Papa: depor instrumentos de morte, armar-se
de amor e misericórdia
Na tarde
deste I domingo do Advento (29/11), na Catedral de Bangui, o Papa Francisco
procedeu à abertura da Porta Santa, dando assim início ao Jubileu
Extraordinário do Ano da Misericórdia na República Centro-Africana, Jubileu
proclamado pelo Papa a 11 de abril deste ano. Na homilia da Missa, participada
por sacerdotes, religiosos, seminaristas e milhares de fiéis da RCA, o Papa
disse ante de tudo que Deus guiou os seus passos até esta terra, precisamente
quando a Igreja universal se prepara para inaugurar o Ano Jubilar da Misericórdia.
E na pessoa dos presentes Francisco saudou o povo da RCA:
“Através
de vós, quero saudar todos os centro-africanos, os doentes, as pessoas idosas,
os feridos pela vida. Talvez alguns deles estejam desesperados e já não tenham
força sequer para reagir, esperando apenas uma esmola, a esmola do pão, a
esmola da justiça, a esmola dum gesto de atenção e bondade».
Em
seguida o Papa convidou a todos a confiar na força e no poder de Deus que curam
o homem, convidando-os a «passar à outra margem», como diz o moto da visita do
Papa à RCA, uma travessia, reiterou o Papa, que não faremos sozinhos mas
juntamente com Jesus. E Francisco sublinhou:
« Devemos
estar cientes de que esta passagem para a outra margem só se pode fazer com
Ele, libertando-nos das concepções de família e de sangue que dividem, para
construir uma Igreja-Família de Deus, aberta a todos, que cuida dos mais
necessitados. Isto pressupõe a proximidade aos nossos irmãos e irmãs, isto
implica um espírito de comunhão. Não se trata primariamente duma questão de
recursos financeiros; realmente basta compartilhar a vida do Povo de Deus,
dando a razão da esperança que está em nós e sendo testemunhas da misericórdia
infinita de Deus”.
Na
verdade, depois de nós mesmos termos feito a experiência do perdão, devemos
perdoar, pois uma das exigências essenciais da vocação à perfeição é o amor aos
inimigos, um amor que nos protege contra a tentação da vingança e contra a
espiral das retaliações sem fim, disse Francisco que também acrescentou:
“Consequentemente
os agentes de evangelização devem ser, antes de mais nada, artesãos do perdão,
especialistas da reconciliação, peritos da misericórdia. É assim que podemos
ajudar os nossos irmãos e irmãs a «passar à outra margem», revelando-lhes o
segredo da nossa força, da nossa esperança, e da nossa alegria que têm a sua
fonte em Deus, porque estão fundadas na certeza de que Ele está conosco no
barco”.
Comentando
os textos litúrgicos do domingo, o Papa falou de algumas características da
salvação anunciada por Deus. Antes de tudo a felicidade de Deus é justiça.
Aqui, como noutros lugares, muitos homens e mulheres têm sede de respeito,
justiça, equidade, sem avistar no horizonte qualquer sinal positivo para eles,
o Salvador vem trazer o dom da sua justiça, vem tornar fecundas as nossas
histórias pessoais e coletivas, as nossas esperanças frustradas e os nossos
votos estéreis, reiterou Francisco.
A
salvação de Deus tem igualmente o sabor do amor, continuou o Papa, e o Filho
nos veio revelar um Deus que não é só Justiça mas também e antes de tudo Amor.
Em todos os lugares, mas sobretudo onde reinam a violência, o ódio, a injustiça
e a perseguição, os cristãos são chamados a dar testemunho deste Deus que é
Amor.
E por
último, a salvação de Deus é força invencível que triunfará sobre tudo. Deus é
mais forte que tudo, e esta convicção dá ao crente serenidade, coragem e força
de perseverar no bem frente às piores adversidades. E Papa Francisco concluiu
com um importante apelo:
“A todos
aqueles que usam injustamente as armas deste mundo, lanço um apelo: deponde
esses instrumentos de morte; armai-vos, antes, com a justiça, o amor e a
misericórdia, autênticas garantias de paz».
E aos
discípulos de Cristo, sacerdotes, religiosos, religiosas ou leigos
comprometidos na RCA, este desafio e missão: «a vossa vocação é encarnar o
coração de Deus no meio dos vossos concidadãos».
Necessidade urgente:
ResponderExcluir- Armai-vos, antes, com a justiça, o amor e a misericórdia, autênticas garantias de paz!