segunda-feira, 30 de novembro de 2015

A INFLUÊNCIA DA VIRGEM MARIA NA VIDA DA IGREJA

Influência da Virgem Maria na vida da Igreja


Depois de ter refletido sobre a dimensão Mariana na vida eclesial, dispomo-nos agora a pôr em evidência a imensa riqueza espiritual que Maria comunica à Igreja, com o seu exemplo e a sua intercessão.

Desejamos, antes de mais, deter-nos a considerar brevemente alguns aspectos significativos da personalidade de Maria, que oferecem a cada fiel indicações preciosas para acolher e realizar plenamente a própria vocação.

Maria precedeu-nos na via da fé: crendo na mensagem do anjo, ela é a primeira a acolher, e de modo perfeito, o mistério da Encarnação (cf. Redemptoris Mater, 13). O seu itinerário de crente inicia ainda antes do princípio da maternidade divina e desenvolve-se e aprofunda-se durante toda a sua experiência terrena. É audaz a sua fé, que na Anunciação crê no humanamente impossível e em Caná impele Jesus a realizar o primeiro milagre, provocando a manifestação dos seus poderes messiânicos (cf. Jo. 2,1´5). Maria educa os cristãos a viverem a fé como caminho empenhativo e envolvente, que, em todas as épocas e situações da vida, requer audácia e perseverança constante.

A fé de Maria está ligada à sua docilidade à vontade divina. Crendo na Palavra de Deus, pôde acolhê-la plenamente na sua existência e, mostrando-se disponível ao soberano desígnio divino, aceitou tudo o que lhe era requerido do Alto. A presença da Virgem na Igreja encoraja assim os cristãos a porem-se cada dia à escuta da Palavra do Senhor, para compreenderem o seu plano de amor nas diversas vicissitudes quotidianas, cooperando com fidelidade para a sua realização.

Desse modo, Maria educa a comunidade dos crentes para olhar rumo ao futuro, com pleno abandono em Deus. Na experiência pessoal da Virgem, a esperança enriquece-se de motivações sempre novas. Desde a Anunciação, Maria concentra no Filho de Deus, encarnado no seu seio virginal, as expectativas do antigo Israel. A sua esperança revigora-se nas fases sucessivas da vida de Nazaré e do ministério público de Jesus. A sua grande fé na palavra de Cristo que tinha anunciado a sua ressurreição ao terceiro dia, não a fez vacilar nem sequer diante do drama da Cruz: ela conservou a esperança no cumprimento da obra messiânica, esperando sem hesitações, depois das trevas da Sexta Feira Santa, a manhã da ressurreição.

No seu difícil peregrinar na história, entre o ´já´ da salvação recebida e o ´não ainda´ da sua plena realização, a comunidade dos crentes sabe que pode contar com o auxílio da ´Mãe da Esperança´ que, tendo experimentado a vitória de Cristo sobre as potências da morte, lhe comunica uma capacidade sempre nova de espera do futuro de Deus e de abandono às promessas do Senhor.

O exemplo de Maria faz com que a Igreja aprecie melhor o valor do silêncio. O silêncio de Maria não é só sobriedade no falar, mas sobretudo capacidade sapiencial de fazer memória e de acolher, num olhar de fé, o mistério do Verbo feito homem e os eventos da sua existência terrena. É este silêncio-acolhimento da Palavra, esta capacidade de meditar no mistério de Cristo, que Maria transmite ao povo crente. Em um mundo cheio de confusão e de mensagens de todo o gênero, o seu testemunho faz apreciar um silêncio espiritualmente rico e promove o espírito contemplativo.

Maria testemunha o valor de uma existência humilde e escondida. Normalmente todos exigem, e por vezes pretendem, poder valorizar inteiramente a própria pessoa e as próprias qualidades. Todos são sensíveis à estima e à honra. Os Evangelhos referem em várias ocasiões que os Apóstolos ambicionavam os primeiros lugares no reino, discutiam entre si quem era o maior e que Jesus lhes teve de dar, quanto a isto, lições sobre a necessidade da humildade e do serviço (cf. Mt. 18,1´5; 20, 20´28; Mc. 9,33´37; 10,35´45; Lc. 9,46´48; 22,24´27). Maria, ao contrário, jamais desejou as honras e vantagens de uma posição privilegiada; procurou sempre cumprir a vontade divina, levando uma existência segundo o plano salvífico do Pai.

A quantos não raro sentem o peso duma existência aparentemente insignificante, Maria manifesta quanto pode ser preciosa a vida, se é vivida por amor de Cristo e dos irmãos.

Maria, além disso, testemunha o valor duma vida pura e repleta de ternura por todos os homens. A beleza da sua alma, totalmente doada ao Senhor, é objeto de admiração para o povo cristão. Em Maria a comunidade viu sempre um ideal de mulher, cheia de amor e de ternura, porque viveu na pureza do coração e da carne. Perante o cinismo duma certa cultura contemporânea que, muitas vezes, parece não reconhecer o valor da castidade e banaliza a sexualidade, separando-a da dignidade da pessoa e do projeto de Deus, a Virgem Maria propõe o testemunho duma pureza que ilumina a consciência e conduz a um amor maior pelas criaturas e pelo Senhor.

E ainda: aos cristãos de todos os tempos, Maria mostra-se como aquela que prova uma viva compaixão pelos sofrimentos da humanidade. Essa compaixão não consiste somente numa participação afetiva, mas traduz-se numa ajuda eficaz e concreta diante das misérias materiais e morais da humanidade. A Igreja, seguindo Maria, é chamada a assumir uma atitude idêntica para com os pobres e todos os sofredores da terra. A atenção materna da Mãe do Senhor às lágrimas, às dores e às dificuldades dos homens e das mulheres de todos os tempos, deve estimular os cristãos, de modo particular ao aproximar-se do terceiro milênio, a multiplicar os sinais concretos e visíveis dum amor que faça os humildes e os sofredores de hoje participarem nas promessas e esperanças do mundo novo, que nasce da Páscoa.

