esperamos que possa contribuir para
um esclarecimento da ceia eucarística, melhor conhecida, melhor celebrada.
A CEIA
EUCARÍSTICA
Quando ia celebrar com os seus
discípulos a ceia pascal, onde instituiu o sacrifício de seu Corpo e Sangue, o
Cristo Senhor mandou preparar uma sala ampla e mobilhada (Lc 22,12) – o
primeiro grande elemento de eucaristia que devemos nos ater, é o elemento da PREPARAÇÃO.
A Igreja sempre julgou
dirigida a si esta ordem, estabelecendo como preparar as pessoas, os lugares,
os ritos e os textos para a celebração da Santíssima Eucaristia.
Dentro da dinâmica da
celebração eucarística existe o sacerdócio ministerial, próprio do bispo
e dos presbíteros que oferecem o Sacrifício na pessoa de Cristo e presidem
a assembleia do povo santo. E existe o sacerdócio régio dos fiéis, cujo
sacrifício espiritual atinge a plena realização pelo ministério do bispo e dos
presbíteros, em união com o sacrifício de Cristo, único mediador.
Com efeito, a celebração
eucarística é uma ação de toda a igreja, na qual cada um deve fazer e só o
que lhe compete, segundo o lugar que ocupa no povo de Deus.
IMPORTÂNCIA
E DIGNIDADE DA CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA
A celebração da missa, como
ação de Cristo e do povo de Deus hierarquicamente organizado, é o centro de
toda vida cristã tanto para a Igreja universal como local e também para cada um
dos fiéis. Nela se encontra tanto o ápice da ação pela qual Deus santifica o
mundo em Cristo, como o culto que os homens oferecem ao Pai, adorando-o pelo
Cristo, Filho de Deus, no Espírito Santo.
As demais ações sagradas e
todas as atividades da vida cristã a ela estão ligadas, dela decorrendo ou a
ela sendo ordenadas.
É por isso de máxima
conveniência dispor da celebração da Missa ou Ceia do Senhor de tal forma que
os ministros sagrados e os fiéis, participando cada um conforme as condições,
recebam mais amplamente aqueles frutos que o Cristo Senhor quis prodigalizar,
ao instruir o sacrifício eucarístico de seu Corpo e de seu Sangue.
ESTRUTURA,
ELEMENTOS E PARTES DA MISSA
Na Missa ou Ceia do Senhor, o
povo de Deus é convocado e reunido, sob a presidência do sacerdote que
representa a pessoa de Cristo, para celebrar a memória do Senhor ou sacrifício
eucarístico. Pois na celebração da missa, se perpetua o sacrifício da cruz.
Cristo está realmente presente tanto na assembleia reunida em seu nome, como na
pessoa do ministro, na sua palavra, e também, de modo substancial e permanente,
sob as espécies eucarísticas.
A missa consta de duas partes,
a saber: A Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucarística, tão intimamente unidas
entre si, que constituem um só ato de culto. Há ainda alguns ritos que abrem e
fecham a celebração.
OS
DIVERSOS ELEMENTOS DA MISSA
Leitura e explanação da
palavra de Deus
Quando se lêem as Sagradas
Escrituras na Igreja, o próprio Deus fala ao seu povo, e Cristo, presente em sua
palavra, anuncia o Evangelho. Embora a palavra divina, contida nas Sagradas
Escrituras se dirija a todos os homens de qualquer época, e seja atendida por
eles, a sua mais plena compreensão e eficácia aumentam pela exposição viva,
isto é, pela homilia, que é parte da ação litúrgica.
Orações e outras partes
próprias do sacerdote
Entre as partes que competem
ao sacerdote ocupa em primeiro lugar a Oração Eucarística, ápice de toda
celebração. A seguir, vêm as orações, isto é a oração do dia (coleta), a oração
sobre as oferendas e a oração depois da comunhão. O sacerdote, presidindo a
comunidade como representante de Cristo, dirige a Deus estas orações em nome de
todo o povo santo e de todos os circunstantes. É com razão, portanto, que são
chamadas “orações presidenciais”.
Sendo a celebração da Missa,
por sua natureza, de índole comunitária, assumem grande importância os diálogos
entre o sacerdote e os fiéis reunidos, bem como as aclamações, pois não
constituem apenas sinais externos da celebração comum, mas promovem a realizam
a comunhão entre o sacerdote e o povo.
A importância do canto
O apóstolo aconselha os fiéis
que se reúnem em assembleia para aguardar a vinda do Senhor e cantarem juntos
salmos, hinos e cânticos espirituais (Cl 3,16), pois o canto constitui um sinal
de alegria do coração (At 2,46).
Portanto, dê-se grande valor
ao uso do canto na celebração da Missa, tendo em conta a índole dos povos e a
possibilidade de cada assembleia litúrgica.
