Dia dos
falecidos
Na liturgia
católica, o primeiro de novembro é comemorado como “Dia de todos os Santos”. A
ideia se volta para as pessoas falecidas, que deixaram marcas no testemunho de
vida autêntica, principalmente de humildade e registradas na memória de quem
com elas conviveram. Mais do que isto, a santidade deve começar na vida
terrena, também antes da morte.
Não sei se
se pode falar de morte feliz. Pelo menos olhamos para os falecidos, que
praticaram as bem-aventuranças propostas pelo Evangelho, com olhos positivos. Conforme
as promessas da Palavra de Deus, o bem praticado na terra será recompensado no
céu. Quem faz o caminho de seguimento de Jesus Cristo não ficará desamparado na
outra vida.
Falar sobre
“Dia de Finados”, ou dos falecidos, significa tocar no sentimento que atinge a
todas as pessoas. Não é apenas o sofrimento pela perda de um ente querido, mas
também deixa transparecer a realidade de um mistério escondido por traz da vida
terrena. O ser humano tem uma dimensão de eternidade, e foi criado para
plenificar a identidade do Criador.
Entre as
bem-aventuranças (Mt 5,1-12) aparece, como primeiro destaque, “Felizes os
pobres em espírito” (Mt 5,3). É uma pobreza que vai além da condição material.
Uma pessoa de espírito pobre significa estar totalmente vazia de Deus, mesmo
tendo uma condição econômica confortável. Nisto está seu nível de verdadeira
felicidade ou não.
É feliz
aquele que é capaz de ver os reflexos de Deus em tudo. Até a morte passa a ter
uma dimensão diferente e encarada como caminho de santidade. Sabemos, muito
bem, que não é fácil ser puro, ser honesto e santo. São atitudes que dependem
de uma vivência radical do Evangelho.
Diante das
pessoas estão abertas duas realidades, o agora e o depois, constituindo uma
esfera de mistério. Duas situações que estão muito interligadas, sendo a
primeira construída e sustentada por uma história de testemunho, de esperança e
de solidificação da santidade. A outra é a realização plena da caridade na
identidade de Deus, que é amor.
Por Dom Paulo Mendes Peixoto –
Arcebispo de Uberaba (MG)
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