O afeto e a devoção dos homens para com a Mãe de Jesus ultrapassam os confins visíveis da Igreja e impelem os ânimos a sentimentos de reconciliação. Como uma Mãe, Maria quer a união de todos os seus filhos. A sua presença na Igreja constitui um convite a conservar a unanimidade de coração, que reinava na primeira comunidade (cf. At. 1,14) e, por conseguinte, a procurar também as vias da unidade e da paz entre todos os homens e todas as mulheres de boa vontade.

Na sua intercessão junto do Filho, Maria pede a graça da unidade do gênero humano, em vista da construção da civilização do amor, superando as tendências à divisão, às tentações da vingança e do ódio, e à fascinação perversa da violência.

O sorriso materno da Virgem, reproduzido em boa parte na iconografia mariana, manifesta uma plenitude de graça e de paz que quer comunicar-se. Essa manifestação de serenidade do espírito contribui de modo eficaz para conferir um rosto jubiloso à Igreja.

Acolhendo na Anunciação o convite do anjo a alegrar-se (Káire=alegra´te: Lc. 1,28), Maria é a primeira a participar na alegria messiânica, já predita pelos profetas para a ´filha de Sião´ (cf. Is. 12,6; Sof. 3,14´15; Zac. 9,8), e transmite-a à humanidade de todos os tempos.

O povo cristão, invocando-a como ´causa nostrae laetitiae´, descobre nela a capacidade de comunicar a alegria que nasce da esperança mesmo no meio das provas da vida e de guiar quem a ela se confia para a alegria que não terá fim.

* L´Osservatore Romano, Ed. Port. n.47, 25/11/95, pag. 12(576) DO Livro: A VIRGEM MARIA ´ 58 CATEQUESES DO PAPA JOÃO PAULO II


ALEGRIA DO ADVENTO


Alegria do Advento
Iniciamos mais um Ano Litúrgico, preparando-nos para o nascimento de Jesus Cristo no tempo do Natal. Nascimento que só tem sentido quando as pessoas conseguem abrir seus corações e deixarem acontecer o encontro íntimo com Aquele que vem como enviado do Pai. Assim se cumpre a realização da promessa de libertação projetada nos anúncios do Antigo Testamento.
Jesus foi prometido e proclamado como rei justo no meio de um mundo marcado pelas práticas de injustiça e de degradação da identidade da pessoa humana. O que vemos, na prática, e em todos os tempos, é o sofrimento condicionado pelos desvios do projeto querido pelo Criador. A injustiça, generalizada como está, diminui as condições necessárias para uma vida feliz e humana.
A vontade de Deus é a realização do direito e da justiça, isto é, de uma vida conforme as prescrições dos mandamentos e das indicações das bem-aventuranças do Evangelho. Não fomos criados para a destruição, indiscriminada, dos bens da natureza. “Dominai a terra” (Gn 9,7) significa construir, possibilitando o necessário para as pessoas terem uma vida saudável e digna.
A consistência do mundo depende do cuidado e de como ele é usado. Certas práticas causam medo e angústia nas pessoas, porque fragilizam a qualidade de vida e minam a alegria e as expectativas de um futuro promissor. A preparação para o Natal estimula uma concreta esperança, capaz de elevar o espírito abatido.
Estamos sensibilizados diante das ameaças causadas pelos últimos acontecimentos, tanto em Mariana, como nos atentados suicidas lá na França. Caminhamos por caminhos que levam ao caos, quase como o dilúvio citado pela Sagrada Escritura. Dá a impressão de que caminhamos para a destruição total. Isso pode acontecer se providências corajosas não forem tomadas.
A fonte do verdadeiro amor é Deus. Podemos até imaginar ou construir outros caminhos de amor, mas nunca estaremos totalmente realizados se nosso olhar não for voltado para essa fonte cristalina em Deus, através de Jesus Cristo, que causa compromisso de justiça de uns para com os outros no relacionamento.


