domingo, 25 de outubro de 2015

REFLEXÃO PARA O 30º DOMINGO DO TEMPO COMUM


REFLEXÃO PARA O 30º DOMINGO DO TEMPO COMUM
PRIMEIRA LEITURA (Jr 31,7-9) Jeremias. Isto diz o Senhor: “Exultai de alegria, cantai e dizei: ‘Salva, Senhor, teu povo, o resto de Israel’. Eis que eu os trarei e os reunirei desde as extremidades da terra; entre eles há cegos e aleijados, mulheres grávidas e parturientes: São uma grande multidão os que retornam. Eles chegarão entre lágrimas e eu os receberei entre preces; eu os conduzirei por torrentes d’água, por um caminho reto onde não tropeçarão, pois tornei-me um pai para Israel, e Efraim é o meu primogênito”.
AMBIENTE – A mensagem poderia situar-se na primeira fase de Jeremias (reinado de Josias) e dirigir-se-ia aos israelitas do Reino do Norte que estava sob o domínio assírio. Para outros, será da época de Sedecias, entre a primeira e a segunda deportação do Povo para a Babilônia (597-586 a.C.). Jeremias começa a refletir sobre um tempo novo que Deus irá oferecer ao seu Povo uma nova Aliança.
MENSAGEM – É convite à alegria e ao louvor. Jahwéh vai reunir o seu Povo (disperso na Assíria, Na Babilónia?), vai conduzi-lo através do deserto e vai fazê-lo retornar à sua pátria. Deste Novo Êxodo farão parte "o cego e o coxo, a mulher grávida e a que deu à luz". O cego e o coxo relembram a situação de necessidade e de carência dos exilados. Na mulher grávida e na mulher que deu à luz, o profeta representa a dor e o sofrimento, mas também a fecundidade, a alegria, a esperança num futuro novo e cheio de vida.  Jahwéh apresenta-Se como um pai cheio de amor pelo seu filho/Povo. Esse amor irá traduzir-se no fim do Exílio e no regresso dos exilados à sua terra. Jahwéh vai oferecer ao seu Povo vida abundante e fecunda. Mesmo nos momentos mais dramáticos da histórica de Israel, quando o Povo parecia privado de luz e de liberdade (o "cego" e o "coxo"), Deus estava lá, preocupando-se em libertar o seu Povo e em conduzi-lo pela mão, com amor de pai, ao encontro da liberdade e da vida plena.
SEGUNDA LEITURA (Hb 5,1-6) Carta aos Hebreus. - Todo sumo sacerdote é tirado do meio dos homens e instituído em favor dos homens, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Sabe ter compaixão, porque ele mesmo está cercado de fraqueza. Por isso, oferece sacrifícios tanto pelos pecados do povo, quanto pelos seus. Ninguém deve atribuir-se esta honra, senão o que foi chamado por Deus, como Aarão. Deste modo, também Cristo não se atribuiu a si mesmo a honra de ser sumo sacerdote, mas foi aquele que lhe disse: “Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei”. Como diz em outra passagem: “Tu és sacerdote para sempre, na ordem de Melquisedec”.
AMBIENTE- Carta aos Hebreus – uma reflexão destinada a comunidades desanimadas. O objetivo é redescobrir o entusiasmo inicial com Cristo. O autor convida a apreciar o mistério de Cristo, o sacerdote por excelência, que o Pai enviou com a missão de integrar a comunidade do Povo sacerdotal (pelo batismo). O autor apresenta Jesus como o sacerdote fiel e misericordioso que o Pai enviou para mudar os corações dos homens e para os aproximar de Deus.
MENSAGEM - há três elementos à figura do sumo sacerdote. Em primeiro lugar, ele é um escolhido de Deus:
Em segundo lugar, é um homem tomado de entre os homens: a sua fragilidade que resulta da sua humanidade, tornam-no apto para compreender os erros e os pecados dos outros homens por quem intercede.
Em terceiro, o sumo-sacerdote tem uma função mediadora: “oferecer dons e sacrifícios pelos pecados”, e trazendo o perdão de Deus. Na Carta aos Hebreus, Jesus é o sumo-sacerdote por excelência. Em primeiro lugar, porque Ele foi chamado e destinado por Deus a esta missão; o fato de ser Filho de Deus dá ao seu sacerdócio uma dignidade e uma qualidade suprema; é íntimo com o Pai. Em segundo lugar, porque Ele foi homem, também. Ele experimentou a nossa fragilidade e tornou-Se capaz de entender as nossas fraquezas. A sua intimidade com o Pai e a sua humanidade tornam-no o perfeito mediador e intercessor. Ele veio ao nosso encontro, mostrou-nos o amor do Pai, convidou-nos a eliminar o egoísmo e o pecado que nos afastavam da comunhão com Deus, chamou-nos a integrar a família de Deus e ensinou-nos o que fazer para sermos filhos de Deus.