Ainda uma observação sobre os
cantos, existem os cantos que acompanham o rito e cantos que são os próprios
ritos.
Cantos que acompanham o rito –
devem sessar a medida que os ritos se concluem. Como o próprio nome já diz,
servem apenas para acompanhar os ritos. São os cantos de entrada, ofertório,
paz, comunhão.
Cantos que são o próprio rito
– Não acompanham, pois são na sua própria essência os ritos. São eles: Ato
penitencial, Glória, Aclamação ao Evangelho. Devem ser cantados na íntegra.
O silêncio
Oportunamente como parte da
celebração deve-se observar o silêncio sagrado. A sua natureza depende do
momento em que ocorre em cada celebração. Assim no ato penitencial e após o
convite à oração, cada fiel se recolhe; após uma leitura ou a homilia, meditam
brevemente o que ouviram; após a comunhão, enfim, louvam e rezam a Deus no
íntimo do coração.
Convém que já antes da própria
celebração se conserve o silêncio na Igreja, na sacristia e mesmo nos lugares
mais próximos, para que todos se disponham devotamente e devidamente para
realizarem os sagrados mistérios.
II.
AS PARTES DA MISSA
A) Ritos iniciais
Os ritos que precedem a
liturgia da Palavra, isto é, entrada, saudação, rito penitencial, gloria e
oração do dia, têm caráter de introdução, de preparação. A finalidade dos ritos
é fazer com que os fiéis, reunidos em assembleia, constituem uma comunhão e se
disponha para ouvir atentamente a Palavra de Deus e a celebrar dignamente a
Eucaristia.
Entrada
Reunido o povo, enquanto o
sacerdote entra com o diácono e os ministros, começa o canto de entrada. A finalidade
desse canto é abrir a celebração, promover a união da assembleia, introduzir no
mistério do tempo litúrgico ou da festa, e acompanhar a procissão do sacerdote
e dos ministros.
Chegando ao presbitério, o
sacerdote, o diácono e os ministros saúdam o altar com uma inclinação profunda.
Feita a saudação do povo, o sacerdote, o diácono ou outro ministro, pode com
brevíssimas palavras introduzir os fiéis na Missa do dia.
Ato Penitencial
Em seguida, o sacerdote
convida para o ato penitencial que, após breve pausa de silencio, é realizado
por toda a assembleia através de uma fórmula de confissão geral. A oração final
do sacerdote não tem caráter de sacramento da penitência.
Glória a Deus nas alturas
O glória é um hino
antiquíssimo e venerável, pelo qual a igreja, congregada no Espírito Santo,
glorifica e suplica a Deus Pai e ao Cordeiro. É cantado e recitado aos
domingos, exceto no tempo do Advento e da Quaresma, nas solenidades e festas e
ainda em celebrações especiais mais solenes.
Oração do dia (coleta)
A seguir o sacerdote convida o
povo a rezar, todos se conservam em silêncio com o sacerdote por alguns
instantes, tomando consciência que estão na presença de Deus e formulando interiormente
os seus pedidos.
B)
LITURGIA DA PALAVRA
A parte principal da liturgia
da palavra é constituída pelas leituras da Sagrada Escritura e pelos cantos que
ocorrem entre elas, sendo desenvolvida e concluída pela homilia, a profissão de
fé e a oração universal dos fiéis.
A liturgia da palavra deve ser
celebrada de tal modo que favoreça a meditação, por isso deve ser de todo
evitada qualquer presa que impeça o recolhimento. Integra-se também breves
momentos de silencio.
Leituras bíblicas
Mediante as leituras é
preparada para os fiéis a mesa da Palavra e abrem-se os tesouros da Bíblia. Por
isso é melhor conservar a disposição das leituras bíblicas pela qual se
manifesta a unidade dos dois testamentos e da história da salvação. Não é
permitido trocar as leituras, nem o salmo, por outros textos não bíblicos.
Salmo responsorial
À primeira leitura segue-se o
salmo responsorial, que é parte integrante da liturgia da Palavra,
constituindo-se em grande importância litúrgica pastoral, por favorecer a
meditação da Palavra de Deus.
A homilia
A homilia é parte da liturgia
da palavra e vivamente recomendada, sendo indispensável para nutrir a vida
cristã.
Profissão de fé
Proclamar, como comunidade
reunida a regra de fé que nos une.
Oração dos fiéis
Na oração dos fiéis o povo
responde de certo modo a Palavra de Deus acolhida na fé, e exercendo a sua
função sacerdotal, eleva preces a Deus pela salvação de todos. Normalmente
serão estas as séries de intenções:
Pelas necessidades da Igreja;
pelos poderes públicos e pala salvação de todo mundo; pelos que sofrem qualquer
dificuldade; pela comunidade local.