ARMA-SE DA MISERICÓRDIA



Papa: depor instrumentos de morte, armar-se de amor e misericórdia
Na tarde deste I domingo do Advento (29/11), na Catedral de Bangui, o Papa Francisco procedeu à abertura da Porta Santa, dando assim início ao Jubileu Extraordinário do Ano da Misericórdia na República Centro-Africana, Jubileu proclamado pelo Papa a 11 de abril deste ano. Na homilia da Missa, participada por sacerdotes, religiosos, seminaristas e milhares de fiéis da RCA, o Papa disse ante de tudo que Deus guiou os seus passos até esta terra, precisamente quando a Igreja universal se prepara para inaugurar o Ano Jubilar da Misericórdia. E na pessoa dos presentes Francisco saudou o povo da RCA:
“Através de vós, quero saudar todos os centro-africanos, os doentes, as pessoas idosas, os feridos pela vida. Talvez alguns deles estejam desesperados e já não tenham força sequer para reagir, esperando apenas uma esmola, a esmola do pão, a esmola da justiça, a esmola dum gesto de atenção e bondade».
Em seguida o Papa convidou a todos a confiar na força e no poder de Deus que curam o homem, convidando-os a «passar à outra margem», como diz o moto da visita do Papa à RCA, uma travessia, reiterou o Papa, que não faremos sozinhos mas juntamente com Jesus. E Francisco sublinhou:
« Devemos estar cientes de que esta passagem para a outra margem só se pode fazer com Ele, libertando-nos das concepções de família e de sangue que dividem, para construir uma Igreja-Família de Deus, aberta a todos, que cuida dos mais necessitados. Isto pressupõe a proximidade aos nossos irmãos e irmãs, isto implica um espírito de comunhão. Não se trata primariamente duma questão de recursos financeiros; realmente basta compartilhar a vida do Povo de Deus, dando a razão da esperança que está em nós e sendo testemunhas da misericórdia infinita de Deus”.
Na verdade, depois de nós mesmos termos feito a experiência do perdão, devemos perdoar, pois uma das exigências essenciais da vocação à perfeição é o amor aos inimigos, um amor que nos protege contra a tentação da vingança e contra a espiral das retaliações sem fim, disse Francisco que também acrescentou:
“Consequentemente os agentes de evangelização devem ser, antes de mais nada, artesãos do perdão, especialistas da reconciliação, peritos da misericórdia. É assim que podemos ajudar os nossos irmãos e irmãs a «passar à outra margem», revelando-lhes o segredo da nossa força, da nossa esperança, e da nossa alegria que têm a sua fonte em Deus, porque estão fundadas na certeza de que Ele está conosco no barco”.
Comentando os textos litúrgicos do domingo, o Papa falou de algumas características da salvação anunciada por Deus. Antes de tudo a felicidade de Deus é justiça. Aqui, como noutros lugares, muitos homens e mulheres têm sede de respeito, justiça, equidade, sem avistar no horizonte qualquer sinal positivo para eles, o Salvador vem trazer o dom da sua justiça, vem tornar fecundas as nossas histórias pessoais e coletivas, as nossas esperanças frustradas e os nossos votos estéreis, reiterou Francisco.
A salvação de Deus tem igualmente o sabor do amor, continuou o Papa, e o Filho nos veio revelar um Deus que não é só Justiça mas também e antes de tudo Amor. Em todos os lugares, mas sobretudo onde reinam a violência, o ódio, a injustiça e a perseguição, os cristãos são chamados a dar testemunho deste Deus que é Amor.
E por último, a salvação de Deus é força invencível que triunfará sobre tudo. Deus é mais forte que tudo, e esta convicção dá ao crente serenidade, coragem e força de perseverar no bem frente às piores adversidades. E Papa Francisco concluiu com um importante apelo:
“A todos aqueles que usam injustamente as armas deste mundo, lanço um apelo: deponde esses instrumentos de morte; armai-vos, antes, com a justiça, o amor e a misericórdia, autênticas garantias de paz».
E aos discípulos de Cristo, sacerdotes, religiosos, religiosas ou leigos comprometidos na RCA, este desafio e missão: «a vossa vocação é encarnar o coração de Deus no meio dos vossos concidadãos».


MOMENTO COM A PALAVRA 30.11.15


Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 4,18-22
18Quando Jesus andava à beira do mar da Galiléia,
viu dois irmãos:
Simão, chamado Pedro, e seu irmão André.
Estavam lançando a rede ao mar, pois eram pescadores.
19Jesus disse a eles: 'Segui-me,
e eu farei de vós pescadores de homens.'
20Eles, imediatamente deixaram as redes e o seguiram.
21Caminhando um pouco mais, Jesus viu outros dois irmãos:
Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João.
Estavam na barca com seu pai Zebedeu
consertando as redes.
Jesus os chamou.
22Eles, imediatamente deixaram a barca e o pai,
e o seguiram.
Palavra da Salvação.

No nosso dia a dia devemos estar sempre atentos à presença de Jesus que se aproxima de nós e nos chama para o serviço do Reino. Esta aproximação acontece principalmente a partir dos apelos que chegam até nós nos sofrimentos, nas dores, nas necessidades não satisfeitas, na fome, na miséria, na culpa, na falta de fé, no desconhecimento de Deus, na falta de sentido de vida, na violência, enfim, em tudo o que exige de nós uma resposta de amor, que é o fundamento de todo apostolado, de todo seguimento de Jesus. Deixando tudo o que estamos fazendo, devemos ser a resposta viva de Deus para todos esses apelos.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

ADVENTO - TEMPO DE PREPARAÇÃO


Estamos iniciando o Tempo do Advento, e as quatro semanas que antecedem o Natal são de preparação, com uma intensa vida de oração e meditação, para vivermos, na fé, o encontro com o Senhor Jesus, o Filho de Deus que assume a natureza humana numa forma humilde e singela. Só com esta preparação, poderemos celebrar bem o nascimento de Cristo no santo Natal. 
Mesmo diante de uma sociedade ávida por consumo e muitas vezes indiferente à mensagem de paz, de amor, de solidariedade e de esperança do Natal, ele continua tocando o coração de muitas crianças e adultos, porque diante da alegria e do encanto de uma criança com os símbolos do Natal, nós adultos somos levados a refletir sobre as pequenas e belas coisas da vida que fomos perdendo no caminho percorrido. O significado do Natal pode ter ficado na memória de um passado distante, ou quem sabe, fomos abandonando sua mensagem, deixando-a agonizar à margem da nossa vida na medida em que os nossos passos e o tempo nos levaram para a realidade dos adultos. Perdemos o encanto de contemplar o brilho das estrelas, de contar pequenas estórias e falar das coisas do coração que fazem tão bem à nossa vida, à nossa alma, que nos enchem de esperança e ainda nos fazem sonhar, sem deixar de amar quem está ao nosso lado, porque alguém veio de muito longe para nos amar e nos falar de amor. Não um amor pequeno, mas um amor que tem a imensidão do universo e o sentido da eternidade, e está ao alcance do meu e do teu coração.
Por isso, creio ser importante recordar que o Advento significa “vinda” e a Igreja convida seus filhos e filhas a prepararem os corações para celebrar a vinda histórica de Cristo, lembrando a encarnação e a natividade. Mas para quem quer percorrer um caminho de crescimento espiritual, o Advento simboliza também o encontro pessoal com o Cristo Jesus na nossa vida. Podemos começar a nos preocupar com os presentes, esquecendo que este é o tempo em que nos preparamos interiormente para acolher o presente mais importante para a humanidade, Jesus, o Filho de Deus. Um presente não se pode pretender. Um presente se pode somente esperar.
Dom José Gislon
Bispo Diocesano de Erexim (RS



