sábado, 21 de novembro de 2015

REFLEXÃO PARA 34º DOMINGO COMUM - N.S.J.C REI DO UNIVERSO


Reflexão para o 34º Domingo do Tempo Comum – N.S.J.C. Rei do universo

1ª Leitura - Dn 7,13-14
Seu poder é um poder eterno.

13Continuei insistindo na visão noturna,
e eis que, entre as nuvens do céu,
vinha um como filho de homem,
aproximando-se do Ancião de muitos dias,
e foi conduzido à sua presença.
14Foram-lhe dados poder, glória e realeza,
e todos os povos, nações e línguas o serviam:
seu poder é um poder eterno
que não lhe será tirado,
e seu reino, um reino que não se dissolverá.
Palavra do Senhor.

O Livro de Daniel aparece na primeira metade do século II a.C., numa época em que o rei selêucida Antíoco IV Epifanes procurava impor a cultura grega ao Povo de Deus (época de Judas Macabeu e dos seus seguidores). O autor do Livro de Daniel pede aos concidadãos que não se deixem vencer pela perseguição e que se mantenham fiéis aos valores dos seus pais. Neste Livro, o autor garante-lhes que Deus está do lado do seu Povo e que recompensará a sua fidelidade à Lei e aos mandamentos.
A “visão” com o aparecimento de um “filho de homem” “sobre as nuvens do céu” tem uma origem transcendente. Ele vem de Deus e recebe de Deus um reino e um poder que não é limitado pelo tempo. Deus vai intervir no mundo, a fim de eliminar a violência que oprime os homens. A sua intervenção irá pôr fim à perseguição dos justos. Jesus aplicará esta imagem do “filho de homem que vem sobre as nuvens” à sua própria pessoa. Ao ser interrogado pelo sumo-sacerdote Caifás, Jesus assumirá claramente que é “o Messias, o Filho de Deus bendito”, o “Filho do Homem sentado à direita do Poder”, que virá “sobre as nuvens do céu” (Mc 14,61-62). Para os cristãos, Cristo é, esse “filho de homem” anunciado em Dan 7, que irá libertar os santos das garras do poder opressor e instaurar o reino definitivo da felicidade e da paz.
Os reinos construídos pelos homens baseiam-se num poder arrogante, e são geradores de exploração, de miséria, de violência. O “profeta” acredita que o reino do mal não será eterno e que Deus intervém na história para destruir essas forças de morte que impedem os homens de alcançar a liberdade, a paz, a vida plena. Deus não abandona o seu Povo e intervirá para a realização plena do homem.
Jesus é o enviado ao encontro dos homens para lhes propor uma nova ordem, em que os pobres, os débeis, os fracos, os marginalizados não mais serão humilhados e espezinhados. Jesus introduziu a lógica do amor, do serviço e da doação. O reino de Jesus já está presente na vida do mundo, como uma semente a crescer ou como o fermento a levedar a massa. Compete a nós, discípulos de Jesus, fazer com que esse reino seja, cada dia mais, uma realidade bem viva, presente e atuante no mundo.
2ª Leitura - Ap 1,5-8
Fez de nós um reino,
sacerdotes para seu Deus e Pai.
A vós graça e paz
5da parte de Jesus Cristo,
a testemunha fiel,
o primeiro a ressuscitar dentre os mortos,
o soberano dos reis da terra.
A Jesus, que nos ama,
que por seu sangue nos libertou dos nossos pecados
6e que fez de nós um reino,
sacerdotes para seu Deus e Pai,
a ele a glória e o poder, em eternidade. Amém.
7Olhai! Ele vem com as nuvens,
e todos os olhos o verão
- também aqueles que o traspassaram.
Todas as tribos da terra baterão no peito por causa dele.
Sim. Amém!
8'Eu sou o Alfa e o ômega', diz o Senhor Deus,
'aquele que é, que era e que vem,
o Todo-poderoso'.
Palavra do Senhor.

