terça-feira, 10 de novembro de 2015

LEITURA ORANTE 10.11.15

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 17,7-10
Naquele tempo, disse Jesus: 
7Se algum de vós tem um empregado 
que trabalha a terra ou cuida dos animais, 
por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: 
'Vem depressa para a mesa?' 
8Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: 
'Prepara-me o jantar, cinge-te e serve-me, 
enquanto eu como e bebo; 
depois disso tu poderás comer e beber?' 
9Será que vai agradecer ao empregado, 
porque fez o que lhe havia mandado? 
10Assim também vós: 
quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, 
dizei: 'Somos servos inúteis; 
fizemos o que devíamos fazer'.' 

Palavra da Salvação. 
Um dos evangelhos mais significativos e realistas que nos traz o evangelista São Lucas. “Somos servos inúteis, fizemos o que devíamos fazer”. Para todos aqueles que se sentem os mais importantes na obra do Reino de Deus, para aqueles que acham que sem sua presença a obra não caminha, Deus nos mostra o contrário. O mais fundamental dessa dinâmica do Reino é perceber que a obra é de Deus, que somos apenas colaboradores da obra de Deus. Se não aceitarmos mais, se não quisermos mais, Deus coloca outro em nosso lugar.  
Para a reflexão de hoje quero trazer presente o belíssimo texto de Santo Irineu, bispo do Século II, sobre a relação com o Senhor, especialmente no nosso serviço.
A Amizade em Deus
Nosso Senhor, o Verbo de Deus, que primeiro atraiu os homens para serem servos de Deus, libertou em seguida os que lhe estavam submissos, como ele próprio disse aos seus discípulos: Já não nos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai (Jo 15,15). A amizade de Deus concede a imortalidade aos que a obtêm.
            No princípio, Deus formou Adão, não porque tivesse necessidade do homem, mas para ter alguém que pudesse receber os seus benefícios. De fato, não só antes de Adão, mas antes da criação, o Verbo glorificava seu Pai, permanecendo nele, e era também glorificado pelo Pai, como ele mesmo declara: Pai, glorifica-me com a glória que eu tinha junto de ti antes que o mundo existisse (Jo 17,5).
Não foi também por necessitar de nosso serviço que Deus nos mandou segui-lo, mas para dar-nos a salvação. Pois seguir o salvador é participar da salvação, e seguir a luz é receber a luz.
Quando os homens estão na luz, não são eles que a iluminam, mas são iluminados e tornam-se resplandecentes por ela. Nada lhe proporcionam, mas dela recebem o beneficio e a iluminação.
Do mesmo modo, o serviço que prestam a Deus nada acrescenta a Deus, porque ele não precisa do serviço dos homens. Mas aos que o seguem e servem, Deus concede a vida, a incorruptibilidade e a glória eterna. Ele dá seus benefícios aos que o servem precisamente porque o servem e aos que o seguem precisamente porque o seguem; mas não recebe deles nenhum beneficio, porque é rico, perfeito e de nada precisa.
Se Deus requer o serviço dos homens é porque, sendo bom e misericordioso, deseja conceder os seus dons aos que perseveram no seu serviço. Com efeito, Deus de nada precisa, mas o homem é que precisa da comunhão com Deus.
É esta, pois, a glória do homem: perseverar e permanecer no serviço de Deus. Por este motivo dizia o Senhor aos seus discípulos: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi (Jo 15,16), dando assim a entender que não eram eles que o glorificavam seguindo-o, mas, por terem seguido o Filho de Deus, eram por ele glorificados. E disse ainda: Quero que estejam comigo onde eu estiver, para que eles contemplem a minha glória (Jo 17,24).
[Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo Séc. II]


Um comentário:

  1. Boa reflexão! ...Servo útil ou servo inútil? Jesus confronta a dedicação de seus discípulos. Não é uma palavra para multidões, é uma palavra direcionada aos seus escolhidos...

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