MOMENTO COM A PALAVRA 27.11.15


+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 21,29-33
Naquele tempo: 
29Jesus contou-lhes uma parábola: 
'Olhai a figueira e todas as árvores. 
30Quando vedes que elas estão dando brotos, 
logo sabeis que o verão está perto. 
31Vós também, quando virdes acontecer essas coisas, 
ficai sabendo que o Reino de Deus está perto. 
32Em verdade, eu vos digo: 
tudo isso vai acontecer antes que passe esta geração. 
33O céu e a terra passarão, 
mas as minhas palavras não hão de passar. 
Palavra da Salvação.

Devemos ser capazes de reconhecer os sinais dos tempos para que possamos perceber os apelos do Reino de Deus na nossa vida, assim como sermos capazes de descobrir a presença de Jesus na história das pessoas. Somente quando somos capazes de analisar os acontecimentos a partir da ótica da fé é que somos capazes de interpretar os fatos como sendo sinal dos tempos e ação da graça divina no nosso dia a dia. Para que isso seja possível, a Palavra de Jesus deve ser o critério fundamental para a interpretação dos acontecimentos. 

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

COROA DO ADVENTO - CONHEÇA MELHOR ESSA TRADIÇÃO


Cinco detalhes sobre a Coroa do Advento que talvez você desconheça
A Igreja se prepara para iniciar o tempo de Advento neste domingo, 29 de novembro, e como é tradição os fiéis se reunirão para rezar e acender a primeira vela da Coroa do Advento. Confira a seguir, cinco detalhes que todo cristão deve saber sobre a Coroa.
1. Tradição e evangelização
A Coroa do Advento tem a sua origem em uma tradição pagã europeia. No inverno, acendiam-se algumas velas que representavam o “fogo do deus sol” com a esperança de que a sua luz e o seu calor voltassem. Os primeiros missionários aproveitaram esta tradição para evangelizar as pessoas. A partir de seus próprios costumes ensinavam-lhes a fé católica.
2. Por que deve ter uma forma circular?
O círculo não tem princípio, nem fim. É sinal do amor de Deus que é eterno, sem princípio nem fim, e também do nosso amor a Deus e ao próximo, o qual nunca deve terminar.
3. Usar ramos verdes
Verde é a cor da esperança e da vida. Deus quer que esperemos a sua graça, o seu perdão misericordioso e a glória da vida eterna no final de nossa vida. O desejo mais importante deve ser querer chegar a uma união mais forte com Deus, nosso Pai, assim como a árvore e seus ramos.
4. Leva quatro velas
As quatro velas permitem refletir na experiência da escuridão provocada pelo pecado, o qual deixa o homem cego e o afasta de Deus. Depois da primeira queda do homem, Deus foi dando pouco a pouco uma esperança de salvação que iluminou todo o universo, como as velas da Coroa.
Neste sentido, assim como as trevas se dissipam com cada vela que acendemos, os séculos foram se iluminando cada vez mais com a próxima chegada de Cristo ao mundo.
As quatro velas colocadas na Coroa de Advento são acendidas semana a semana, nos quatro domingos do advento e com uma oração especial.
5. Inclui uma vela rosada
Tradicionalmente as velas da Coroa de Advento são três roxas e uma rosa, esta é acendida no terceiro Domingo do Advento. Este dia é conhecido também como “Domingo Gaudete”, ou da alegria, devido à primeira palavra do prefácio da Missa: Gaudete (regozijem-se).
Durante a Celebração Eucarística deste dia, os paramentos do sacerdote e as toalhas do altar são com detalhes rosa, simbolizando a alegria e convidando os fiéis a se alegrar porque o Senhor já está perto.
Em alguns lugares, todas as velas da Coroa são substituídas por velas vermelhas e, na Noite de Natal, é colocada no centro da coroa uma vela branca, simbolizando Cristo como centro de tudo que existe.


MOMENTO COM A PALAVRA 26.11.15


+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 21,20-28
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 
20Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, 
ficai sabendo que a sua destruição está próxima. 
21Então, os que estiverem na Judéia, 
devem fugir para as montanhas; 
os que estiverem no meio da cidade, devem afastar-se; 
os que estiverem no campo, não entrem na cidade. 
22Pois esses dias são de vingança, 
para que se cumpra tudo o que dizem as Escrituras. 
23Infelizes das mulheres grávidas 
e daquelas que estiverem amamentando naqueles dias, 
pois haverá uma grande calamidade na terra 
e ira contra este povo. 
24Serão mortos pela espada 
e levados presos para todas as nações. 
e Jerusalém será pisada pelos infiéis, 
até que o tempo dos pagãos se complete. 
25Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. 
Na terra, as nações ficarão angustiadas, 
com pavor do barulho do mar e das ondas. 
26Os homens vão desmaiar de medo, 
só em pensar no que vai acontecer ao mundo, 
porque as forças do céu serão abaladas. 
27Então eles verão o Filho do Homem, 
vindo numa nuvem com grande poder e glória. 
28Quando estas coisas começarem a acontecer, 
levantai-vos e erguei a cabeça, 
porque a vossa libertação está próxima.' 
Palavra da Salvação. 