10. EVANGELHO (Mc 10,46-52) Marcos. Jesus saiu com seus discípulos e uma grande multidão. O filho de Timeu, Bartimeu, cego e mendigo, estava sentado à beira do caminho. Quando ouviu dizer que Jesus estava passando, começou a gritar: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava mais ainda. Então Jesus parou e disse: “Chamai-o”. Eles o chamaram e disseram: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama!” O cego jogou o manto, deu um pulo e foi até Jesus. Então Jesus lhe perguntou: “O que queres que eu te faça?” O cego respondeu: “Mestre, que eu veja!” Jesus disse: “Vai, a tua fé te curou”. No mesmo instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho.
AMBIENTE - Bartimeu ("filho de Timeu"). Os "cegos" eram excluídos. A cegueira era considerada o resultado de um pecado grave. Os cegos não eram testemunhas e não entravam no Templo.
MENSAGEM - Marcos construiu uma catequese. O cego representa todos os pecadores, impuros, marginais, longe de Deus e da sua proposta de salvação.  O cego está sentado à beira do caminho, significa acomodação, conformismo. Ele está privado da luz e da liberdade e está conformado com a situação, sabendo que, por si só, é incapaz de sair dela. O pedir esmola indica escravidão e dependência.  Contudo, a passagem de Jesus dá ao cego a consciência da sua miséria. A passagem de Jesus na vida de alguém é sempre um momento de tomada de consciência, de questionamento, de desafio. Bartimeu está consciente da sua debilidade e sente que, sem a ajuda de Jesus, continuará na dependência, na escravidão. Por isso, pede: "Jesus, filho de David, tem misericórdia de mim". Bartimeu vê em Jesus esse Messias libertador que havia de vir para dar vida em plenitude ao Povo de Deus. Os discípulos repreendiam o cego e queriam fazê-lo calar. Quando alguém encontra Jesus encontra sempre resistências (familiares, amigos, colegas). Jesus parou e mandou chamar o cego. Os mediadores dizem-lhe: "coragem, levanta-te que Ele chama-te". Ou seja: deixa a tua miséria, escravidão e dependência, porque Jesus chama-te. O chamamento é sempre  a tornar-se discípulo, a seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida.
Em resposta, o cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus. A capa é tudo o que um mendigo possui, a única coisa de que ele pode separar-se (outros deixaram o barco, as redes ou a banca onde recolhiam impostos). O deitar fora a capa significa, portanto, o deixar tudo o que se possui para ir ao encontro de Jesus. É um corte radical com o passado, a fim de começar uma vida nova ao lado de Jesus. Jesus perguntou ao cego: "que queres que te faça?". É a mesma pergunta que, pouco antes, Jesus fizera a João e Tiago (cf. Mc 10,36). A pergunta acentua, contudo, a diferença da resposta ... Os dois irmãos queriam sentar-se ao lado de Jesus e ver concretizados os seus sonhos de grandeza e de poder; o cego Bartimeu, ao contrário, cansado de estar sentado numa vida de escravidão e de cegueira, quer encontrar a luz para seguir Jesus. Jesus responde a Bartimeu: "vai, a tua fé te salvou". A fé é a adesão a Jesus e à sua proposta de salvação. Por isso, Marcos termina a sua história dizendo que o cego recuperou a vista e seguiu Jesus - isto é, fez-se discípulo. Bartimeu encontrou a salvação. Bartimeu representava os pecadores que viviam longe de Deus e à margem da salvação. Depois de encontrar Jesus, Bartimeu transforma-se e torna-se o protótipo do verdadeiro discípulo. É com Bartimeu que os discípulos de Jesus são convidados a identificar-se.




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