 “Apocalipse” significa “manifestação de algo que está oculto”. É antes de tudo um livro que traz a esperança. João, exilado na ilha de Patmos (uma pequena ilha do Mar Egeu) por causa da sua fé, tem por missão comunicar aos seus irmãos a fé e a esperança. Estamos na fase final do reinado do imperador Domiciano (à volta do ano 95). As comunidades cristãs da Ásia Menor vivem numa grave crise interna, resultante das heresias, da falta de entusiasmo de dar testemunha da própria fé. Há também violenta perseguição que o imperador ordenou contra os cristãos: muitos seguidores de Jesus eram condenados e assassinados. Cheios de medo, abandonavam o Evangelho. É neste contexto de perseguição, medo e martírio que vai ser escrito o Apocalipse. O objetivo do autor é levar os crentes a revitalizarem o seu compromisso com Jesus e a não perderem a esperança. A comunidade é convidada a aceitar Cristo como o centro da história humana.
Evangelho - Jo 18,33b-37
Tu o dizes: eu sou rei.

Naquele tempo:
33bPilatos chamou Jesus e perguntou-lhe:
'Tu és o rei dos judeus?'
34Jesus respondeu:
'Estás dizendo isto por ti mesmo,
ou outros te disseram isto de mim?'
35Pilatos falou: 'Por acaso, sou judeu?
O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim.
Que fizeste?'.
36Jesus respondeu:
'O meu reino não é deste mundo.
Se o meu reino fosse deste mundo,
os meus guardas lutariam
para que eu não fosse entregue aos judeus.
Mas o meu reino não é daqui'.
37Pilatos disse a Jesus:
'Então tu és rei?'
Jesus respondeu:
'Tu o dizes: eu sou rei.
Eu nasci e vim ao mundo para isto:
para dar testemunho da verdade.
Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz'.
Palavra da Salvação

Pilatos, o governador romano da Judeia, é apresentado por Flávio Josefo como um governante duro e violento. O autor do Quarto Evangelho descreve Pilatos como um homem fraco, indeciso e volúvel, uma espécie de marionete habilmente manobrada pelos líderes judaicos. Na época em que o autor do Quarto Evangelho escreve (por volta do ano 100), não era conveniente para os cristãos acusar Roma, afirmando a sua responsabilidade no processo que levou Jesus à morte. Assim, os escritores cristãos da época preferiram amenizar o papel do poder imperial e, por outro lado, fazer recair sobre as autoridades judaicas toda a culpa pela condenação de Jesus.
«Tu és o Rei dos judeus?» revela qual era a acusação apresentada pelas autoridades judaicas contra Jesus: Ele tinha pretensões messiânicas; pretendia restaurar o reino ideal de David e libertar Israel dos opressores. Esta linha de acusação vê em Jesus um agitador político empenhado em mudar o mundo. A resposta de Jesus situa as coisas na perspectiva correta. Ele assume-se como o messias que Israel esperava e confirma, claramente, a sua qualidade de rei; no entanto, descarta qualquer semelhança com esses reis que Pilatos conhece. Os reis apoiam-se na força e impõem o seu domínio e a sua autoridade; a sua realeza baseia-se na prepotência e na ambição e gera opressão, injustiça e sofrimento… Jesus, em contrapartida, é um prisioneiro indefeso; não cultiva os próprios interesses, mas quer amar os homens até ao dom da própria vida… A sua realeza em vez de produzir opressão e morte, produz vida e liberdade. Jesus vai apenas propor aos homens um mundo novo, numa lógica de amor, de doação, de entrega, de serviço. A declaração de Jesus causa estranheza a Pilatos. Ele não consegue entender que um rei renuncie ao poder e à força e fundamente a sua realeza no amor e na doação da própria vida. Na sequência, Jesus confirma a sua realeza e define o sentido e o conteúdo do seu reinado. A realeza de que Jesus Se considera investido por Deus consiste em «dar testemunho da verdade». Para o autor do Quarto Evangelho, a “verdade” é a realidade de Deus. Essa “verdade” manifesta-se nos gestos de Jesus, nas suas palavras, nas suas atitudes e, de forma especial, no seu amor vivido até ao extremo do dom da vida. A “verdade” é o amor incondicional e sem medida que Deus derrama sobre o homem, a fim de o fazer chegar à vida verdadeira e definitiva. Essa “verdade” opõe-se à “mentira”, que é o egoísmo, o pecado, a opressão, a injustiça, tudo aquilo que o impede de alcançar a vida plena. A “realeza” de Jesus alcança-se através do amor, da partilha, do serviço simples e humilde em favor dos irmãos. A proposta de Jesus provoca uma resposta livre do homem. Quem escuta a voz de Jesus adere ao seu projeto e se compromete a segui-lo, renuncia ao egoísmo e ao pecado e faz da sua vida um dom de amor a Deus e aos irmãos. Essa é a comunidade do “Reino de Deus”.



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