A libertação verdadeira da pessoa humana é fruto de dois elementos importantes: o primeiro é o seu compromisso pessoal e comunitário com o Reino de Deus e com a comunidade à qual pertence, de modo que a sua vida passa a ser uma constante luta histórica de transformação da realidade tendo como critério os valores do Evangelho; o segundo é a confiança inabalável da presença atuante de Deus na sua vida e na história dos homens como o grande parceiro que está ao lado dos que assumem a luta por um mundo novo. Somente a união entre esses dois elementos pode garantir um processo histórico verdadeiramente libertador.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A ALMA HABITADA POR DEUS


Das Homilias atribuídas a São Macário,
bispo (Hom. 28: PG 34,710-711) (Séc. IV)

Ai da alma em que não habita Cristo Deus outrora, irritado contra os judeus, entregou Jerusalém como espetáculo aos gentios; e foram dominados por aqueles que os odiavam; não havia mais festas nem oblações. De igual modo, irado contra a alma por ter transgredido o mandamento, entregou-a aos inimigos que a seduziram e a deformaram.
Se uma casa não for habitada pelo dono, ficará sepultada na escuridão, desonra, desprezo, repleta de toda espécie de imundícia. Também a alma, sem a presença de seu Deus, que nela jubilava com seus anjos, cobre-se com as trevas do pecado, de sentimentos vergonhosos e de completa infâmia.
Ai da estrada por onde ninguém passa nem se ouve voz de homem! Será morada de animais. Ai da alma, se nela não passeia Deus, afugentando com sua voz as feras espirituais da maldade! Ai da casa não habitada por seu dono! Ai da terra sem o lavrador que a cultiva! Ai do navio, se lhe falta o piloto; sacudido pelas ondas e tempestades do mar, soçobrará! Ai da alma que não tiver em si o verdadeiro piloto, o Cristo! porque lançada na escuridão de mar impiedoso e sacudida pelas ondas das paixões, jogada pelos maus espíritos como em tempestade de inverno, encontrará afinal a morte.
Ai da alma se lhe falta Cristo, cultivando-a com diligência, para que possa germinar os bons frutos do Espírito! Deserta, coberta de espinhos e de abrolhos, terminará por encontrar, em vez de frutos, a queimada. Ai da alma, se seu Senhor, o Cristo, nela não habitar! Abandonada, encher-se-á com o mau cheiro das paixões, virará moradia dos vícios.
O agricultor, indo lavrar a terra, deve pegar os instrumentos e vestir a roupa apropriada para o trabalho; assim também Cristo, o rei celeste e verdadeiro agricultor, ao vir à humanidade, deserta pelo vício, assumiu um corpo e carregou, como instrumento, a cruz.

Lavrou a alma desamparada, arrancou-lhe os espinhos e abrolhos dos maus espíritos, extirpou a cizânia do pecado e lançou ao fogo toda a erva de suas culpas. Tendo-a assim lavrado com o lenho da cruz, nela plantou maravilhoso jardim do Espírito, que produz toda espécie de frutos deliciosos e agradáveis a Deus, seu Senhor.

LEITURA ORANTE .25.11.15



+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 21,12-19
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 
12Antes que estas coisas aconteçam, 
sereis presos e perseguidos; 
sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; 
sereis levados diante de reis e governadores 
por causa do meu nome. 
13Esta será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé. 
14Fazei o firme propósito 
de não planejar com antecedência a própria defesa; 
15porque eu vos darei palavras tão acertadas, 
que nenhum dos inimigos vos poderá resistir ou rebater. 
16Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, 
irmãos, parentes e amigos. 
E eles matarão alguns de vós. 
17Todos vos odiarão por causa do meu nome. 
18Mas vós não perdereis 
um só fio de cabelo da vossa cabeça. 
19É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida! 
Palavra da Salvação. 
Estamos no final da caminhada de mais um ano litúrgico e aparecem em nossa leitura orante esses textos chamados de ‘textos escatológicos’. São textos bíblicos que se referem ao fim último das coisas. Sempre que nos encontramos com essa temática vale a pena lembrar que Jesus não está falando de um tempo especifico na história, mas sim uma recapitulação histórica de todo o projeto de Deus, projeto este, que encontrou e sempre encontrará fortes oposições.
O central desse evangelho não seria pensar no fim do mundo, mas sim pensar na força da graça de Jesus para superar esses desafios. No evangelho de hoje aparecem três “certezas” que muito nos ajudam na reflexão e fortalecimento de nossa fé, de nossa caminhada: diante de todas as dificuldades a certeza de continuar a missão, “essa será a oportunidade de testemunhar a fé”; a certeza da presença da graça de Jesus “porque eu vos darei palavras tão acertadas, que nenhum dos inimigos vos poderá resistir ou rebater”; e a certeza da recompensa para os que permanecem firmes nos caminhos do Senhor “é permanecendo firmes que ireis ganhar a vida”.


segunda-feira, 23 de novembro de 2015

LEITURA ORANTE DA PALAVRA DE DEUS 23.11.15


+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 21,1-4
Naquele tempo: 
1Jesus ergueu os olhos e viu pessoas ricas 
depositando ofertas no tesouro do Templo. 
2Viu também uma pobre viúva 
que depositou duas pequenas moedas. 
3Diante disto, ele disse: 
'Em verdade vos digo que essa pobre viúva 
ofertou mais do que todos. 
4Pois todos eles depositaram, como oferta feita a Deus, 
aquilo que lhes sobrava. 
Mas a viúva, na sua pobreza, 
ofertou tudo quanto tinha para viver.' 
Palavra da Salvação. 
Esse é um texto muito conhecido e, em geral, mal interpretado. A viúva deu apenas duas moedas e sua oferta foi considerada maior do que a dos ricos que ofertavam muito. Talvez na hora de usar essas moedas, pouca coisa se faria com elas. Mas, diante de Deus, foi uma grande oferta. Por qual razão Jesus a elogia? A nossa tentação é de sempre considerarmos o mais como importante? Por que Jesus considerou o menos? Não é esta a nossa matemática?
Jesus explica por quê:
Todos deram do que sobrava.
Ela de tudo o que tinha para o seu sustento (100%).
Aqui aprendemos três princípios para ofertar:
1)    Amor
- Ninguém a mandou dar tudo. Aliás, por ser viúva, estava dispensada.
- Ela ofertou livremente.
- Era algo espontâneo, honrando a Deus e sua obra.
- Deu por amor a Deus e seu reino.