C)
LITURGIA EUCARÍSTICA
Na última ceia, Cristo
instituiu o sacrifício da ceia pascal, que torna continuamente presente na
Igreja o sacrifício da cruz, quando o sacerdote, representante de Cristo
Senhor, realiza aquilo mesmo que o Senhor fez e entregou aos discípulos para
que fizessem em sua memória.
Cristo, na verdade, tomou o
pão e o cálice, deu graças, partiu o pão, e deu aos seus
discípulos dizendo: Tomai, comei, bebei: isto é meu Corpo; este é o cálice
do meu Sangue. Fazei isto em memória de mim. Por isso a Igreja dispôs de toda a
celebração da liturgia eucarística em partes que correspondem às palavras e
gestos de Cristo. De fato:
a) Na preparação dos dons
levam-se ao altar o pão e o vinho com água, isto é, aqueles elementos que
Cristo tomou em suas mãos.
b) Na oração eucarística
rendem-se graças a Deus por toda a obra da salvação e as oferendas tornam-se
Corpo e Sangue de Cristo.
c) Pela fração do pão e pela
Comunhão aos fiéis, embora muitos, recebem o Corpo e o Sangue do Senhor de um
só pão e de um só cálice, do mesmo modo como os apóstolos, das mãos do próprio
Cristo.
Preparação dos dons
No início da liturgia
eucarística são levados ao altar as oferendas que se converterão no Corpo e
Sangue de Cristo. O pão e o vinho são depositados sob o altar pelo sacerdote,
proferindo as fórmulas estabelecidas; em seguida o sacerdote lava as mãos, ao
lado do altar, exprimindo por esse rito o seu desejo de purificação interior.
Oração sobre as oferendas
Depositadas as oferendas sobre
o altar e terminados os ritos que as acompanham, conclui-se a preparação dos
dons e prepara-se a oração eucarística com o convite aos fiéis a rezarem com o
sacerdote e com a oração sobre as oferendas.
Oração eucarística
Inicia-se agora a oração
eucarística, centro e ápice de toda a celebração, prece de ação de graças e
santificação. O sentido desta oração é que toda a assembleia se uma a Cristo na
proclamação das maravilhas de Deus e na oblação do sacrifício.
Podem distinguir-se do
seguinte modo os principais elementos que compõem a oração eucarística:
a) Ação de graças
(expressa principalmente no Prefácio) em que o sacerdote, em nome de todo o
povo santo glorifica a Deus e rende graças por toda a obra da salvação.
b) A aclamação pela
qual toda a assembleia, unindo-se aos espíritos celestes canta o santo.
c) A epiclese, na qual
a Igreja implora por meio de invocações especiais a força do Espírito Santo
para que os dons oferecidos pelo ser humano sejam consagrados.
d) A narrativa da
instituição e a consagração quando pelas palavras e ações de Cristo se
realiza o sacrifício que ele instituiu na última ceia.
e) A anamnese, pela
qual, cumprindo a ordem recebida do Cristo Senhor através dos Apóstolos, a
Igreja faz memória do próprio Cristo, relembrando a paixão, gloriosa
ressurreição e ascensão aos céus.
f) A oblação, pela qual
a Igreja, em particular a assembleia atualmente reunida, realiza essa memória
oferece ao Pai, no Espírito Santo, a hóstia imaculada, para que finalmente Deus
seja tudo em todos.
g) As intercessões,
pelas quais se exprime que a eucaristia é celebrada em comunhão com toda a
Igreja.
h) A doxologia final,
que exprime a glorificação de Deus, e é confirmada e concluída pela aclamação
amém do povo.
Ritos da comunhão
Sendo a celebração eucarística
a ceia pascal, convém que, segundo a ordem do Senhor, o seu Corpo e seu Sangue
sejam recebidos como alimento espiritual pelos fiéis devidamente preparados.
A oração do Senhor
Na oração do Senhor pede-se o
pão de cada dia, que lembra para os cristãos antes de tudo o pão eucarístico e
pede-se a purificação dos pecados.
Rito da paz
Segue-se o rito da paz na qual
a Igreja implora a paz e a unidade para si mesma e para toda a família humana.
Fração do pão
O sacerdote parte o pão
eucarístico, ajudado, se for o caso, pelo diácono ou um concelebrante. O gesto
da fração do pão realizado por Cristo na última ceia, que no tempo apostólico
deu o nome a toda a ação eucarística.
Comunhão
Nesse momento o sacerdote
mostra aos fiéis o pão eucarístico sobre a patena e sobre o cálice e convida-os
ao banquete de Cristo.
Por fim, nossa celebração se
encerra com as orações sobre o povo e a benção final.
Fonte: Instrução
Geral do Missa Romano.
Bíblia do Peregrino.
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