“Há um Deus que ama as crianças”, disse o papa na catequese
O papa Francisco dedicou a catequese de quarta-feira, 14,
às crianças. Na reflexão, lembrou que a família deve ser espaço do
acolhimento e cuidado, proximidade e atenção, confiança e esperança para os
filhos.
Hoje vamos refletir
sobre um tema muito importante: as promessas que fazemos às crianças. Não falo
tanto das promessas que fazemos aqui e ali, durante o dia, para fazê-los
felizes ou para estarem bem (talvez com qualquer truque inocente: te dou uma
bala e promessas similares…) para levá-los a empenhar-se na escola ou para
dissuadi-los a qualquer capricho. Falo de outras promessas, das promessas mais
importantes, decisivas para suas expectativas nos confrontos da vida, para sua
confiança nos confrontos dos seres humanos, para sua capacidade de conceber o
nome de Deus como uma benção. São promessas que nós fazemos para eles.
Nós
adultos estamos prontos a falar das crianças como de uma promessa da vida.
Todos dizemos: as crianças são uma promessa da vida. E também somos fáceis de
nos comovermos dizendo aos jovens que são o nosso futuro, é verdade. Mas me
pergunto, às vezes, se somos tão sérios com o seu futuro, com o futuro das
crianças e com o futuro dos jovens! Uma pergunta que devemos nos fazer muitas
vezes é essa: quanto somos leais com as promessas que fazemos às crianças,
fazendo-as vir ao nosso mundo? Nós fazemos com que elas venham ao mundo e essa
é uma promessa, o que prometemos a elas?
Acolhimento
e cuidado, proximidade e atenção, confiança e esperança, são promessas de base
que se podem resumir em uma só: amor. Nós prometemos amor, isso é, amor que se
exprime no acolhimento, no cuidado, na proximidade, na atenção, na confiança e
na esperança, mas a grande promessa é o amor. Esse é o modo mais justo de
acolher um ser humano que vem ao mundo e todos nós aprendemos isso, antes mesmo
de sermos conscientes. Eu gosto tanto quando vejo os pais e as mães, quando
passo entre vocês, trazendo a mim um menino, uma menina pequeninos e pergunto:
“Quanto tempo tem? – “Três semanas, quatro semanas…peço a benção do Senhor”.
Também isso se chama amor. O amor é a promessa que o homem e a mulher fazem a
cada filho: desde quando foi concebido no pensamento. As crianças vêm ao mundo
e se espera de ter confirmada essa promessa: espertam-no de modo total,
confiante, indefeso. Basta olhar para elas: em todas as etnias, em todas as
culturas, em todas as condições de vida! Quando acontece o contrário, as
crianças são feridas por um “escândalo”, por um escândalo insuportável, tão
mais grave, pois não têm os meios para decifrá-lo. Não podem entender o que
acontece. Deus vigia sobre essa promessa, desde o primeiro instante. Lembram o
que disse Jesus? Os Anjos das crianças refletem o olhar de Deus e Deus não
perde nunca de vista as crianças (cfr Mt 18, 10). Ai daqueles que traem a sua
confiança, ai! O seu confiante abandono à nossa promessa que nos empenha desde
o primeiro instante, nos julga.
E
gostaria de acrescentar outra coisa, com muito respeito por todos, mas também
com muita franqueza. A confiança delas (das crianças) em Deus nunca deveria ser
ferida, sobretudo quando acontece por motivo de uma certa presunção (mais ou
menos inconsciente) de substituir a Ele. A terna e misteriosa relação de Deus
com a alma das crianças não deveria nunca ser violada. É uma relação real, que
Deus a quer e Deus a protege. A criança está pronta desde o nascimento para
sentir-se amada por Deus, está pronta para isso. Não apenas é capaz de sentir
que é amada por si mesma, um filho sente também que há um Deus que ama as
crianças.
As
crianças, recém-nascidas, começam a receber de presente, junto com a
alimentação e os cuidados, a confirmação das qualidades espirituais do amor. Os
atos de amor passam através do dom do nome pessoal, a partilha da linguagem, as
intenções dos olhares, as iluminações dos sorrisos. Aprendem, assim, que a
beleza do laço entre os seres humanos aponta à nossa alma, procura a nossa
liberdade, aceita a diversidade do outro, reconhece-o e o respeita como
interlocutor. Um segundo milagre, uma segunda promessa: nós – pais e mães – nos
doamos a ti para doar você a você mesmo! E este é amor, que traz uma faísca
daquele de Deus! Mas vocês, pais e mães, têm essa faísca de Deus que dão aos
seus filhos, vocês são instrumento do amor de Deus e isso é belo, belo, belo!
Somente
se olhamos as crianças com os olhos de Jesus podemos realmente entender em que
sentido, defendendo a família, protegemos a humanidade! O ponto de vista das
crianças é o ponto de vista do Filho de Deus. A própria Igreja, no Batismo, faz
grandes promessas às crianças, com as quais empenha os pais e a comunidade
cristã. A santa Mãe de Jesus – por meio da qual o Filho de Deus chegou a nós,
amado e gerado como uma criança – torne a Igreja capaz de seguir o caminho da
sua maternidade e da sua fé. E São José – homem justo, que acolheu e protegeu,
honrando corajosamente, a benção e a promessa de Deus – nos torne todos capazes
e dignos de hospedar Jesus em cada criança que Deus manda sobre a terra.
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