2) Fé
- Ela deu tudo, não ficou com nada, nem para o seu sustento.
- Jesus não demonstra nenhuma pena dela.
- Ele sabia que a mulher estava acionando um princípio poderoso de Deus para o seu suprimento: a fé.
- Dar quando se tem muito é fácil.
- Dar o que sobra é mais fácil ainda.
- Mas dar quando se tem necessidade exige fé.
- Esse é o princípio de Deus que abre as janelas do céu (Ml 3,10).
- Isso significar confiar em Deus do que nas riquezas.
- É ter fé que deus proverá o meu sustento independente do dinheiro.
3) Sacrifício
- A mulher não estava dando com a intenção de receber mais.
- O que tem passado no seu coração? Com qual intenção fizera aquele gesto?
- Ela estava disposta a passar por privações para que os outros não passassem.
- Esse é o padrão que devemos buscar no Novo Testamento.
Não devemos ofertar a Deus o que não significa nada ou não valha nada para nada. O gesto da viúva pobre nos incomoda e questiona as nossas ofertas.


sábado, 21 de novembro de 2015

VOCÊ ACREDITA EM MILAGRES?


Você acredita em milagres? Esta é uma pergunta simples e direta. Eu pessoalmente creio em milagres, pelo fato de crer no poder de Deus para intervir na vida das pessoas e também mudar o curso da história.
O primeiro grande milagre é o da criação. Em Gn 1,3 esta escrito: “Deus disse: “Faça-se a luz!” E a luz foi feita”. Toda a sequência da história da salvação é o testemunho evidente da manifestação sobrenatural de Deus.
O sinal supremo da manifestação do poder e amor de Deus esta presente na pessoa de Jesus: “de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”(Jo 3,16). Os três anos de seu ministério foram marcados pelos sinais, prodígios e maravilhas: “Pela tarde, apresentaram-lhe muitos possessos de demônios. Com uma palavra expulsou ele os espíritos e curou todos os enfermos.” (Mt 8,16).
Este mesmo poder foi dado aos apóstolos, e como consequência à Igreja: “Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. Recebestes de graça, de graça dai!” (Mt 10,8). O livro de Atos dos Apóstolos é a prova incontestável que os milagres acompanhavam a pregação dos primeiros cristãos: “Realizavam-se entre o povo pelas mãos dos apóstolos muitos milagres e prodígios.”(Atos 5,12).
A história da Igreja até os nossos dias esta marcada pelos milagres anônimos e aqueles que ficaram registrados pelo testemunho dos santos ou grandes santuários.
O cristão não pode perder esta dimensão dos milagres, com o risco de transformar a sua fé em mera filosofia de vida. O cristianismo é muito mais do que um conjunto de palavras sábias de um mestre espiritual. Jesus é o Filho de Deus, que se fez carne e veio habitar entre nós. Ele morreu e ressuscitou. Quem Nele crê tem a experiência de trazê-lo vivo em seu coração.
Uma das consequências de estar com Jesus é apresentada em Jo 14,12: “Aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai.”. O milagre é a confirmação destas palavras. Não é nem mais e nem menos. Se cremos na Palavra de Jesus, recebemos o seu efeito. A fé não é a força do pensamento positivo, mas a certeza de que Deus cumprirá Suas promessas.
Por isso, todos os dias mantenha-se em comunhão com Deus. Isso você fará pela oração, leitura da Palavra, participação nos sacramentos, de modo especial a Eucaristia, a devoção mariana… Nas horas mais difíceis, lembre-se e ore com as promessas de Deus. Tenha no coração a certeza de promessa de Jesus em Mc 16,17: “Estes milagres acompanharão os que crerem…”


REFLEXÃO PARA 34º DOMINGO COMUM - N.S.J.C REI DO UNIVERSO


Reflexão para o 34º Domingo do Tempo Comum – N.S.J.C. Rei do universo

1ª Leitura - Dn 7,13-14
Seu poder é um poder eterno.

13Continuei insistindo na visão noturna,
e eis que, entre as nuvens do céu,
vinha um como filho de homem,
aproximando-se do Ancião de muitos dias,
e foi conduzido à sua presença.
14Foram-lhe dados poder, glória e realeza,
e todos os povos, nações e línguas o serviam:
seu poder é um poder eterno
que não lhe será tirado,
e seu reino, um reino que não se dissolverá.
Palavra do Senhor.

