quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A MENSAGEM CRISTÃ


No evangelho da vigília pascal, encontramos em primeiro lugar as mulheres que vão ao sepulcro de Jesus levando perfumes para ungir o corpo Dele. Elas vão cumprir um gesto de piedade, de afeto, de amor, um gesto tradicionalmente feito a um ente querido falecido, como nós também fazemos. Elas tinham seguido Jesus, ouviram-no, sentiram-se compreendidas na sua dignidade e acompanharam-no até o fim no Calvário e no momento em que desceram o seu corpo da cruz.  Podemos imaginar os sentimentos delas enquanto caminham para o túmulo: tanta tristeza, tanta pena porque Jesus as deixara, morrera, sua história terminara. Agora voltavam à vida que tinham antes. Contudo, nas mulheres, continuava o amor, e foi o amor por Jesus que as impelira a ir ao sepulcro. Mas, chegadas lá, verificam algo totalmente inesperado, algo de novo que lhes transforma o coração e seus planos e subverterá a sua vida: veem a pedra removida do sepulcro, aproximam-se e não encontram o corpo do Senhor: O caso deixa-as perplexas, hesitantes, cheias de interrogações: “Que aconteceu?” “Que sentido tem tudo isso?” Porventura não se dá o mesmo também conosco, quando acontece qualquer coisa de verdadeiramente novo na cadência diárias das coisas? Paramos, não entendemos, não sabemos como enfrentá-la. Frequentemente temos medo da novidade, incluindo a novidade que Deus nos traz, a novidade que Deus nos pede. Fazemos como os apóstolos, no evangelho: muitas vezes preferimos manter as nossas seguranças, parar junto de um túmulo, com o pensamento num defunto que, no fim das contas, vive só na memória da história, como as grandes figuras do passado. Tememos as surpresas de Deus. Queridos irmãos e irmãs, na nossa vida, temos medo das surpresas de Deus! Ele não cessa de nos surpreender! O Senhor é assim.
Irmãos e irmãs, não nos fechemos à novidade que Deus quer trazer à nossa vida! Muitas vezes sucede que nos sentimos cansados, desiludidos, tristes, sentimos o peso dos nossos pecados, pensamos que não conseguiremos. Não nos fechemos em nós mesmos, não percamos a confiança, não nos demos jamais por vencidos: não há situação que Deus não possa mudar; não há pecado que não possa perdoar, se nos abrirmos a Ele.
Mas voltemos ao evangelho, às mulheres, para vivermos mais um ponto. Elas encontram o túmulo vazio, o corpo de Jesus não estava lá. Algo de novo acontecera, mas ainda nada de claro resulta de tudo aquilo: ele levanta questões, as deixa perplexas, sem oferecer uma resposta. E eis que aparecem dois homens em trajes resplandecentes, dizendo: “Por que buscais o Vivente entre os mortos? Não está aqui; ressuscitou!” e aquilo que começara com um simples gesto, certamente cumprido por amor – ir ao sepulcro – transforma-se em acontecimento, e num acontecimento tal que muda verdadeiramente a vida. Nada mais permanece como antes, e não só a vida daquelas mulheres, mas também na nossa vida e na nossa história da humanidade. Jesus não é um morto, ressuscitou, é o vivente! Não regressou simplesmente à vida, mas é a própria vida, porque é o Filho de Deus, que é o vivente. Jesus já não está no passado, mas vive no presente e lança-se para o futuro; Jesus é o hoje eterno de Deus. Assim se apresenta a novidade de Deus diante dos olhos das mulheres, dos discípulos, de todos nós: a vitória sobre o pecado, sobre o mal, sobre a morte, sobre tudo que oprime a vida e lhe dá um rosto menos humano. E isso é uma mensagem dirigida a mim, a ti, amada irmã, a ti, amado irmão. Quantas vezes precisamos que o amor nos diga: por que buscais o Vivente entre os mortos? Os problemas, as preocupações de todos os dias tendem a nos fechar em nós mesmos, na tristeza, na amargura... e ai está a morte. Não procuremos ai o Vivente!
Aceita então que Jesus ressuscitado entre na tua vida, acolhe-O como amigo, com confiança: Ele é vida! Se até agora estivesse longe Dele, basta que tomes um pequeno passo e Ele te acolherá de braços abertos. Se fores indiferente, aceita arriscar: não ficarás desiludido. Se te parece difícil segui-Lo, não tenhas medo, te entrega a Ele, podes estar seguro de que Ele está perto de ti, está contigo e te dará a paz que procuras e a força para vier como Ele quer.

[Papa Francisco. A Igreja da misericórdia].   



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