O Livro de Daniel aparece na primeira metade do século II a.C., numa época em que o rei selêucida Antíoco IV Epifanes procurava impor a cultura grega ao Povo de Deus (época de Judas Macabeu e dos seus seguidores). O autor do Livro de Daniel pede aos concidadãos que não se deixem vencer pela perseguição e que se mantenham fiéis aos valores dos seus pais. Neste Livro, o autor garante-lhes que Deus está do lado do seu Povo e que recompensará a sua fidelidade à Lei e aos mandamentos.
A “visão” com o aparecimento de um “filho de homem” “sobre as nuvens do céu” tem uma origem transcendente. Ele vem de Deus e recebe de Deus um reino e um poder que não é limitado pelo tempo. Deus vai intervir no mundo, a fim de eliminar a violência que oprime os homens. A sua intervenção irá pôr fim à perseguição dos justos. Jesus aplicará esta imagem do “filho de homem que vem sobre as nuvens” à sua própria pessoa. Ao ser interrogado pelo sumo-sacerdote Caifás, Jesus assumirá claramente que é “o Messias, o Filho de Deus bendito”, o “Filho do Homem sentado à direita do Poder”, que virá “sobre as nuvens do céu” (Mc 14,61-62). Para os cristãos, Cristo é, esse “filho de homem” anunciado em Dan 7, que irá libertar os santos das garras do poder opressor e instaurar o reino definitivo da felicidade e da paz.
Os reinos construídos pelos homens baseiam-se num poder arrogante, e são geradores de exploração, de miséria, de violência. O “profeta” acredita que o reino do mal não será eterno e que Deus intervém na história para destruir essas forças de morte que impedem os homens de alcançar a liberdade, a paz, a vida plena. Deus não abandona o seu Povo e intervirá para a realização plena do homem.
Jesus é o enviado ao encontro dos homens para lhes propor uma nova ordem, em que os pobres, os débeis, os fracos, os marginalizados não mais serão humilhados e espezinhados. Jesus introduziu a lógica do amor, do serviço e da doação. O reino de Jesus já está presente na vida do mundo, como uma semente a crescer ou como o fermento a levedar a massa. Compete a nós, discípulos de Jesus, fazer com que esse reino seja, cada dia mais, uma realidade bem viva, presente e atuante no mundo.
2ª Leitura - Ap 1,5-8
Fez de nós um reino,
sacerdotes para seu Deus e Pai.
A vós graça e paz
5da parte de Jesus Cristo,
a testemunha fiel,
o primeiro a ressuscitar dentre os mortos,
o soberano dos reis da terra.
A Jesus, que nos ama,
que por seu sangue nos libertou dos nossos pecados
6e que fez de nós um reino,
sacerdotes para seu Deus e Pai,
a ele a glória e o poder, em eternidade. Amém.
7Olhai! Ele vem com as nuvens,
e todos os olhos o verão
- também aqueles que o traspassaram.
Todas as tribos da terra baterão no peito por causa dele.
Sim. Amém!
8'Eu sou o Alfa e o ômega', diz o Senhor Deus,
'aquele que é, que era e que vem,
o Todo-poderoso'.
Palavra do Senhor.

 “Apocalipse” significa “manifestação de algo que está oculto”. É antes de tudo um livro que traz a esperança. João, exilado na ilha de Patmos (uma pequena ilha do Mar Egeu) por causa da sua fé, tem por missão comunicar aos seus irmãos a fé e a esperança. Estamos na fase final do reinado do imperador Domiciano (à volta do ano 95). As comunidades cristãs da Ásia Menor vivem numa grave crise interna, resultante das heresias, da falta de entusiasmo de dar testemunha da própria fé. Há também violenta perseguição que o imperador ordenou contra os cristãos: muitos seguidores de Jesus eram condenados e assassinados. Cheios de medo, abandonavam o Evangelho. É neste contexto de perseguição, medo e martírio que vai ser escrito o Apocalipse. O objetivo do autor é levar os crentes a revitalizarem o seu compromisso com Jesus e a não perderem a esperança. A comunidade é convidada a aceitar Cristo como o centro da história humana.
Evangelho - Jo 18,33b-37
Tu o dizes: eu sou rei.

Naquele tempo:
33bPilatos chamou Jesus e perguntou-lhe:
'Tu és o rei dos judeus?'
34Jesus respondeu:
'Estás dizendo isto por ti mesmo,
ou outros te disseram isto de mim?'
35Pilatos falou: 'Por acaso, sou judeu?
O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim.
Que fizeste?'.
36Jesus respondeu:
'O meu reino não é deste mundo.
Se o meu reino fosse deste mundo,
os meus guardas lutariam
para que eu não fosse entregue aos judeus.
Mas o meu reino não é daqui'.
37Pilatos disse a Jesus:
'Então tu és rei?'
Jesus respondeu:
'Tu o dizes: eu sou rei.
Eu nasci e vim ao mundo para isto:
para dar testemunho da verdade.
Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz'.
Palavra da Salvação

Pilatos, o governador romano da Judeia, é apresentado por Flávio Josefo como um governante duro e violento. O autor do Quarto Evangelho descreve Pilatos como um homem fraco, indeciso e volúvel, uma espécie de marionete habilmente manobrada pelos líderes judaicos. Na época em que o autor do Quarto Evangelho escreve (por volta do ano 100), não era conveniente para os cristãos acusar Roma, afirmando a sua responsabilidade no processo que levou Jesus à morte. Assim, os escritores cristãos da época preferiram amenizar o papel do poder imperial e, por outro lado, fazer recair sobre as autoridades judaicas toda a culpa pela condenação de Jesus.
«Tu és o Rei dos judeus?» revela qual era a acusação apresentada pelas autoridades judaicas contra Jesus: Ele tinha pretensões messiânicas; pretendia restaurar o reino ideal de David e libertar Israel dos opressores. Esta linha de acusação vê em Jesus um agitador político empenhado em mudar o mundo. A resposta de Jesus situa as coisas na perspectiva correta. Ele assume-se como o messias que Israel esperava e confirma, claramente, a sua qualidade de rei; no entanto, descarta qualquer semelhança com esses reis que Pilatos conhece. Os reis apoiam-se na força e impõem o seu domínio e a sua autoridade; a sua realeza baseia-se na prepotência e na ambição e gera opressão, injustiça e sofrimento… Jesus, em contrapartida, é um prisioneiro indefeso; não cultiva os próprios interesses, mas quer amar os homens até ao dom da própria vida… A sua realeza em vez de produzir opressão e morte, produz vida e liberdade. Jesus vai apenas propor aos homens um mundo novo, numa lógica de amor, de doação, de entrega, de serviço. A declaração de Jesus causa estranheza a Pilatos. Ele não consegue entender que um rei renuncie ao poder e à força e fundamente a sua realeza no amor e na doação da própria vida. Na sequência, Jesus confirma a sua realeza e define o sentido e o conteúdo do seu reinado. A realeza de que Jesus Se considera investido por Deus consiste em «dar testemunho da verdade». Para o autor do Quarto Evangelho, a “verdade” é a realidade de Deus. Essa “verdade” manifesta-se nos gestos de Jesus, nas suas palavras, nas suas atitudes e, de forma especial, no seu amor vivido até ao extremo do dom da vida. A “verdade” é o amor incondicional e sem medida que Deus derrama sobre o homem, a fim de o fazer chegar à vida verdadeira e definitiva. Essa “verdade” opõe-se à “mentira”, que é o egoísmo, o pecado, a opressão, a injustiça, tudo aquilo que o impede de alcançar a vida plena. A “realeza” de Jesus alcança-se através do amor, da partilha, do serviço simples e humilde em favor dos irmãos. A proposta de Jesus provoca uma resposta livre do homem. Quem escuta a voz de Jesus adere ao seu projeto e se compromete a segui-lo, renuncia ao egoísmo e ao pecado e faz da sua vida um dom de amor a Deus e aos irmãos. Essa é a comunidade do “Reino de Deus”.



quarta-feira, 18 de novembro de 2015

REVOLUÇÃO DA LIBERDADE


A IGREJA DA MISERICÓRDIA
A revolução da liberdade
O apóstolo Paulo terminava o trecho da carta aos Romanos com estas palavras: já não estamos mais sob a Lei, mas sobre a Graça. E esta é a nossa vida: caminhar sobre a graça porque o Senhor nos amor, nos salvou nos perdoou. O Senhor fez tudo, e essa é a graça, a graça de Deus. Nós estamos no caminho, sob a graça de Deus, que veio entre nós, em Jesus Cristo que nos salvou. Mais isso nos abre para um horizonte grande, e é alegria para nós. “Já não estais sob a lei, mas sob a graça”. Que significa este “viver sob a graça?” procuraremos explicar algo do que significa viver sob a graça. É a nossa alegria, é a nossa liberdade. Nós somos livres. Por que? Porque vivemos sob a graça. Já não somos escravos da Lei: somos livres porque Jesus Cristo nos libertou, nos de a liberdade, aquela liberdade plena dos filhos de Deus, que vivemos sob a graça. Isso é um tesouro. Procurarei explicar um pouco este mistério tão bonito, tão grande: viver sob a graça! [...]
O batismo é o sacramento que nos faz passar de “sob a lei” para “sob a graça”, é uma revolução. São tantos os revolucionários na história, foram tantos. Mas nenhum teve a força dessa revolução que nos trouxe Jesus: uma revolução para transformar a história, uma revolução que muda profundamente o coração do homem. As revoluções da história mudaram os sistemas políticos, econômicos, mas nenhuma delas modificou deveras o coração do homem. A verdadeira revolução, que transforma radicalmente a vida, foi Jesus Cristo que a realizou através da sua ressurreição: a cruz e a ressurreição. E Bento XVI dizia, dessa revolução, que “é a maior mudança da história da humanidade”, é uma verdadeira revolução, porque nós vamos para esse caminho da maior mudança da história da humanidade. Um cristão, se não for revolucionário, neste tempo, não é cristão! Deve ser revolucionário pela graça! Precisamente a graça que o Pai nos dá através de Jesus Cristo crucificado, morto e ressuscitado nos torna revolucionários, porque – e cito de novo Bento XVI – “é a maior mudança na história da humanidade”. Porque muda o coração! O profeta Ezequiel dizia: “Arrancar-vos-ei o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne”. É esta a experiência que o Apóstolo Paulo vive: depois de ter encontrado Jesus no caminho de Damasco, muda radicalmente a sua perspectiva de vida e recebe o batismo. Deus transforma o seu coração! Mas considerai: um perseguidor, um que perseguia a igreja e os cristãos, se torna um santo, um profundo cristão, precisamente um cristão verdadeiro! Antes é um perseguidor violento, agora se torna um apóstolo, uma testemunha corajosa de Jesus Cristo, a ponto de não ter medo de sofrer o martírio. Aquele Saulo que queria matar quem anunciava o evangelho, no final doa sua vida para anunciar o evangelho. Eis a transformação, a maior mudança da qual nos falava o papa Bento XVI. Muda o teu coração de pecados – de pecador: todos somos pecadores – transforma-te em santo. Há algum de nós que não é pecador? Se houver algum, que levante a mão! Todos somos pecadores, todos! Mas a graça de Jesus Cristo nos salva do pecado: nos salva! Todos, se aceitarmos a graça de Jesus Cristo, ele muda o nosso coração e de pecadores nos torna santos. Para nos tornarmos santos não é necessário voltar os olhos para o alto, ou ter cara de santinho! Não, não, isso não é necessário! Uma só coisa é necessária para nos tornarmos santos: aceitar a graça que o Pai nos dá em Jesus Cristo. Eis, essa graça muda o nosso coração. Nós continuamos a ser pecadores, porque todos somos frágeis, mas também com essa graça que nos faz sentir que o Senhor é bom, que o Senhor é misericordioso, que o Senhor nos espera, que o Senhor nos perdoa, essa graça grande, que muda o nosso coração.
[Papa Francisco. A Igreja da misericórdia].